Com a paralisação das atividades do Congresso a partir de hoje e o Supremo Tribunal Federal devagar, quase parando, aumentarão as agruras do Executivo. Deverão continuar os vazamentos das delações dos ex-diretores da Odebrecht, atingindo grandes e pequenas figuras do mundo político. Todos terão direito à defesa, mas a simples inclusão de seus nomes funcionará como sentença irrecorrível para condenar o futuro de todos. Nas eleições de 2018 poderão estar afastados os sonhos de candidatos até à presidência da República, aos governos estaduais, à Câmara e ao Senado. Hoje, não há certeza de quem e quantos vão concorrer. Claro que muitos poderão escapar da degola, mesmo culpados.
Certa parece ser, também, sensível mudança no ministério e em altos postos do governo. Impossível será a permanência de uns tantos ministros envolvidos com o recebimento de propinas e a manipulação de dinheiro podre.
A pergunta que se faz é sobre o papel das empreiteiras nesse período de pós-guerra após o festival de corrupção por elas encenado há anos. Possivelmente sobreviverão, mas marcadas a ferro e fogo.
E TEMER? – Quanto ao presidente Michel Temer, precisará enfrentar sucessivas tertúlias que nem Papai Noel poderá evitar. Não surtirão efeito os apelos para que renuncie, sequer as tentativas para a convocação de imediatas eleições gerais. Seguir adiante dentro das disposições constitucionais é sua garantia final. Apesar das sucessivas manifestações de protesto da população, e do risco do aumento da violência, não há sinal de desmoronamento das estruturas institucionais. Pelo menos por enquanto.
É flagrante a rejeição do povo diante das combalidas instituições representativas ortodoxas, mas não surgiu até agora um movimento ou um líder capaz de empalmar o sentimento de mudanças inusitadas.
Em suma, por falta de alternativas, haverá que seguir adiante.
16 de dezembro de 2016
Carlos Chagas
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