"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

UMA HISTÓRIA TENEBROSA!

EXCLUSIVO! EMPRESA DONA DO HOTEL QUE QUER EMPREGAR DIRCEU APARECE EM SITE AMERICANO DE CONSULTORIA COMO SEDIADA NO TEXAS E INATIVA DESDE 2003.
Facímile do site da empresa de consultoria Wysk mostrando dados da Truston Internactional Inc., principal acionista do Saint Peter, o hotel que ofereceu emprego a José Dirceu. Acima o presidente da Truston, que vive na periferia da Cidade do Panamá, identificado como José Eugenio Silva Ritter.

O texto que segue é do site G1, da Rede Globo, e o conteúdo é a reportagem exclusiva do Jornal Nacional desta terça-feira, que descobriu no Panamá um homem pobre que vive na periferia da capital panamenha, a Cidade do Panamá, como sendo o presidente da empresa administradora do hotel Saint Peter, que se tornou muito conhecido nos últimos dias pelo fato de que ofereceu ao ex-ministro José Dirceu, condenado do mensalão e cumprindo pena na Papuda, emprego de gerente com salário de R$ 20 mil mensais.
 
Nesta reportagem o Jornal Nacional também descobriu que o acionista majoritário do Hotel Saint Peter, é a empresa panamenha Truston International Inc., cujo presidente é o pequeno funcionário da grande firma de advocacia Morgan y Morgan, também do Panamá.
 
Um fato curioso é que em pesquisa no Google, como mostra o facsímile acima, aparece a Truston International Inc., como uma empresa norte-americana sediada em Houston, no Texas (EUA). Segundo se pode constatar no site da Wysk, uma empresa de consultoria americana que fornece perfis empresariais, a Truston foi criada em 2001 e desde de 2003 aparece como inativa.
Pode ser coincidência. Mas a empresa citada no site da Wysk tem o nome idêntico ao da administradora do Hotel Saint Peter. 
 
Seja como for, a descoberta do Jornal Nacional traz ao conhecimento público uma coisa muito misteriosa e, sem sombra de dúvida, revela a presença de "laranja" no alto cargo de administrador do Saint Peter, conforme se pode aferir lendo a reportagem que segue na íntegra.
 
A pesquisa que acabo de fazer sobre a Truston acrescenta mais uma informação misteriosa que deixa três perguntas no ar: A Truston International Inc., é uma empresa panamenha ou norte-americana? A Truston que aparece no site da consultoria Wysk é a mesma empresa que administra o Hotel que pretende empregar José Dirceu? Por que a Truston americana aparece como "inativa" nos Estados Unidos, caso realmente seja a mesma empresa?
Como podem perceber ainda há muita coisa para ser apurada.
Leiam a reportagem do G1:
 
O Jornal Nacional localizou em uma área pobre do Panamá o homem que seria o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter, em Brasília, onde o ex-ministro José Dirceu, condenado no julgamento do mensalão, pretende trabalhar.
 
Dirceu está preso na Penitenciária da Papuda, onde cumpre pena em regime semiaberto, que permite a ele trabalhar durante o dia e voltar à noite para a prisão, para dormir. O ex-ministro recebeu uma oferta de trabalho do Saint Peter, hotel no centro de Brasília, que fica em um prédio de 15 andares e 424 apartamentos. O Saint Peter pretende pagar ao ex-ministro R$ 20 mil por mês para que ele exerça o cargo de gerente administrativo.
 
O homem que preside a empresa administradora do hotel mora numa área pobre da Cidade do Panamá, capital do Panamá, país da América Central, e trabalha como auxiliar de escritório numa empresa de advocacia.
 
Um dos sócios do hotel, Paulo Masci de Abreu, é irmão de José Masci de Abreu, presidente  do PTN (Partido Trabalhista Nacional), que em 2010 apoiou a eleição da presidente Dilma Rousseff. Mas ele é sócio minoritário. Tem uma cota, no valor de R$ 1, como mostra o contrato social da empresa.
 
Todas as outras cotas, que somam R$ 499.999,00, pertencem a uma empresa estrangeira,  a Truston International Inc, com sede na Cidade do Panamá.
A Truston está inscrita no registro público do Panamá e tem como presidente um cidadão panamenho, José Eugenio Silva Ritter. O nome dele, abreviado, aparece , junto a outros dois nomes: Marta de Saavedra, tesoureira, e Dianeth Ospino, secretária. 
 
José Eugênio Silva Ritter também aparece ligado a mais de mil empresas em um site criado por um ativista anticorrupção.
O procurador da Truston no Brasil, como mostra o contrato do hotel Saint Peter, é Raul de Abreu, filho de Paulo Masci de Abreu.

Por telefone, Paulo de Abreu e o advogado de Raul de Abreu disseram ao repórter Vladimir Netto, da TV Globo, que José Eugênio Silva Ritter é um empresário estrangeiro apresentado por meio de um advogado. Também afirmaram que a empresa presta contas a José Eugênio regularmente.

 
Veja abaixo o diálogo que o repórter travou por telefone com Paulo de Abreu e o advogado dele:
 
- Vladimir Netto: Quem é o seu sócio majoritário?
- Paulo de Abreu: É a Truston. É uma empresa que investe em hotéis.
- Vladimir Netto: Quem é o dono da Truston?
- Paulo de Abreu: Ah, tem vários acionistas, né? Precisa ver, até porque as ações, como são vendidas constantemente, né?
- Vladimir Netto: Quem é José Eugenio Silva Ritter?
- Paulo de Abreu: É o presidente.
- Advogado: É o presidente da empresa.
- Vladimir Netto: mas vocês o conhecem?
- Paulo de Abreu: Uma vez nós já tivemos... em reunião.
- Vladimir Netto: Ele veio ao Brasil, dr. Paulo?
- Paulo de Abreu: não, eu estive lá em Miami.
- Vladimir Netto: Isso foi quando? Foi quando os senhores resolveram fazer uma sociedade pra administrar o Saint Peter?
- Paulo de Abreu: É, quando formalizamos a parceria. De lá pra cá, a gente manda as informações pra lá e ele se dá por satisfeito, enfim, ou pergunta alguma coisa, mas houve essa reunião em Miami quando da formalização do entendimento.

 
Na periferia

 O Jornal Nacional foi ao Panamá para tentar entrevistar o presidente da empresa que administra o hotel Saint Peter. Jose Eugenio Silva Ritter mora em uma rua em um bairro pobre na periferia da Cidade do Panamá.

 
Quando o repórter chegou, ele estava lavando o carro na porta de casa. Ritter disse que trabalha num escritório de advocacia, o Morgan y Morgan, há mais de 30 anos. E reconheceu que  aparece mesmo como sócio de muitas empresas mundo afora. "Trabalho na Morgan y Morgan e eles se dedicam a isso", afirmou.
Ele disse que não lembra da Truston International Inc, que administra o hotel Saint Peter, empresa da qual é o presidente.
 
"Eu sequer sei se é o nome de uma sociedade de várias pessoas. Você, por favor, vá lá na Morgan y Morgan, lá com um advogado e tudo, aí eu posso te dar a informação que você precisa. Se me autorizam, se posso falar, te dar as respostas, porque pode botar em perigo meu emprego", afirmou.
 
Morgan y Morgan

 No órgão que regulamenta e fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos consta que José Eugenio Silva Ritter é auxiliar de escritório do Morgan y Morgan.
A Morgan y Morgan fica em um prédio no centro financeiro da Cidade do Panamá. É uma firma que ajuda na fundação e administração de empresas internacionais com sede no Panamá.
 
A legislação do país permite que ações de companhias sejam transferidas de um empresário para outro sem que seja necessário informar as autoridades. Isso faz com que seja muito difícil saber quem é o verdadeiro dono de empresas como a Truston International Inc, proprietária do hotel Saint Peter.
 
"Esses países percebem como uma estratégia econômica de trazer recursos para aquele país, justamente flexibilizar as regras sobre tributação, sobre identificação. Então, esses países acabam diminuindo essas exigências de identificação de documentação pra atrair capitais, pra atrair ativos pra fomentar a propria riqueza do país", afirmou Pierpaolo Bottini,
professor de direito penal da Universidade de São Paulo (USP).


 O Jornal Nacional procurou Morgan y Morgan para perguntar sobre a propriedade da administradora do hotel Saint Peter, mas ninguém quis atender.

 
Controle acionário da Truston

 A advogada de Paulo Masci de Abreu, Rosane Ribeiro, afirmou que a sócia majoritária da Truston International é a nora dele, a empresária lara Severino Vargas. E que a nora vendeu a Paulo de Abreu o controle acionário do hotel Saint Peter.
A advogada disse também que o cliente é dono de 60% do prédio onde funciona o hotel Saint Peter. Os outros 40%, segundo a advogada, pertencem ao empresário Paulo Naya.

04 de dezembro de 2013
in aluizio amorim

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