Certas iniciativas, em política, são incompreensíveis. A mais recente foi encenada pelo advogado José Yunes, assessor especial da presidência da República e amigo fraterno do presidente Michel Temer. Em carta emocional, ele entregou o cargo, alegando como motivo haver sido acusado pelo ex-diretor da Odebrecht, Claudio Melo Filho, de receber em seu escritório, em São Paulo, 4 milhões de reais de propina pagos pela empreiteira que supostamente atendia pedido do presidente Michel Temer para ajudar o PMDB na campanha eleitoral. Yunes chamou a acusação de abjeta e fantasiosa, feita por pessoa que nem conhece. Por isso, pedia demissão.
Ora, se mentirosa a delação, caberia ao advogado permanecer ao lado do amigo há cinquenta anos, para comprovar a falsidade. Saindo, deixa no mínimo dúvidas. Deveria ter aguardado a divulgação completa do depoimento do delator para desmenti-lo e processá-lo. Jamais deixar o presidente Temer às voltas com uma acusação por enquanto indefinida.
São muitas as situações como essa, em se tratando de acusações à distribuição de propinas por empreiteiras a figuras do governo. Cabe ao presidente elucidá-las, dando aos envolvidos no noticiário a prerrogativa de comprovar sua inocência. Se não conseguirem, só então deveriam renunciar.
REBELIÃO – Renan Calheiros sofreu nova derrota no plenário do Senado. Seus liderados não aceitaram antecipar a votação do projeto sobre o abuso de autoridades, ficando o projeto para fevereiro. Fora da presidência da casa, após o recesso parlamentar, precisará comprovar sua liderança na votação posterior. Terá mais dificuldades, como ex-presidente, mas promete manter a disposição de enquadrar o Judiciário.
16 de dezembro de 2016
Carlos Chagas
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