O governo Dilma Rousseff (PT) se vê novamente acuado após um curto respiro durante o fim de dezembro e o mês de janeiro. E o inferno astral da presidente, agora, retorna maior. A prisão do marqueteiro João Santana, responsável por campanhas de Lula, Dilma e outras figuras importantes do PT, abre uma nova perspectiva para a oposição: a das cassações de Dilma e do vice Michel Temer, via Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa tese parte do pressuposto de recebimento de dinheiro via caixa 2 para pagamentos das contas eleitorais, tanto na campanha de 2010 como na de 2014.
A prisão de João Santana e suas implicações ocorrem justamente quando a tese de impeachment vinha perdendo força, porque, para aprová-la, a oposição teria de controlar a maioria do Congresso. E, na volta do ano Legislativo, o governo obteve uma importante vitória ao conseguir emplacar o candidato do Planalto para o comando do PMDB na Câmara.
Ou seja, independentemente dos méritos da Lava Jato, a operação parece agir em sintonia com as ações da oposição ou ditá-las. Se o impedimento via Congresso enfraqueceu, ataca-se pela Justiça eleitoral. Com um agravante para o Planalto, o novo presidente do TSE, onde serão julgadas as ações de cassação da chapa Dilma/Temer, incluindo agora o recebimento de recurso via caixa 2, será o ministro Gilmar Mendes, desafeto explícito do Partido dos Trabalhadores.
INSUSTENTABILIDADE
Apesar dos argumentos do PT sobre ocorrência de investigação seletiva, até aqui o partido tem dado motivos de sobra para a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário suspeitarem das ações da legenda. Nos bastidores, gente do próprio PT e dos partidos aliados já trabalha com a possibilidade de o governo Dilma realmente não chegar ao fim. O clima de insustentabilidade, neste início do segundo mandato, retornou mais consistente. Os panelaços voltaram, a economia em recessão e os escândalos de corrupção continuam. Além disso, há a expectativa de uma grande manifestação contra o governo no dia 13 de março – a maior, talvez, durante a era Dilma Rousseff. Em outras palavras, o governo está cercado de crise por todos os lados.
A própria propaganda do partido, veiculada semana passada, tentou salvar de forma enfática a pele do partido e de Lula, mas não se esmera muito na defesa do atual governo. Talvez, inconscientemente, o PT já esteja considerando perdida essa batalha (salvar o governo Dilma) e vai concentrar suas forças para preservar o ex-presidente Lula e lançá-lo como candidato em 2018.
Mesmo com pesquisas de opinião mostrando um enfraquecimento de Lula diante da população e também diante de seus eventuais adversários numa eleição presidencial, ele ainda é o nome mais forte para a disputa, e seus adversários sabem muito bem disso.
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