Situação de salário, emprego, crédito, gasto público e confiança aponta quase estagnação
A ECONOMIA BRASILEIRA parece perder o resto do gás que ainda sobrava. Nos últimos seis meses, o combustível dá indícios de se exaurir, seja qual for o tanque que se meça.
A história de que o país "não ia tão bem como se imaginava (faz quatro anos) nem vai tão mal agora" é uma conversa mole que em nada ajuda a pensar o que seja lá esteja acontecendo. O palavrório sobre o país "explodir" ou "bombar" daqui até o ano que vem, mais do que conversa fiada, é bobagem politiqueira muito vulgar.
Nos últimos seis meses, a economia parece estacionar num patamar até alto, pelos padrões de vida históricos e pelo baixo nível de produtividade do país. Mas estaciona. Difícil imaginar de onde possa vir um impulso que faça a carruagem andar, tão cedo.
Os salários ainda davam algum alento. Não mais, pelo menos por ora. O salário médio está mais ou menos na mesma desde novembro do ano passado. A massa salarial, o total dos salários pagos, praticamente estagnou desde o início do ano. Aliás, nos últimos seis meses cresce ao menor ritmo em cerca de 10 anos (dados anualizados).
O crédito fora um aditivo para o consumo, em particular no tombo de crescimento entre 2008 e 2009, devido ao contágio da crise mundial. Mas perde ritmo desde então.
O total de dinheiro emprestado crescia na casa dos 25% ao ano em 2008 (em termos reais), passou para algo em torno de 13% entre 2009 e 2011, para 12% em 2011 e desceu até o ritmo de 8,7% de agora. O impulso restante vinha dos empréstimos dos bancos estatais, alimentados de dinheiro extra pelo governo, que fazia dívida para anabolizar seus bancos. Esse dinheiro também está minguando.
Os aumentos do salário mínimo eram outro impulso que minguou, pois vinculados ao crescimento da economia, inferior a 2% ao ano sob Dilma Rousseff. O aumento da despesa do governo é contido pela arrecadação de impostos menor, em parte devida também ao crescimento menor do PIB.
O governo vem "compensando" o aumento menor da receita com redução de sua poupança, desde 2012. Isto é, fazendo mais dívida, o que no entanto ajuda a chutar para cima a taxa de juros, o que emperra a economia por outro lado.
A falta de gás aparece até nas vendas do comércio, que no primeiro trimestre cresceram só 0,3% sobre o trimestre anterior, o segundo pior resultado desde a queda de vendas no final do ano crítico de 2008.
Os efeitos piores da campanha de aumento da taxa de juros pelo Banco Central ainda estão pela frente, segundo os economistas. Mesmo que sobrevenha uma melhoria da atividade econômica mundial, o efeito sobre a economia doméstica será desprezível. A confiança de empresários e consumidores está no nível de 2009, ano ruim, e caindo.
Massa de salários, número de empregados, crédito, gasto público, confiança: nada disso está em alta ou pelo menos desacelera. Dada a nossa história, o país até que não vai mal, em termos de "economia do povo", no cotidiano. Mas o país não vai mais, ao menos por ora.
Ao final dos anos Dilma, o PIB per capita terá crescido 1% ao ano, pelos dados disponíveis hoje. Um ritmo no qual dobraríamos o nosso padrão de vida médio em 70 anos.
A ECONOMIA BRASILEIRA parece perder o resto do gás que ainda sobrava. Nos últimos seis meses, o combustível dá indícios de se exaurir, seja qual for o tanque que se meça.
A história de que o país "não ia tão bem como se imaginava (faz quatro anos) nem vai tão mal agora" é uma conversa mole que em nada ajuda a pensar o que seja lá esteja acontecendo. O palavrório sobre o país "explodir" ou "bombar" daqui até o ano que vem, mais do que conversa fiada, é bobagem politiqueira muito vulgar.
Nos últimos seis meses, a economia parece estacionar num patamar até alto, pelos padrões de vida históricos e pelo baixo nível de produtividade do país. Mas estaciona. Difícil imaginar de onde possa vir um impulso que faça a carruagem andar, tão cedo.
Os salários ainda davam algum alento. Não mais, pelo menos por ora. O salário médio está mais ou menos na mesma desde novembro do ano passado. A massa salarial, o total dos salários pagos, praticamente estagnou desde o início do ano. Aliás, nos últimos seis meses cresce ao menor ritmo em cerca de 10 anos (dados anualizados).
O crédito fora um aditivo para o consumo, em particular no tombo de crescimento entre 2008 e 2009, devido ao contágio da crise mundial. Mas perde ritmo desde então.
O total de dinheiro emprestado crescia na casa dos 25% ao ano em 2008 (em termos reais), passou para algo em torno de 13% entre 2009 e 2011, para 12% em 2011 e desceu até o ritmo de 8,7% de agora. O impulso restante vinha dos empréstimos dos bancos estatais, alimentados de dinheiro extra pelo governo, que fazia dívida para anabolizar seus bancos. Esse dinheiro também está minguando.
Os aumentos do salário mínimo eram outro impulso que minguou, pois vinculados ao crescimento da economia, inferior a 2% ao ano sob Dilma Rousseff. O aumento da despesa do governo é contido pela arrecadação de impostos menor, em parte devida também ao crescimento menor do PIB.
O governo vem "compensando" o aumento menor da receita com redução de sua poupança, desde 2012. Isto é, fazendo mais dívida, o que no entanto ajuda a chutar para cima a taxa de juros, o que emperra a economia por outro lado.
A falta de gás aparece até nas vendas do comércio, que no primeiro trimestre cresceram só 0,3% sobre o trimestre anterior, o segundo pior resultado desde a queda de vendas no final do ano crítico de 2008.
Os efeitos piores da campanha de aumento da taxa de juros pelo Banco Central ainda estão pela frente, segundo os economistas. Mesmo que sobrevenha uma melhoria da atividade econômica mundial, o efeito sobre a economia doméstica será desprezível. A confiança de empresários e consumidores está no nível de 2009, ano ruim, e caindo.
Massa de salários, número de empregados, crédito, gasto público, confiança: nada disso está em alta ou pelo menos desacelera. Dada a nossa história, o país até que não vai mal, em termos de "economia do povo", no cotidiano. Mas o país não vai mais, ao menos por ora.
Ao final dos anos Dilma, o PIB per capita terá crescido 1% ao ano, pelos dados disponíveis hoje. Um ritmo no qual dobraríamos o nosso padrão de vida médio em 70 anos.
26 de maio de 2014
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
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