Esgota-se hoje o prazo para o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, explicar os depósitos de R$ 583,4 mil feitos na conta de sua mulher. Na sexta-feira passada, o juiz Sergio Moro, responsável por processo da Operação Lava Jato na Justiça Federal no Paraná, estabeleceu que o réu teria cinco dias para apresentar suas justificativas.
As investigações registraram que este total de R$ 583,4 mil, sempre em dinheiro vivo, foi transferido em diferentes operações para a conta em nome de Giselda Rouse Lima, entre os anos de 2008 e 2014. E o juiz Moro, em seu despacho, assinala que o dinheiro “aparentemente” não tem origem comprovada.
Segundo reportagem da Folha, a força-tarefa da Lava Jato está apurando se duas operações de recebimento e envio de R$ 400 mil em 2008 e 2009, usando a conta de Giselda, tiveram relação com o suposto pagamento de propina por parte da Toshiba no esquema de corrupção da Petrobras.
Vaccari tem se defendido argumentando ter pedido um empréstimo de R$ 400 mil foram referentes a um amigo, o empresário João Cláudio Mente, para a compra de um imóvel.
ADEUS ÀS ILUSÕES
Os advogados de Vaccari são pagos pelo PT e estão tentando manter o réu na ilusão de que poderá escapar incólume. Na sua ignorância, o ex-tesoureiro do PT inventa desculpas inverossímeis, como esse empréstimo pedido ao amigo João Mente, que, ostentando um sobrenome tão expressivo, deve ser mesmo um mestre em conversa fiada.
Vaccari se esquece do exemplo do ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP), um modesto sindicalista do ABC que se tornou um dos mais importantes parlamentares brasileiros e que acabou cumprindo pena porque a mulher foi ao Banco Rural sacar uma propina de apenas R$ 50 mil.
Cunha teve de renunciar ao mandato, foi condenado à prisão na Papuda, mas já está livre, leve e solto, recebe uma gorda aposentadoria na Câmara (quase R$ 20 mil mensais) e não aconteceu nada com a mulher, que continuou a ser funcionária-fantasma do Sesc, onde recebe cerca de R$ 26 mil mensais, o que garante uma renda familiar de meros R$ 46 mil. Nada mal para quem começou como um simples metalúrgico, até se tornar um dos líderes do PT.
UM NOVO MARCOS VALÉRIO
A diferença entre Vaccari e Cunha é que o ex-tesoureiro do PT não tem aposentadoria de parlamentar e a mulher dele voltou à antiga condição de dona de casa. Quando o marido estiver na prisão, dona Giselda Rouse terá de sobreviver com o pecúlio prisional, cujo valor é o saldo resultante da remuneração do preso, deduzidas as despesas que ele tem obrigação de ressarcir, em razão do crime cometido e de sua manutenção carcerária. No caso de Vaccari, se for aposentado pelo INSS, o valor máximo é de apenas R$ 4,6 mil líquidos. Quer dizer, se tio Lula não contribuir, a família Vaccari vai passar muitos apertos.
Sua salvação seria a delação premiada, mas os advogados do PT não querem nem ouvir falar nessa possibilidade, e assim Vaccari caminha para ser um novo Marcos Valério, que se tornou uma espécie de mártir do Mensalão, por ter pegado condenação muito maior do que os chefes da quadrilha.
14 de maio de 2015
Carlos Newton
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