O Palácio do Planalto e o PT lavaram as mãos após a prisão do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu para tentar evitar a contaminação das próprias vestes. Nem o partido nem o governo defenderão o ex-homem forte petista, preso na 17ª Fase da Operação Lava-Jato. “Não podemos ficar choramingando pelos cantos, precisamos governar”, disse uma fonte graduada palaciana. Já a Executiva do PT reuniu-se por seis horas em Brasília para divulgar uma nota na qual sequer cita o ex-ministro, que foi transferido ontem para Curitiba, onde estão os demais presos da Lava-Jato.
“O PT é um partido diverso, com várias lideranças. Quando fomos procurados no momento da prisão dele, fizemos uma nota para nos defender e deixar claro que não recebemos nenhum tipo de verba ilegal. O Dirceu precisa se defender das acusações que estão sendo feitas contra ele. O ônus da prova é de quem acusa”, esquivou-se o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
Lavar as mãos não significa que a prisão de Dirceu não tenha abalado governistas e petistas. Pior. Foi uma bomba que explodiu no momento em que ambos ensaiavam uma reação. Dirceu preso pela segunda vez em menos de dois anos é algo por demais simbólico. E uma nova ameaça está no ar: o início das delações premiadas do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
AFUNDANDO O PT
Segundo apurou o Correio, as duas ações, somadas, afundam de vez o PT na crise do petrolão. Não que o partido já não estivesse enlameado o suficiente. Mas, até o momento, as delações e informações contra a legenda partiram dos empresários e lobistas que pagaram as propinas em troca dos contratos com a estatal.
Duque será o primeiro homem organicamente ligado ao PT a fechar uma delação premiada. E, mesmo com o ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto preso, Dirceu tem uma dimensão de troféu político muito maior. Tanto que chamou a atenção entre os petistas a mudança no patamar das entrevistas dos procuradores de Curitiba. “Dirceu deixou de ser alguém que teria recebido propina para o ‘idealizador’ do esquema”, apontou um integrante da executiva petista.
Antes de o PT decidir se calar, o líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC), esbravejou, na segunda-feira, contra a prisão de Dirceu e a atuação do juiz Sérgio Moro. “É uma perseguição declarada ao PT. O juiz Sérgio Moro trabalha com suposições, vai à imprensa, faz show. E a Polícia Federal acompanhando esse show. Isso está virando uma aberração ao Estado de direito. Está caminhando para um golpe político da caneta. Moro trabalha para institucionalizar um golpe e para prejudicar o PT”, reclamou ele.
05 de agosto de 2015
Paulo de Tarso Lyra e Jorge Macedo
Correio Braziliense
Correio Braziliense
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