"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

RODRIGO CONSTANTINO E A NOVELA DA NOVELA


Querendo ou não, as telenovelas são obras de arte. Não no sentido da perfeição ou do esmero técnico na elaboração, mas ao pé da letra mesmo. Pois bem, acabei de ler do Constantino o seguinte:

“Tenho implicância com muitas novelas, pelo valor um tanto distorcido que passam. Estou para ver um empresário rico, bem-sucedido, e legal, boa pessoa, bom pai, bom marido. Isso simplesmente non ecziste! Também gostaria de ver menos discursos politicamente corretos, chatos e sensacionalistas.”

Bom, para começar, eu não gosto de novelas por vários motivos: pela obrigação, pela pobreza dos roteiros, pela repetição de personagens, idem de artistas, pela mesmice, enfim, por toda a qualidade que as novelas tinham há uns vinte ou trinta anos, que foi posta de lado em detrimento da excelência da moderna tecnologia. O nível de exigência dos argumentos e dos roteiros foi reduzido a 10% do que era, achando-se que tudo pode se sustentar em cima de uma produção caprichada, coisa que até acontece, mas não para quem tem um nível de exigência um pouco maior, como é o caso do Rodrigo.

O que eu não aceito é o argumento que as novelas devam ter algum compromisso com o “politicamente correto” ou em passar os valores morais vigentes. Se o próprio Constantino, há uns dias, elogiou de montão o filme “Melancolia” de Lars Von Trier, um sujeito totalmente amoral (pelo menos nos seus filmes), não faz sentido exigir algum tipo de moral de uma novela ou de qualquer outra manifestação artística.

Aliás, as observações do Rodrigo são o resultado da sua reação ao saber que na novela “Amor à Vida” um personagem indicou ao outro a leitura de um livro sobre Che Guevara. Ora, o que é que o furifunfas tem a ver com as calças?

Rodrigo, às vezes, parece um general da ditadura, daqueles bem tacanhos, que viam sinais de comunismo até em suas próprias sombras. Além disso, com essa opinião, ele está querendo ser tão politicamente correto quanto um petralha insano.

Eu combato a esquerda com o que eu posso, mas nunca usaria a minha ideologia como arma contra a arte, no caso, uma ficção, que tem todo o direito de se expressar da maneira que bem lhe convier.

Resposta do Rodrigo (mandei o post como comentário no blog dele):

Comento: Aí que está, arte mesmo não tem a ver com proselitismo ideológico e politicamente correto! Isso NÃO é arte! Isso é propaganda ideológica.

Então tá. Só que, segundo ele mesmo, a indicação do tal livro sobre Che partiu de uma vilã da trama. Isso é proselitismo?
 
10 de janeiro de 2014

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