O líder Leonel Brizola apontava como falsos dilemas certos chavões projetados pelas classes dirigentes para dividir a população, visando dominá-la mais facilmente e desviando de fatos que verdadeiramente interessam muito mais. As cúpulas instigam a divisão ‘direita X esquerda’, por exemplo, sem pauta concreta senão meras ameaças anticomunistas (esquerda) ou golpistas (direita), que, se há, são efêmeras e não justificam a pretensão de fazer disso um debate permanente, como tencionam.
A resposta mais cortante a esses falsos dilemas é exaltar a diversidade política prevista na Constituição, estimulando posturas independentes, que se encontram tanto no governo quanto na oposição, porque só assim afloram alternativas melhores. A História é rica em exemplos de como é possível a unidade em torno de questões maiores e dos mais elevados interesses da população, como ocorreu quando Leonel Brizola foi apoiado por Luiz Carlos Prestes mesmo a contragosto: “A opinião do senhor Brizola sobre nosso apoio é irrelevante. Nós vamos apoiar o melhor candidato, e o melhor candidato é ele”, proclamou o cavaleiro da esperança.
LIÇÃO DE BRIZOLA
Como candidato ao governo do Rio Grande do Sul, vejam a lição de política dada por Leonel Brizola em 10 de setembro de 1958:
“Aos meus conterrâneos de todo o Rio Grande, profundas razões doutrinárias e políticas nos separam. Cumpre dizer que o trabalhismo é nacionalista, o comunismo é internacional; o comunismo é materialista, o trabalhismo se inspira na doutrina social cristã; o comunismo é a abolição da propriedade, o trabalhismo defende a propriedade dentro de um fim social; o comunismo escraviza o homem ao Estado e prescreve o regime de garantia do trabalho, o trabalhismo é a dignificação do trabalho e não tolera a exploração do homem pelo Estado, nem do homem pelo homem; o comunismo educa para formar uma sociedade de formigas, o trabalhismo educa para o progresso, para a liberdade, para a elevação da pessoa humana.
O comunismo existe onde pontifica o capitalismo reacionário e explorador, mas desaparece nas comunidades e países bem organizados sob o ponto de vista social e humano.
Por todos estes motivos, não sou o candidato para receber os seus votos. E eles sabem, melhor do que ninguém, que os amigos e propagandistas do regime vigorante na Rússia, estão do outro lado, dando apoio consentido à Frente Democrática.”
14 de maio de 2015
Valmor Stédile
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