"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

NOSSA PARTE NO BOLOLÔ...


Na ronda que sistematicamente faz nas delegacias de polícia, a rádio Itatiaia entrevistou na semana passada um suposto vagabundo, preso com a mão no que não lhe pertencia. Com as perguntas do script, o repórter abriu para o detido a oportunidade de explicar o sucedido. “Sou trabalhador, nunca quis mexer com nada disso – mas sabe, tô sem emprego, precisava pagar umas coisas, tive que furtar. A Dilma tirou meu emprego”. Ao desemprego que alegou, a única alternativa que enxergou foi furtar. Oito ou 80.
As redes sociais na última sexta-feira mostravam um vídeo feito por dois indivíduos dentro de um veículo, comentando com pseudo-autoridade uma blitz armada, segundo a narrativa, numa avenida que diziam ser Rio Branco, de algum lugar do país. Expunham uma dessas ações raras, organizadas por diversas polícias e o Exército, dessas que a sociedade reclama que deveriam acontecer todos os dias em todos os lugares de um país inseguro como o nosso.
Pois bem. Os idiotas passavam em revista à tropa comentando, gravando, filmando para depois postar nas redes sociais a avaliação que vomitavam: “Olha gente, cuidado. É uma blitz federal. Exército, PM, Polícia Civil, tudo aqui para fazer blitz, para prender seu carro. O governo quer seu dinheiro pra pagar o rombo. Nunca vi isso. Canalhas.” E foi por aí adiante: “Olha gente, quanto periquito de pé preto”, numa debochada referência ao pessoal do Exército que integrava a operação.
COLAPSO MUNDIAL
O mundo está caindo. O sonho da China, agora fustigado, ameaça dissolver-se, o que será o colapso da economia mundial. A Europa luta para ajustar suas contas, reduzindo privilégios, dosando políticas sociais e mudando aposentadorias. A Grécia sendo amparada para não arrebentar ainda mais a economia dos países do Euro.
No Brasil, a identificação das crises está na casa das centenas. Crise política, crise econômica, crise moral, a democracia ameaçada pela incapacidade administrativa, política e de gestão. Não apenas da Dilma, mas dos agentes públicos na sua mais ampla abrangência. Não temos lideranças confiáveis, capazes de fazer a nação associar-se a um projeto de dimensões maiores, de interesse coletivo. Temos, na grande maioria da nossa classe política, varejistas, políticos ocupados com o fato do dia. Eleitos com o amparo da Constituição pelo povo, por cada (ou porcada) um de nós. O vereador, o prefeito, os deputados estaduais e federais, os senadores, governadores e presidentes da República o são por nossa escolha.
REFÉM DA BAGUNÇA
Há décadas que o Brasil é refém dessa desorganização política, fruto de equívocos em série, a começar pela irresponsabilidade de votar, de escolher, de cobrar sistematicamente. Falta de educação, de responsabilidade de nós todos, eleitores e dos eleitos que a tal promovemos.
A Dilma pode ser incapaz, despreparada, desonesta, estelionatária eleitoral. Mas temos câmaras municipais, assembleias legislativas, um Congresso, estruturas amparadas em seu funcionamento pela Constituição Federal, formados pelos vereadores, deputados, senadores que escolhemos. Prefeitos, governadores, presidente da República, tudo no figurino. E que figurino!
Quando tudo isso falha, quando nos sentimos traídos, o que não podia ser diferente, queimamos pneus para interromper as vias públicas, incendiamos ônibus, quebramos vitrines, prédios públicos, concessionárias de veículos e agências bancárias. A história tem a digital de seu povo. O Brasil não é diferente.

22 de julho de 2015
Luiz Tito
O Tempo

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