O marqueteiro que assustou os pobres com mesas vazias só escapará da comida de cadeia se engolir a delação premiada
Entre tantas outras vigarices, o marqueteiro João Santana pariu na campanha presidencial de 2014 uma invencionice especialmente sórdida. Se Dilma Rousseff não fosse reeleita, alertavam comerciais exibidos no horário do PT, a comida sumiria da mesa dos pobres ─ para divertimento dos banqueiros que debochavam da desgraça dos desvalidos. A safadeza terrorista funcionou sobretudo nas urnas dos grotões do Brasil.
Nesta semana, em companhia da mulher e sócia, Mônica Moura, o fabricante de fantasias foi apresentado ao país redesenhado pela Lava Jato. O vendedor de fumaça que só frequentava restaurantes estrelados agora deve contentar-se com as refeições servidas à população carcerária.
Os primeiros depoimentos em Curitiba informam que o casal engaiolado não tem explicações convincentes para os milhões de dólares sujos escondidos nas contas abertas em bancos estrangeiros. É provável que a dupla já tenha entendido que não está lidando com eleitores assustadiços e desinformados, mas com investigadores que sabem quase tudo. Estão apenas completando o mosaico.
Para mudar o cardápio, portanto, Santana e Mônica terão de engolir a delação premiada. Pode parecer amargo, mas é bem melhor que comida de cadeia.
02 de março de 2016
Augusto Nunes, VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário