Sobram indícios de que a reunião do Copom marcada para quarta-feira manterá os juros básicos (Selic) em 11% ao ano. Se isso se confirmar, estará interrompido o ciclo de alta acumulada em 12 meses, de 3,75 pontos porcentuais.
Pela extensão da empreitada, os resultados são medíocres. Quando a puxada dos juros começou, em abril do ano passado, a inflação em 12 meses estava nos 6,49%. Não melhorou significativamente. Em abril estava em 6,28% e, em junho, deverá ultrapassar o teto da meta de 6,5%. Não se tratará ainda de uma transgressão formal ao sistema de metas porque, pelo efeito de mais uma dessas jabuticabas nacionais, os dois pontos porcentuais acima da meta de 4,5% não são exigidos em períodos de 12 meses, mas apenas ao final de cada ano.
Os resultados do aperto monetário são medíocres não apenas porque a inflação segue alta demais, mas, também, porque o Banco Central (BC) não vem conseguindo ancorar as expectativas. O mercado, como aferido pela Pesquisa Focus, do próprio BC, aponta para uma inflação bem mais alta para o fim do ano: de 6,42%, contra projeções de 6,0% do Relatório de Inflação de março.
Por trás desse mau desempenho, há um punhado de distorções. A mais citada é a de que o governo vem represando um quarto de todos os preços da economia. Isso mostra que a inflação natural, digamos, considerada uma adequada recomposição desses preços, já estaria acima de 7% ao ano. Este é um fator que, por si só, mantêm armados corações e mentes dos formadores de preços, porque têm de se guardar para quando esse carnaval chegar. Se estiverem com seus catálogos atrasados, terão problemas na recomposição do seu capital de giro e poderão chocar a clientela.
A outra distorção notória é a de que o BC vai usando indevidamente o câmbio como âncora de preços. A derrubada das cotações do dólar pela forte intervenção cumpre o objetivo de segurar os preços dos produtos importados, especialmente os dos combustíveis, numa conjuntura de utilização máxima das usinas térmicas, que contribuem hoje com mais de 30% da geração de eletricidade.
Mas a principal distorção é a baixa contribuição da política fiscal (a que controla receitas e despesas do setor público) no processo de controle da demanda da economia e dos preços. Assim, rédeas soltas demais na condução das finanças públicas vêm forçando a utilização de políticas heterodoxas para a contenção dos preços, com prejuízo para sua eficácia.
Inflação é febre e febre cronicamente alta é sinal claro de desequilíbrios do organismo econômico. O BC tem razão quando argumenta que desajustes dessa ordem não se consertam só com garrote monetário (alta dos juros). Enquanto não houver disposição política para prover realinhamentos estruturais da economia, a inflação continuará dilapidando o poder aquisitivo do consumidor e esse fator também tem potencial para disparar forças políticas, como as que vêm com as manifestações e com essa sensação difusa de mal-estar.
Pela extensão da empreitada, os resultados são medíocres. Quando a puxada dos juros começou, em abril do ano passado, a inflação em 12 meses estava nos 6,49%. Não melhorou significativamente. Em abril estava em 6,28% e, em junho, deverá ultrapassar o teto da meta de 6,5%. Não se tratará ainda de uma transgressão formal ao sistema de metas porque, pelo efeito de mais uma dessas jabuticabas nacionais, os dois pontos porcentuais acima da meta de 4,5% não são exigidos em períodos de 12 meses, mas apenas ao final de cada ano.
Os resultados do aperto monetário são medíocres não apenas porque a inflação segue alta demais, mas, também, porque o Banco Central (BC) não vem conseguindo ancorar as expectativas. O mercado, como aferido pela Pesquisa Focus, do próprio BC, aponta para uma inflação bem mais alta para o fim do ano: de 6,42%, contra projeções de 6,0% do Relatório de Inflação de março.
Por trás desse mau desempenho, há um punhado de distorções. A mais citada é a de que o governo vem represando um quarto de todos os preços da economia. Isso mostra que a inflação natural, digamos, considerada uma adequada recomposição desses preços, já estaria acima de 7% ao ano. Este é um fator que, por si só, mantêm armados corações e mentes dos formadores de preços, porque têm de se guardar para quando esse carnaval chegar. Se estiverem com seus catálogos atrasados, terão problemas na recomposição do seu capital de giro e poderão chocar a clientela.
A outra distorção notória é a de que o BC vai usando indevidamente o câmbio como âncora de preços. A derrubada das cotações do dólar pela forte intervenção cumpre o objetivo de segurar os preços dos produtos importados, especialmente os dos combustíveis, numa conjuntura de utilização máxima das usinas térmicas, que contribuem hoje com mais de 30% da geração de eletricidade.
Mas a principal distorção é a baixa contribuição da política fiscal (a que controla receitas e despesas do setor público) no processo de controle da demanda da economia e dos preços. Assim, rédeas soltas demais na condução das finanças públicas vêm forçando a utilização de políticas heterodoxas para a contenção dos preços, com prejuízo para sua eficácia.
Inflação é febre e febre cronicamente alta é sinal claro de desequilíbrios do organismo econômico. O BC tem razão quando argumenta que desajustes dessa ordem não se consertam só com garrote monetário (alta dos juros). Enquanto não houver disposição política para prover realinhamentos estruturais da economia, a inflação continuará dilapidando o poder aquisitivo do consumidor e esse fator também tem potencial para disparar forças políticas, como as que vêm com as manifestações e com essa sensação difusa de mal-estar.
26 de maio de 2014
Celso Ming, O Estado de S.Paulo
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