Depois de quase cinco meses de idas e vindas e alvo de um arsenal de manobras patrocinadas por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e aliados, o Conselho de Ética decidiu na madrugada desta quarta-feira (2), por apertada margem, dar sequência ao processo de cassação contra o presidente da Câmara dos Deputados.
Apesar de o resultado representar apenas a superação do obstáculo inicial do processo, o resultado de 11 votos a 10 representa uma grande derrota para Cunha, que empenhou todo o seu peso político nos últimos meses para tentar barrar a tramitação do caso.
O placar inicial foi de 10 votos a 10. Coube ao presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), desempatar a favor da continuidade do processo.
Apesar da derrota, Cunha e aliados vão tentar aprovar, ao final, uma punição mais branda ao peemedebista, como uma suspensão ou censura verbal, em vez da cassação.
RELATÓRIO
O primeiro passo nesse sentido foi a retirada do relatório da suspeita de que Cunha tenha recebido vantagens indevidas no esquema da Petrobras. Manteve-se apenas a suspeita de que ele mentiu à CPI da Petrobras ao negar, no início de 2015, que tivesse contas no exterior. A mudança foi feita a pedido de Paulo Azi (DEM-BA), que, após essa mudança, acabou votando pela sequência ao processo.
O relator, Marcos Rogério (PDT-RO), disse, porém, que nada impede que novas acusações sejam acrescentadas no decorrer das investigações.
A ação de Cunha e de aliados, que nos últimos meses resultou em uma troca de relator e no cancelamento da primeira votação contrária a ele no colegiado, durou até o último momento.
SESSÃO FANTASMA
Cunha presidiu na noite desta terça, até pouco após as 23h, uma sessão no plenário quase fantasma, com pouco mais de dez aliados que se revezavam nos microfones com discursos variados. O objetivo era evitar a retomada da sessão do Conselho de Ética, que só podia votar quando o plenário principal encerrasse seus trabalhos.
Cunha e aliados também esperavam a formalização da renúncia do deputado Vinícius Gurgel (PR-AC) à sua vaga no Conselho. Aliado do presidente da Câmara, ele estava fora de Brasília e estava permitindo que um suplente anti-Cunha assumisse. Com a renúncia, assumiu o líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), que votou a favor de Cunha.
O Conselho retomou a votação às 23h17 e anunciou o resultado à 0h08 desta quarta.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – E o Supremo decide hoje se Cunha vira réu na Lava Jato. Mesmo assim, ele quer continuar na presidência da Câmara… (C.N.)
03 de março de 2016
Branier Bragon
Folha
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