"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

1990 - 2016 - 26 ANOS DE RETROCESSO NA TERRA DE SANTA CRUZ



Em maio de 1987, na minha condição de representante da Marinha perante a Assembleia Nacional Constituinte, compareci à Subcomissão de Defesa do Estado e da Sua Segurança, por ordem do Ministro da Marinha, Almirante Henrique Saboia, e em representação dos Três Ministros Militares e do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, para combater a ideia de criação do Ministério da Defesa, em franco desenvolvimento entre os constituintes.

Utilizando argumentos doutrinários da Marinha e outros, de natureza política, de minha própria inspiração, entre os quais aquele que apontava que o grande propósito em mira era o de afastar os Comandantes Militares do primeiro plano da administração federal e da discussão dos grandes problemas nacionais, e de enfraquecer a importância do estamento militar na vida brasileira, como guardião da ética, da moral, da fidelidade às causas mais nobres e aos objetivos nacionais no ambiente político e social, no seu histórico papel de Poder Moderador da República, logrei ser convincente, e o Ministério da Defesa não fez parte da Constituição de 1988.

A Carta Magna, porém, logo apelidada de “Constituição Cidadã”, trazia em seu bojo uma constelação de direitos bem maior do que de deveres, e sementes de cizânia e de divisão de classes e de categorias em acordo com a inclinação ideológica da maior parte dos seus mentores, que, desde que promulgada e até hoje, têm criado dificuldades para a edificação do sonho nacional permanente de paz, justiça, fraternidade, abundância e felicidade.

Três consequências importantes, pelo menos, daí têm decorrido: o apequenamento programado e contínuo da Expressão Militar do Poder Nacional, o crescimento permanente da ameaça de substituição da ordem democrática vigente pelo predomínio da de esquerda radical, o crescimento exponencial da corrupção envolvendo agentes e figuras notórias do aparato estatal, que rouba recursos gigantescos, tão necessários ao desenvolvimento do País e ao adequado aparelhamento das Forças Armadas, essencial para defender nosso portentoso patrimônio nacional contra apetites vorazes de todas as origens espúrias.

No governo Collor, iniciado no princípio de 1990, cujo lema era “inserir o Brasil no Primeiro Mundo”, por pressão externa foi demarcada a extensa “reserva Ianomâmi” na Amazônia, desconsiderando a exigência pétrea de defesa propiciada pela faixa de fronteira de 150 km de largura e comunicando-se livremente com o “território ianomâmi” do lado venezuelano.

Foi posto fim às pesquisas para habilitar o Brasil a construir armas nucleares, com o fechamento da área de testes de Cachimbo, assim como foram aceitas as limitações ao projeto da Missão Espacial Completa Brasileira, pela restrição ao alcance dos mísseis preconizado pelo Missile Technology Control Regime. Vieram a acentuar-se as restrições orçamentárias para o reaparelhamento das Forças Armadas, passando os seus integrantes também, juntamente com os servidores civis do Plano de Classificação de Cargos, a terem suas remunerações crescentemente aviltadas, em termos absolutos e em relação a outros segmentos de servidores do Estado.

Como Diretor do Pessoal Civil da Marinha, primeiro, e depois como Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, empenhei-me tenazmente para que a real Isonomia de Remuneração fosse implantada nos Três Poderes, sem sucesso, no entanto, sendo finalmente afastado do Serviço Ativo, em abril de 1993, já no governo Itamar Franco.

Em 1990, pois, iniciou-se o revanchismo contra as Forças Armadas, que só se fez acentuar desde então. A perseguição aos militares comprometidos com os ideais da Contra-Revolução Democrática de 31 de março de 1964 teve início, para experimentar um crescendo a partir dali. Por causa disso, muitos bons e dedicados Oficiais, de virtudes apreciadas e reconhecidas, acabaram por não ter acesso aos últimos postos da carreira, bem como muitos outros, dotados de personalidades mais fortes e combativas, capazes de transformarem-se em lideranças eficazes contra os projetos de governos cada vez mais afastados dos Objetivos Nacionais Permanentes.

