"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 9 de março de 2015

DESDOBRAMENTOS NECESSÁRIOS





Uma questão vital no escândalo da Petrobras deixou de prender as atenções depois da divulgação no fim de semana da lista do procurador Rodrigo Janot, mas logo retornará às manchetes: 
qual o prejuízo total da estatal petroleira, ou seja, quantas centenas de milhões foram roubados, desviados, superfaturados e, em espacial, como serão ressarcidos? 

Há quem suponha mais de um bilhão de reais, mas de que maneira receber de volta essa importância olímpica? A fatura será levada às empreiteiras, aos diretores da Petrobras implicados na roubalheira, aos doleiros e aos políticos que receberam parte dela? Claro que todos têm sua parcela de culpa e devem pagar. 
Não vale dizer que o dinheiro evaporou-se nas campanhas eleitorais, pois o crime é o mesmo para os que enviaram seu produto para bancos no exterior. Ou compraram carrões, lanchas e aviões.

Será sonho de noite de verão imaginar o retorno de toda a quantia surripiada, mas se estão sendo conhecidos seus beneficiários, o mínimo a esperar é que respondam com seu patrimônio.

A segunda questão ainda inconclusa comporta ilações. Evidenciando-se que nem todos os milhões foram utilizados ilicitamente em campanhas eleitorais, mas irrigaram até mensalmente com dinheiro vivo os colchões ou contas bancárias de parlamentares, será óbvio indagar se não havia nas transações compromissos iguais aos do mensalão? 

Em outras palavras, no caso do PP e até do PMDB e do PT, Suas Excelências recebiam para votar no interesse de quem? Do governo e das empreiteiras?

 Terá sido por isso que nem o Lula nem Dilma nem seus ministros sabiam de nada? Uma roubalheira desse quilate não conseguiu ser detectada pelos órgãos de informação, com a Abin à frente, ou por simples assessores? Só a Polícia Federal descobriu a lambança, mas teria deixado de informar seu chefe, o ministro da Justiça?

Com todo o respeito, mas quem era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, depois chefe da Casa Civil, não recebeu um só indício da ladroagem? Tamanho volume de desvio de recursos através de superfaturamento de obras e serviço, mais aditivos contratuais e preços muito acima do mercado fluíam em sigilo absoluto?

E quanto a quem passou quatro anos viajando em jatinhos das empreiteiras, fazendo palestras e ajudando na conquista de contratos junto a governos estrangeiros, em nenhum momento desconfiou dessas facilidades?

Desdobramentos virão da abertura de inquéritos sobre políticos variados. Em alguma etapa das investigações surgirão vazamentos. Alguém ficará desesperado e dará o serviço. Se servirá ou não para inundar reputações, é outra história.

PREJUÍZO PARA AS INVESTIGAÇÕES

Ouve-se que a presidente Dilma decidiu protelar a indicação do ministro do Supremo Tribunal Federal que falta para compor aquela corte. Não gostaria de ver os ânimos acirrados no Senado. 
Por maior mérito que o indicado venha a ter, enfrentará a má vontade dos atingidos nas investigações do escândalo da Petrobras e dos solidários com eles. O diabo é que os trabalhos da II Turma do Supremo ficarão prejudicados pelo desfalque de um de seus integrantes.

09 de março de 2015
Carlos Chagas

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