Emprego formal começa a entrar no ritmo de queda lenta, gradual e segura da economia
NO PRIMEIRO TERÇO de 2012, o número de pessoas com carteira assinada aumentou em 810,5 mil. De janeiro a abril de 2013, cresceu 683,7 mil. Neste 2014, 458,1 mil, soubemos pelas estatísticas do emprego formal, registrado no cadastro do ministério do Trabalho (o Caged).
Isto é, ritmo lerdo e de baixa, "sem crise aguda", compatível com uma economia que gasta as gorduras da boa primeira década do século e se encaminha para 5, talvez 7 anos de vacas magras nestes anos 10. Mas, diga-se de passagem, abril foi ruinzinho além da conta.
"Não dá para continuar tendo acréscimo espetacular [no número de empregos formais] como nos anos anteriores. Além disso, diminuiu o crescimento do PIB", disse ontem o ministro do Trabalho, Manoel Dias, a respeito do Caged de abril.
Há de fato menos gente em idade de trabalhar, menos pessoas à procura de emprego, menos trabalhadores sem registro formal. Tudo o mais constante, o progresso tende a ficar mesmo mais lento, dadas as melhorias acumuladas. Nem tudo o mais é constante, porém.
O ritmo de crescimento da economia, como lembra o ministro, terá sido mais lento nos anos de Dilma Rousseff, equivalente à metade do passo nos anos Lula. Crescimento que, em parte relevante, deveu-se ao aumento da quantidade de trabalhadores (mais gente trabalhando, dada a produtividade, resulta em mais produção).
O que acontece no caso de aumento mais lento da quantidade de trabalho, caso produtividade e/ou investimento não cresçam? O crescimento tende a ser mais lento, afora mágicas e milagres de curto prazo.
Pode-se argumentar que obras de infraestrutura que enfim começam (estrada, aeroporto), os milhões de formandos do Pronatec (cursos profissionalizantes bancados pelo governo), os diplomados em cada vez maior número nas universidades particulares (mesmo ruins) e melhorias mais difusas na saúde e na educação básicas podem mudar a figura da coisa, da produtividade, nos anos que virão. A gente simplesmente não sabe nem quando virá nem de quanto será tal melhoria.
As melhoras não devem aparecer no próximo biênio, 2016 inclusive, se por mais não fosse devido aos efeitos colaterais da marchinha forçada que foi a política econômica desta administração.
O governo, grosso modo, "comprou" pontos extras de crescimento do PIB e do emprego com redução de sua poupança (dívida adicional e menos investimento), dívida extra que alimenta a alta de juros, que vai cobrar algum custo em termos de emprego, renda e igualdade.
O governo fez dívida para transferir dinheiro a empresas (empréstimos a juros negativos, de pai para filho), que no entanto não investiram mais, por exemplo.
Reduziu impostos sobre folha de salários (com o que ajudou a evitar desemprego). Gastou mais, em regra, o que alimenta também a inflação, que de resto ajuda a detonar a indústria brasileira.
O governo, enfim, tenta sair do chão puxando os cabelos, enxuga gelo etc., recorra-se ao clichê preferido. A mágica não funciona mais, como se vê em quase qualquer número da economia, agora no emprego também. Não, o Brasil não vai explodir. Mas isso é um consolo?
NO PRIMEIRO TERÇO de 2012, o número de pessoas com carteira assinada aumentou em 810,5 mil. De janeiro a abril de 2013, cresceu 683,7 mil. Neste 2014, 458,1 mil, soubemos pelas estatísticas do emprego formal, registrado no cadastro do ministério do Trabalho (o Caged).
Isto é, ritmo lerdo e de baixa, "sem crise aguda", compatível com uma economia que gasta as gorduras da boa primeira década do século e se encaminha para 5, talvez 7 anos de vacas magras nestes anos 10. Mas, diga-se de passagem, abril foi ruinzinho além da conta.
"Não dá para continuar tendo acréscimo espetacular [no número de empregos formais] como nos anos anteriores. Além disso, diminuiu o crescimento do PIB", disse ontem o ministro do Trabalho, Manoel Dias, a respeito do Caged de abril.
Há de fato menos gente em idade de trabalhar, menos pessoas à procura de emprego, menos trabalhadores sem registro formal. Tudo o mais constante, o progresso tende a ficar mesmo mais lento, dadas as melhorias acumuladas. Nem tudo o mais é constante, porém.
O ritmo de crescimento da economia, como lembra o ministro, terá sido mais lento nos anos de Dilma Rousseff, equivalente à metade do passo nos anos Lula. Crescimento que, em parte relevante, deveu-se ao aumento da quantidade de trabalhadores (mais gente trabalhando, dada a produtividade, resulta em mais produção).
O que acontece no caso de aumento mais lento da quantidade de trabalho, caso produtividade e/ou investimento não cresçam? O crescimento tende a ser mais lento, afora mágicas e milagres de curto prazo.
Pode-se argumentar que obras de infraestrutura que enfim começam (estrada, aeroporto), os milhões de formandos do Pronatec (cursos profissionalizantes bancados pelo governo), os diplomados em cada vez maior número nas universidades particulares (mesmo ruins) e melhorias mais difusas na saúde e na educação básicas podem mudar a figura da coisa, da produtividade, nos anos que virão. A gente simplesmente não sabe nem quando virá nem de quanto será tal melhoria.
As melhoras não devem aparecer no próximo biênio, 2016 inclusive, se por mais não fosse devido aos efeitos colaterais da marchinha forçada que foi a política econômica desta administração.
O governo, grosso modo, "comprou" pontos extras de crescimento do PIB e do emprego com redução de sua poupança (dívida adicional e menos investimento), dívida extra que alimenta a alta de juros, que vai cobrar algum custo em termos de emprego, renda e igualdade.
O governo fez dívida para transferir dinheiro a empresas (empréstimos a juros negativos, de pai para filho), que no entanto não investiram mais, por exemplo.
Reduziu impostos sobre folha de salários (com o que ajudou a evitar desemprego). Gastou mais, em regra, o que alimenta também a inflação, que de resto ajuda a detonar a indústria brasileira.
O governo, enfim, tenta sair do chão puxando os cabelos, enxuga gelo etc., recorra-se ao clichê preferido. A mágica não funciona mais, como se vê em quase qualquer número da economia, agora no emprego também. Não, o Brasil não vai explodir. Mas isso é um consolo?
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