Em correspondência enviada ao presidente Michel Temer, na qual informa que sua agenda não permite que venha ao Brasil, o Papa Francisco afirma que a crise que nosso país enfrenta não é de fácil solução. No mesmo documento, destacou que os mais pobres são aqueles que costumam pagar o preço mais amargo. A carta, objeto de matérias publicadas em O Globo e na Folha de São Paulo de quarta-feira, foi divulgada no site do jornalista Gerson Camarotti, que entrevistou o Pontífice na última vez que esteve no país. Na Folha de São Paulo, a matéria é assinada por Ana Virgínia Baloucier, em O Globo saiu sem assinatura.
O episódio tem uma importância política muito grande, lendo-se com atenção o texto papal. Diz ele: “Sei bem que a crise que o país enfrenta não é de simples solução, uma vez que tem raízes sociais, políticas e econômicas e não corresponde à Igreja nem ao Papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo.
PREÇO MAIS AMARGO – Ao abordar a situação social brasileira, acentuou: “Não posso, porém, deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo os mais pobres, que muitas vezes se vêm completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira”.
O convite pra que visitasse o Brasil foi formulado no ano passado pelo presidente Michel Temer, para que o Papa Francisco participasse das comemorações dos 300 anos do encontro da imagem de N. S. Aparecida. Também na carta-RESPOSTA, o líder católico afirmou que inclui sempre o Brasil de modo especial em suas orações. Acentuou esperar que a Santa continue a proteger o Brasil e o povo brasileiro.
FORTE ANÁLISE – Pode-se observar nas palavras papais uma certa dose de forte análise do panorama em que se encontra nosso país. E também uma restrição à política na qual o Palácio do Planalto busca uma solução, atingindo os mais pobres. Como é o caso do projeto de reforma da Previdência. O quadro assim definido dá margem também a que se observe com atenção o momento em que o Vaticano liberou a resposta de Francisco, em meio aos depoimentos em série dos delatores na Operação Lava-Jato.
Em março – destaca a Folha de São Paulo – a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil criticou a reforma da Previdência condenando a instituição de qualquer ameaça aos direitos sociais. Agora a CNBB revela que fazemos nossas as palavras do Papa.
Como se vê a posição do Vaticano agora ressaltada pela CNBB tem endereço certo.
20 de abril de 2017
Pedro do Coutto
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