Em entrevista exclusiva ao Estadão, o novo ministro da Justiça, Wellington Cesar Lima e Silva, disse que não vai trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. “Tive uma conversa muito boa com o diretor-geral da PF, com o Leandro (Daiello). E o sinal foi tranquilo, de permanência. As coisas continuam como estão (na PF)”, afirmou.
Ao candidatar-se ao posto de procurador-geral do Estado, o senhor ficou em terceiro lugar na lista tríplice.
Foram seis candidatos. Eu estava distante da atividade institucional e me inscrevi no último dia e consegui entrar no terceiro lugar. O governador Jaques Wagner conversou com todos os candidatos e eu acabei sendo o escolhido. Na recondução eu fiquei em primeiro lugar com a maior votação da história.
O senhor também foi criticado por ter “cooperado” com o governo Wagner.
No que diz respeito à atitude cooperativa não hostil, eu acho que os entes públicos, de modo geral, devem se relacionar pautados num elevado padrão de tratamento recíproco. Qualquer que seja o ente. Em qualquer lugar que eu esteja, orientarei minha conduta por elevados padrões de tratamento sem transigir em absolutamente um milímetro da minha obrigação institucional.
É que o momento é delicado, ministro. Especula-se que o senhor deve trazer o atual secretário de Segurança Pública na Bahia, Maurício Barbosa, para o comando da Polícia Federal.
Não considerei nenhuma hipótese ainda. A minha ideia inicial é avaliar todos os quadros do ministério e fazer os ajustes.
Mas o senhor faria uma mudança na PF, não?
Não! Pelo contrário. Ontem eu tive uma conversa muito boa com o diretor-geral da PF, com o Leandro (Daiello). E o sinal foi tranquilo, de permanência, de que as coisas continuam como estão.
O senhor pretende mantê-lo, então?
Eu pretendo mantê-lo. Disse a ele que palavra de ordem é trabalhar normalmente.
Como foi a conversa?
Leandro se revelou um servidor da maior qualidade. Eu tive a melhor impressão sobre ele.
Como o senhor vem da Bahia, a sua uma indicação foi feita pelo ministro Jaques Wagner…
Só para registrar. A minha indicação foi feita pelo ministro José Eduardo Cardozo até onde eu sei. Ele e o ministro Jaques Wagner me disseram que a indicação partiu do ministro Cardozo. Nós já nos conhecíamos há algum tempo. Participávamos de encontros do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais.
O senhor também já esteve com o procurador geral Rodrigo Janot. Tem boa relação com ele?
Tenho uma relação institucional. Sem maior proximidade. Mas muito positiva.
Sua ligação com o ministro Jaques Wagner deixa a impressão que o Ministério da Justiça ficará subordinado à Casa Civil. Como responde a isso?
Não existe isso. Não há a menor possibilidade.
O senhor vai tentar marcar sua independência?
Não é independência. Vou cumprir meu papel institucional onde quer que eu esteja. No Ministério Público ou no Ministério da Justiça, vou cumprir meu papel institucional.
A ordem da presidente Dilma é manter as investigações? O senhor chegou falar com ela sobre isso?
A minha orientação pessoal e minha determinação é conduzir o Ministério da Justiça com absoluta fidelidade aos seus compromissos constitucionais.
O ministro Cardozo saiu muito criticado por todos os partidos políticos, pelo PT, PMDB...
A conjuntura e as condições do ministro José Eduardo Cardozo são particulares da sua história pessoal e estão vinculadas a essa dinâmica. A minha condição está presa à minha origem constitucional. Sou uma opção de natureza técnica. Não venho da atividade, do ambiente político. E pretendo dar uma modesta colaboração pautado sempre na observância da Constituição. Com respeito às decisões do Supremo Tribunal Federal e da Justiça do meu País.
A sua entrada no ministério da Justiça não significa uma mudança de rumos na pasta?
Significa um novo personagem, mas pautado pelo mesmo quadro. E esse quadro é a Constituição e o desempenho das funções do ministro da Justiça.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Esta declaração do procurador Wellington Lima e Silva está levando Lula à loucura. O ex-presidente achava que o governo agora passaria a controlar a Polícia Federal, mas trata-se de missão impossível. O novo ministro já fez questão de tirar o dele da reta, como se dizia antigamente. (C.N.)
02 de março de 2016
Adriano Ceolin
Estadão
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