"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

UNUSQUISQUE ( OU CADA UM DEVE LEVAR SEU PRÓPRIO FARDO)




No primeiro semestre deste ano perderam-se 350 mil empregos, e muitos outros estão assustadoramente dependurados por um fio. Pagamos pecados, mas, além de os pagarmos, nota-se pouca competência para minorar os efeitos dolorosos. Parece que no país se instalou uma renúncia à inteligência,
uma espécie de fatalismo que engessa a capacidade de reação.
É preciso recorrer à psicologia para entender o estado surrealista que se instalou. Para George Groddeck, os sinais exteriores denotam a essência que predomina no interior do ser humano. Joaquim Levy não enxerga bem de longe, faltam-lhe muitos graus, e usa lentes espessas. Os traços exteriores, segundo Groddeck, refletem e explicam o que há no interior. Quem deixa crescer a barba tem no íntimo o desejo de se esconder atrás dela, não quer se mostrar, despista a insegurança; quem não enxerga bem de perto é porque perto não quer ver algo que o incomoda; com o envelhecimento isso se acentua para não se ver a decadência insurgente; quem não enxerga bem de longe costuma ter uma visão mais confusa de futuro. Esse é o caso de Levy.
Quem se interessa, e tem disposição ao esforço mental para uma autoanálise, leia esse autor, contemporâneo de Sigmund Freud, cuja importância não é menor que a do precursor da psicologia moderna.
MULHER ATRAENTE
O abade Constant reconheceu que a mulher bondosa, gentil, caridosa consegue manter traços mais suaves e graça feminina apesar dos anos. Para manter-se atraente e charmosa, a prática de virtudes ajuda mais que maquiagem e botox. Também o homem se conserva atraente exercitando bons pensamentos e ações.
Não se trata apenas de uma lenda ou de suposição, fica claro com os adeptos da ioga que conservam aspecto extraordinariamente juvenil com idade de mais de 100 anos. Você nunca viu? Procure. São raros, existem e fogem da regra da vida comum. Sabem se esconder.
O mito da imortalidade é o segredo de não envelhecer, de se manter intacto e jovem de alma, consequentemente de corpo. “Mens sana in corpore sano”, o indivíduo deve lembrar que se imunizará à oxidação evitando maus pensamentos e as práticas de vida corrosivas.
Não precisará de fármacos contra o envelhecimento.
HIGIENE MENTAL
“Somos o que pensamos”, lembra o sábio. Disso a importância da higiene nos pensamentos, sem “gorduras e tóxicos mentais”.
Existe uma incrível inteligência na natureza, à disposição de qualquer um, que faz com que um carnívoro evite se alimentar de outro carnívoro, pois nem ele suportaria a dose.
Dante Alighieri deu uma dica: “Feitos não fomos para viver como energúmenos brutais, mas para nos exercitarmos nas virtudes e no conhecimento”. Justamente por isso no Inferno dantesco encontramos os pecadores hediondos, e nos piores lugares desse fim de outro mundo, sofrendo as penas mais duras, aqueles que em “época de crise moral se mantiveram neutros”. Podiam intervir, e não o fizeram.
AÇÃO E OMISSÃO
Abster-se do “dever” representa falha grave, assim como assistir imóvel a uma criança exposta ao risco de ser tragada pelo vício.
Os efeitos da ação e da omissão precisam ser devidamente considerados, como adverte o provérbio romano “unusquisque est faber suae fortunae”. Quer dizer que a nossa sorte nós mesmos a construímos. Culpar os outros… pouco adianta.
Neste momento de grave crise que se abate sobre a nação cabe a qualquer um, que possua um mínimo de lucidez, enxergar não apenas em volta, mas especialmente dentro de si, parar de reclamar de braços cruzados, sair da neutralidade. E quem tem mais, mais deve oferecer nesse esforço.

22 de julho de 2015
Vittorio Medioli
O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário