"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

QUANTO VALE O "NOSSO" PETRÓLEO HOJE?

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Robert Bryce, autor especializado no tema com vários livros publicados, escreveu um artigo para a Bloomberg hoje lembrando que 40 nos atrás, neste mesmo mês, a OPEP decretou o embargo do fornecimento de petróleo aos EUA em represália por seu apoio a Israel na Guerra do Yon Kipur, provocando uma crise inflacionária que afetou o mundo inteiro.

O que ele mostra, como já se informou aqui no Vespeiro, não são boas notícias para o Brasil. Desde então os EUA se tornaram grandes exportadores de petróleo e estão passando por uma revolução energética desencadeada pelas novas tecnologias de extração de gás e petróleo de xisto (shale gas) que vai afetar a economia do mundo inteiro.

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O lobby do etanol, um produto do programa nacional norte-americano de subsídio à agricultura, especialmente a do milho, continua atuando e forçando a adição desse combustível à gasolina embora isso nunca tenha sido econômico e nem mais, até onde se possa enxergar no futuro, estrategicamente necessário.

Em 1973 o petróleo respondia por 48% da energia consumida no mundo. No ano passado essa porcentagem estava em 33%. Carvão, gás e energia nuclear são os principais substitutos responsáveis por essa redução proporcional.

Nestes 40 anos a produção mundial de petróleo aumentou em 34 milhões de barris/dia ou 61%.
No mesmo período o uso de carvão aumentou 140% (energia equivalente a 44 milhões de barris de petróleo/dia), o gás natural 184% (= 39 milhões de barris/dia) e a energia nuclear cresceu 1.100% (= 11 milhões de barris/dia, menos de 5% do consumo mundial de energia).

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Há 40 anos 17% da energia gerada nos EUA era de petróleo, proporção que hoje caiu para meros 1%. Nesse período os EUA aumentaram sua população em 50% (de 212 para 316 milhões de pessoas) e quase triplicaram seu PIB (de 5 para 14 trilhões de dólares) enquanto o consumo de petróleo aumentou somente 7%.

Por trás desses números, além dos ganhos de eficiência, está também a revolução do shale gas.
Em 2012 o país produziu 66 bilhões de pés cúbicos de gás por dia, o maior volume em toda a sua história. O preço despencou para 3,64 dólares por milhão de BTUs, o mais barato do mundo com exceção do preço praticado no Qatar. Isso está provocando um renascimento de indústrias que tinham migrado para os paraísos socialistas (aqueles onde o trabalho não vale nada) que vai da do aço à de fertilizantes.

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A produção de petróleo também aumentou, só no ano passado, 800 mil barris/dia. Em julho de 2013 o país exportou 3,9 milhões de barris de produtos refinados de petróleo por dia. Em 1973 esse número correspondia a 211 mil barris/dia.

Os países da Opep somados contam 429 milhões de habitantes, 115 milhões a mais que os EUA e seu PIB somado é de 3,3 trilhões de dólares, ¼ do dos EUA (14 tri), com uma renda per capita de 7.800 dólares, o que corresponde a 62% da média mundial e a 1/6 da renda média americana, que está em 50.000 dólares por cabeça.

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Os EUA ainda importam petróleo e carvão mas apenas pelo bom negócio de beneficiá-los e reexportá-los.

Eles se transformaram, para resumir, na grande potência energética do mundo de hoje, um freguês a menos, portanto – e muito grande – tanto para a indústria brasileira do álcool quanto para o petróleo do pré-sal se e quando ele sair lá das profundezas por um preço competitivo.

O que prova, mais uma vez, que o que faz a diferença é educação e capacidade de inovação tecnológica, duas coisas que são fruto, exclusivamente, da qualidade do sistema institucional e político que cada país adota.

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11 de outubro de 2013
vespeiro

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