O governo FHC deu fim aos projetos de construção de submarinos, convencional, S-NAC 1, e nuclear, S-NAC 2, em andamento pela Marinha, dispersando-se o núcleo portentoso de engenheiros, técnicos e operários especializados então formado, bem como o notável repositório de conhecimento acumulado, que nos ia encaminhando, no devido tempo, para a total autonomia, sem subordinação a fontes externas sempre restritivas, em tão notável campo de desenvolvimento industrial e técnico, fundamental para a independência e a soberania do Brasil.

Iniciou o pagamento “indenizatório”, até hoje em curso, com valores extremamente elevados, a antigos guerrilheiros e terroristas. No processo de “privatização”, vendeu por preços baixos, a compradores nacionais e estrangeiros, entre estes inclusive companhias estatais, ativos que integravam o patrimônio nacional e construídos com o trabalho, o esforço diuturno e os recursos do povo.

Criou o Ministério da Defesa, com todas as consequências negativas previstas no que tange à eficácia das Forças Armadas, cumprindo o preconizado pelos centros mundiais de poder, que as desejavam ver limitadas nas ações de defesa e de projeção de poder e restritas (‘’gendarmerização’’) às atividades de segurança pública (polícia) e de combate ao contrabando e ao tráfico de drogas, guarda costeira e das fronteiras, e às tarefas subsidiárias e complementares, como atualmente no combate às epidemias de dengue, zika, etc, na construção de estradas e outras obras civis, na assistência médica nos pontos remotos do território, no transporte aéreo, etc.

Demonstrou tolerância com as ações deletérias, ilegais e destrutivas do MST, que chegou a invadir e depredar imóvel rural do então Presidente. Exerceu forte pressão contra a Escola Superior de Guerra, formadora de militares e civis em níveis capazes de bem diagnosticar os problemas nacionais e de gerir adequadamente o Brasil, dentro de princípios autenticamente nacionais , éticos e moral e espiritualmente muito elevados, para transformá-la em mera Escola de Defesa, de limitada visão em face da sua destinação tradicional, fundada na Doutrina original e exclusiva por ela adotada e copiada por tantos Centros de Altos Estudos Estratégicos do continente americano, e no ideal dos patriotas que a conceberam. Finalmente, propiciou as condições para o acesso do PT e de Lulla, aos quais FHC fora sempre ideologicamente ligado, ao poder.

O extenso período lulopetista agravou radicalmente todas as mazelas nacionais, criando o pesadelo que agora estamos tragicamente vivendo. O aparelhamento total do Estado por dezenas de milhares de correligionários e associados, seguindo apenas critérios político-ideológicos de compadrio, sem qualquer veiculação com o mérito e a competência; o controle progressivo e crescente dos Três Poderes da República; o emprego maciço da mentira como arma política, da propaganda baseada em dados falseados, da demagogia e do populismo, do cinismo do “nada sabia’’ para tentar driblar a evidência de situações comprovadas e embaraçosas; a compra dos meios de comunicação social e o aliciamento de grandes empresários, “intelectuais”, artistas, esportistas, atletas e outras figuras populares, filiados à causa da dominação vermelha e/ou interessados no assalto aos recursos públicos ensejou a criação de um aparato de poder totalizante, de imensa capacidade de predomínio e de difícil e custosa, porém necessária erradicação, para permitir a redenção do Brasil.

Os comunistas acreditam que, para implantar seu regime, o país-alvo precisa apresentar as condições ”objetivas” necessárias. Entre estas, a miséria; a educação, a saúde e a segurança pública desmanteladas; a baixa estima e a desesperança do povo; a descrença em futuro melhor; a destruição moral e ética da sociedade. Nesse ambiente de desânimo e destrutivo, bastaria aparecer um fator “subjetivo”, isto é, o partido comunista atuante e uma liderança carismática dele surgida, para deflagrar a revolução.

Ora, no Brasil, as condições “objetivas” foram criadas pela incompetência notória dos governos petistas, que tanto agravaram as condições negativas no Brasil, inclusive com o patrocínio do e a participação comprovada no maior esquema de corrupção da nossa História e, quiçá, do mundo, “nunca antes visto ou experimentado”. APENAS LEVANTO A HIPÓTESE DE QUE TUDO TENHA SIDO DE PROPÓSITO, ISTO É, O PT TEM SIDO, AO MESMO TEMPO E DELIBERADAMENTE, GERADOR DO FATOR OBJETIVO E O FATOR SUBJETIVO DA REVOLUÇÃO MARXISTA ENTRE NÓS.

