Em seu editorial da edição de quarta-feira, O Estado de São Paulo, em que é destacado o equívoco da Fiesp em, indiretamente, tentar lançar uma sombra sobre o fato de um de seus diretores ser individualmente o maior devedor de impostos do país, atingindo a escala de 6,9 bilhões de reais, está também assinalado o fato de que os tributos em atraso e os sonegados em todo o país atingem a estratosférica cifra de 1 trilhão de reais.
Assunto, inclusive, em relação ao qual gostaria de receber o comentário dos companheiros deste site Flávio José Bortolotto e Wagner Pires, especialistas em análises econômico-financeiras. Wagner Pires, em texto recente, lembrou que as dívidas de empresas para com o INSS elevam-se à altura vertiginosa de 1 trilhão e 800 bilhões de reais.
Somadas as duas escalas de sonegação e dívidas não cobradas, as quais atravessam o tempo, chegamos a um Everest total de 2 trilhões e 800 bilhões. Para se ter uma ideia plena do que tal montante representa, basta dizer que equivale à metade do Produto Interno do Brasil.
Assim constata-se que 50% da produção brasileira anual, um das maiores do mundo, abrange um endividamento colossal, porém o problema do endividamento não é só este causado por sonegadores. Envolve igualmente o governo federal, cujas dívidas superam o volume de 2,8 trilhões de reais, distribuído em notas do Tesouro Nacional colocadas no mercado financeiro a juros anuais de 14,25%.
NA ESTRATOSFERA… – Dessa forma, fazendo-se um exercício de convergência, verifica-se que as dívidas brasileiras alcançam, tanto as públicas quanto aos privadas, a escala impressionante de 5 trilhões e 600 bilhões de reais, e sem contar a dívida externa de estados, municípios e empresas privadas.
De onde se conclui que toda produção econômica do Brasil repousa num processo crônico de endividamento. Um círculo vicioso do qual o ministro Henrique Meirelles tentará livrar o governo. Mas como ele próprio sustenta, exigirá alguns anos, pelo menos. Talvez uma década.
De onde se conclui que toda produção econômica do Brasil repousa num processo crônico de endividamento. Um círculo vicioso do qual o ministro Henrique Meirelles tentará livrar o governo. Mas como ele próprio sustenta, exigirá alguns anos, pelo menos. Talvez uma década.
Outro confronto que deve ser feito é em relação às dívidas frente aos salários. As folhas salariais brasileiras são praticamente iguais à fração de 40% do PIB, portanto algo em torno de 2,2 trilhões anuais.
Colocando-se o tema diante do espelho da realidade, chega-se a conclusão de que, para acertar as contas públicas, o fundamental é enfrentar os endividamentos e não aprovar uma reforma previdenciária capaz de diminuir as despesas da Previdência Social.
Colocando-se o tema diante do espelho da realidade, chega-se a conclusão de que, para acertar as contas públicas, o fundamental é enfrentar os endividamentos e não aprovar uma reforma previdenciária capaz de diminuir as despesas da Previdência Social.
SEM DÚVIDAS – A comparação entre os números produz essa certeza, capaz de anular quaisquer dúvidas existentes no elenco de soluções que o presidente Michel Temer busca encontrar para comprimir um déficit orçamentário projetado em 170 bilhões de reais para 2017.
Quais despesas poderão ser reduzidas em comparação com as sonegações e dívidas tributárias?
Muito poucas, em relação ao montante que desafia o governo e a equipe de Henrique Meirelles. É muito melhor o caminho de cobrar do que o caminho para cortar direitos.
21 de julho de 2016
Pedro do Coutto
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