Investigadores avaliam a possibilidade de que as menções feitas pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) em delação premiada sejam também incluídas na investigação que corre no Supremo e tenta mostrar o sistema organizado de políticos no recebimento de propina e benefícios oriundos de contratos da Petrobrás.
A delação de Delcídio, homologada na segunda-feira, 14, pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato na Corte, reforça a apuração sobre o PMDB e sobre o PT no inquérito, o que pode gerar a inclusão de Temer e Lula no rol de investigados.
No caso de Lula, além das menções feitas por Delcídio, os procuradores devem solicitar informações à Justiça Federal no Paraná, que conduz a investigação que tem o ex-presidente como alvo. Se Lula for confirmado ministro de Estado, no entanto, a solicitação nem será necessária, pois todo o material de investigação que corre na justiça de primeira instância será encaminhado para a PGR e para o Supremo Tribunal Federal.
RELAÇÕES PERIGOSAS
Na delação, Delcídio detalha a proximidade do ex-presidente Lula com um amigo pessoal, o pecuarista José Carlos Bumlai, réu na Operação Lava Jato. O senador petista também relata tentativa de Lula evitar o depoimento do lobista Mauro Marcondes, réu na Operação Zelotes, na CPI do Carf.
Já com relação a Temer, procuradores devem avaliar sua inclusão unicamente com base nas falas de Delcídio. O delator envolve o vice-presidente em suposto esquema de aquisição ilícita de etanol pela BR Distribuidora. O peemeebista teria, segundo Delcídio, “apadrinhado” o ex-diretor da subsidiária da Petrobrás João Augusto Henriques, supostamente envolvido no caso e que fez pagamentos indicados como propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA
A Procuradoria não descarta incluir o nome de Lula e de Bumlai também na acusação contra Delcídio por tentativa de obstrução de investigações da Lava Jato. Na delação, o senador conta que Lula pediu que o parlamentar ajudasse Bumlai para garantir o silêncio do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, em eventual depoimento aos investigadores. Segundo Delcídio, foi intermediado o pagamento de valores por Maurício Bumlai, filho do pecuarista, ao então advogado de Cerveró.
Delcídio foi denunciado em dezembro, ao lado de André Esteves, do BTG Pactual, Diogo Ferreira, assessor do parlamentar, e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró, todos por tentativa de atrapalhar as investigações da Lava Jato.
TEMER NEGA
Por meio de sua assessoria de imprensa, o vice-presidete Michel Temer disse que não comentaria o caso. Interlocutores alegam que ele é presidente de um partido e, nessa condição, não pode ser responsabilizado por eventuais falhas cometidas por seus correligionários.
16 de março de 2016
Beatriz Bulla e Fabio FabriniEstadão
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