Esta estratégica informação explica a resistência de Marcelo Odebrecht, que custou muito a aceitar a delação premiada e agora não pode mais se arriscar a perdê-la. Em seus próximos depoimentos ele terá de explicar, em detalhes, os recursos generosamente liberados a pelo menos 316 políticos, cujos nomes constam das planilhas apreendidas em fevereiro pela Polícia Federal na casa do então presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, no Rio, durante a fase Acarajé da Lava Jato.
Os repasses foram feitos nas campanhas municipais de 2012 e para a eleição de 2014. Na relação, surgem nomes de ministros do governo Dilma, senadores e deputados da antiga base aliada do PT e também da oposição. Estes 316 políticos estão filiados a 24 partidos, demonstrando que a Odebrecht conseguiu comprar ou conquistar apoio e influência em todas as legendas hoje representadas no Congresso Nacional.
NEM TODOS SÃO CORRUPTOS – Bem, no momento é preciso dar a esses 316 políticos o chamado “benefício da dúvida”. Somente Marcelo Odebrecht poderá identificar quem é corrupto e ganhou propina, quem levou dinheiro em caixa 2 de campanha e quem apenas recebeu patrocínio eleitoral, sem se envolver diretamente em favorecimento aos negócios do grupo empresarial.
Em fevereiro, quando a força-tarefa aprendeu a lista com os 316 nomes, o assunto era tão importante e delicado que imediatamente o juiz Sergio Moro decidiu colocar sob sigilo o inquérito. Mas enfim chegou a hora da verdade, em função do depoimento do funcionário Marcos Paula Sabiá, que atribuiu ao próprio presidente do grupo Odebrecht a supervisão do Departamento de Operações Estruturadas, que ficou conhecido como “Departamento de Propinas”.
Tradução simultânea: Marcelo Odebrecht não tem mais escapatória. Já está condenado a 19 anos e quatro meses de prisão e responde a outros processos e inquéritos em andamento. Há meses tenta fechar o acordo de delação, mas na hora dos depoimentos só quer revelar o que a força-tarefa já sabe, a negociação não avança.
A GRANDE CHANCE – Agora, Marcelo Odebrecht passou a não ter a menor condição de seguir embromando a força-tarefa. Ou fala o que sabe, paga as multas bilionárias e ganha direito à prisão domiciliar, ou se arrisca a ficar na prisão por até 30 anos, pena máxima existente no Brasil. Como diria o apresentador de TV Flávio Cavalcanti, é a sua grande chance. A família está angustiada e pede que ele conte tudo. Seu pai Emílio Odebrecht, no desespero, até se ofereceu para depor, mas isso nada significará para reduzir a condenação do filho.
A situação é dramática e todos sabem que agora Marcelo Odebrecht enfim vai ceder e seus próximos depoimentos vão destruir as carreiras de dezenas de políticos de grande destaque, dos mais variados partidos. Com uma ressalva — alguns políticos, que apenas receberam patrocínios eleitorais, podem até se salvar, com algumas escoriações na imagem política, mas os restantes estarão liquidados e criminalmente envolvidos em corrupção.
Como diz a Bíblia, em Mateus 22:14, “muitos são chamados, mas poucos os escolhidos!”. E completa: “Dai a César o que é de César”. O fato é que o destino incumbiu Marcelo Odebrecht de apontar quais são os escolhidos. E ele não poderá mentir, caso contrário perderá o direito aos benefícios da delação premiada. É por isso que o depoimento do funcionário Marcos Paula Sabiá, um ilustre desconhecido no mundo da política, explodiu como uma bomba na Praça dos Três Poderes.
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PS – Já ia esquecendo. Na lista dos 316 políticos, não constam os nomes de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas eles também serão devidamente contemplados na delação de Marcelo Odebrecht, que vai destruí-los — Lula, pelo conjunto da obra, e Dilma, pelo caixa 2 da campanha de 2014. (C.N.)
PS – Já ia esquecendo. Na lista dos 316 políticos, não constam os nomes de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas eles também serão devidamente contemplados na delação de Marcelo Odebrecht, que vai destruí-los — Lula, pelo conjunto da obra, e Dilma, pelo caixa 2 da campanha de 2014. (C.N.)
21 de julho de 2016
Carlos Newton
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