A perseguição e o revanchismo contra os militares continuou a pleno vapor. Foi criada a “comissão da verdade”, que tentou denegrir e criminalizar todos aqueles que lutaram, com sucesso, contra a comunização do Brasil no passado, transformando propagandisticamente vilões em heróis e heróis em vilões; a História do Brasil foi reescrita e as datas de 27 de novembro de 1935 e de 31 de março de 1964 foram apagadas do calendário cívico-militar, como eliminados foram a comemoração e os feitos dos heróis da Democracia e vultos, fatos e datas importantes de nossa História; foi dada continuidade à prática da remuneração das Forças Armadas em patamares muito aquém do concedido a categorias de níveis funcionais e responsabilidades semelhantes, e insuficientes para a manutenção das famílias e da dignidade funcional e profissional.

Por outro lado, tiveram prosseguimento os contínuos incentivos do governo, e dos seus aliados, às lutas de classes em todas as manifestações, raciais, sexuais, econômicas, sociais, regionais, e ao abastardamento dos critérios morais a presidir a vida social... E à exacerbação das disputas por terras, envolvendo MST e quejandos, indígenas, quilombolas, etc. E ganhou força a continuidade da sujeição à pressão internacional hegemônica sobre a Amazônia, como visto na questão da delimitação das reservas indígenas na área de Cabeça do Cachorro- Raposa do Sol, Estado de Roraima, e consequente expulsão dos arrozeiros produtivos e há muito tempo instalados na região, na qual haviam gerado empregos, inclusive para os indígenas, e progresso, como testemunhei em visita à então existente e próspera cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

Onde sempre houve paz, o PT esmerou-se em criar conflagrações, em apoio aos seus propósitos revolucionários! Acrescentem-se a criminosa doação, pela suspeita fundada de generalizada e ampla corrupção, a pouco e pouco sendo comprovada pelas investigações do “LAVA-JATO”, de recursos nossos, via BNDES, que tanta falta fazem internamente, para financiar obras de governos ideologicamente ‘‘hermanos’’ em Cuba, Venezuela, Argentina, Uruguai, etc, o “perdão” das dívidas milionárias de tiranetes africanos e a entrega, de mão beijada, da refinaria construída pela Petrobrás na Bolívia, ao “companheiro” bolivariano Evo Morales, que a invadiu militarmente com tropa armada!

Além disso, paira sobre a Nação a ameaça tantas vezes repetida, pelo próprio Lulla e sequazes, do emprego do MST e que tais, como tropa de choque para desatar a violência armada revolucionária no nosso solo abençoado, rumo, talvez, à guerra civil sonhada pelos insensatos, com o apoio das armas dos vizinhos bolivarianos! Mais ainda, assistimos constrangidos, angustiados e impotentes à desorientação completa e total do atual governo, incapaz e sem base moral para retirar o País do atoleiro em que o submergiu!

Diante desse quadro dantesco de destruição da nacionalidade, encontro ânimo redobrado para, candentemente e com toda a confiança, elevar minhas orações a Deus, para que as Duas Instituições que inspiram minhas convicções mais profundas, de cristão e de militar, assumam a vanguarda da defesa ostensiva do Brasil, as Forças Armadas e a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, hierarquia e fiéis.

Rezo para que as primeiras exerçam na plenitude sua destinação histórica de bravas, firmes, enérgicas e atuantes garantidoras da Pátria livre, soberana, democrática e senhora dos seus destinos, em ambiente de paz e de harmonia e sob o império da justiça. E para que a última reforce sua vocação profética, de denunciar e chamar às falas os maus governantes, que escravizam, traem e exploram seu povo, descumprindo os Mandamentos da Lei de Deus e usando o poder de que dispõem para semear o mal e a iniquidade!


QUE DEUS NOS ABENÇOE E OS HERÓIS DA PÁTRIA NOS INSPIREM AO BOM COMBATE!




24 de fevereiro de 2016
Sérgio Tasso Vásquez Aquino é Vice Almirante, reformado.

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