A pesquisa do Ibope, a rigor, não muda fundamentalmente o quadro eleitoral presidencial e nem altera radicalmente os resultados das outras pesquisas eleitorais. Aparentemente, como nota o analista do Estadão, José Roberto de Toledo, os índices seriam favoráveis neste momento à Dilma. Parece confortável, diz ele, mas não é.
Deve-se salientar que tanto Aécio Neves como Eduardo Campos continuam em ritmo ascendente. Como Dilma conta com todo o aparato governamental em suas mãos, uma máquina gigantesca, com exposição pública diária nos grandes meios de comunicação, seu desempenho denota uma fraqueza evidente. Esta é a verdade dos fatos que se tem evidenciado em todas as sondagens do diferentes institutos de pesquisa.
Assim sendo, a eleição não pode ser considerada jamais como favas contadas pelo PT. O jogo está para ser jogado. Há uma legião de indecisos, mas como aponta com propriedade Toledo, as opiniões tendem à radicalização e o eleitor, aos poucos está descendo do muro e parece que não está propenso a sufragar Dilma.
Outro detalhe é que a pesquisa do Ibope, que tem contrato com o Palácio do Planalto, foi feita em cima daquela propaganda eleitoral terrorista do PT, algo quase fúnebre, tentando fazer crer a eleitor que não existe nada melhor do que o PT, num momento em que o povo brasileiro vê atônito um cipoal de corrupção e roubalheiras, fato que chegou ao seu ápice com o escândalo da Petrobras.
Sem falar na inflação que está de volta e corrói os salários dos trabalhadores. E o espaço até a eleição não é suficiente para a possibilidade de reversão do quadro extremamente negativo da economia brasileira, praticamente destruída pelos governos petistas.
Transcrevo do site do Estadão a análise formulada por José Roberto de Toledo. Vejam:
Após uma série de más notícias, a pesquisa Ibope é um alívio para Dilma Rousseff (PT). Mostra que a tática do medo ajudou a presidente a encontrar um piso eleitoral – patamar abaixo do qual é difícil cair – em torno de 40%. É o dobro da intenção de voto do adversário mais próximo. Parece confortável, mas não é.
O problema de Dilma é que seu teto eleitoral está baixo. Na simulação de segundo turno contra Aécio Neves (PSDB), a presidente aparece com 43%, apenas três pontos a mais do que sua intenção de voto no primeiro turno. Contra Eduardo Campos (PSB), a taxa de Dilma é ainda menor: 42%.
Se, por um lado, a presidente parou de cair, por outro, ela terá mais dificuldade para subir além do que já conseguiu recuperar desde abril. A raiz do problema é a avaliação do governo. A taxa de quem acha sua administração ruim ou péssima continuou crescendo em maio e chegou a inéditos 33%. Está cada vez mais perto dos 35% que acham seu governo ótimo ou bom.
Não por acaso, a taxa de rejeição de Dilma também está em um terço do eleitorado. É bem mais alta do que a de Aécio (20%) e a de Eduardo (13%).
A de Dilma ficou estável, enquanto a dos rivais caiu – ao mesmo tempo que eles se tornaram mais conhecidos do eleitor por força de suas propagandas na TV.
Há uma polarização crescente do eleitorado, entre simpatizantes do governo e quem não o suporta.
As opiniões estão se radicalizando – fazendo cair, por exemplo, a taxa de quem acha o governo regular. Aos poucos, o eleitor está descendo do muro.
Faz parte da estratégia petista provocar essa divisão do eleitorado. A propaganda do PT no rádio e na TV procurou enfatizar quem é governo e quem é oposição, quem quer continuidade e quem quer mudança. Deu certo, ao menos em parte.
O Ibope mostra que aumentou marginalmente a taxa de pessoas que desejam a continuidade dos programas governamentais e daqueles que aprovam o governo e declaram voto em Dilma. De quebra, a presidente mostrou aos aliados reticentes, principalmente do PMDB, que ela continua com chances no jogo eleitoral. Abandonar sua canoa agora é mais difícil o que era antes da pesquisa.
A contraparte da tática petista é que ela deixa mais claro para o eleitor de oposição quem são os adversários da presidente. Dobrou a taxa de intenção de voto de Eduardo Campos entre os eleitores que querem mudar tudo ou quase tudo (de 7% para 14%). Aécio também cresceu no eleitorado mudancista: de 18% para 25%, e empatou tecnicamente com Dilma (ela tem 27%) nesse segmento.
Por ter sido feita após a série de propagandas partidárias dos três principais candidatos, a pesquisa Ibope mostrou, mais do que as anteriores, como a propaganda de TV é importante para a definição dos rumos da campanha. Foi uma prévia do que deve acontecer a partir de agosto, quando o eleitor não terá mais como escapar do debate eleitoral.
Eduardo Campos, Aécio e depois Dilma, todos se beneficiaram das propagandas de seus partidos na TV. É um sinal de como o palanque eletrônico é cada vez mais decisivo na eleição.
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