Houve tempo em que o Brasil dispunha de razoável indústria bélica. Fabricávamos não apenas tanques, melhor dizendo, carros de combate, comprados por países do Oriente Médio, além de metralhadoras, submetralhadoras, bazucas, granadas, canhões de médio porte, espingardas, revolveres, aviões de combate e parte da parafernália utilizada no embate de médio porte entre pequenos exércitos empenhados na arte de ataque e defesa a curto prazo. Desenvolvíamos tecnologia aceita pelo chamado Terceiro Mundo, sendo que a produção também bastava para prover nossas necessidades.
Foi no tempo do regime militar, ainda mergulhados no período do “milagre brasileiro” dos primeiros generais-presidentes que isso aconteceu. Muita gente protestava, sugerindo outras finalidades industriais, mas a verdade é que encontrávamos mercado. Antes mesmo que se implantasse a Nova República, porém, fomos perdendo a freguesia. Estados Unidos, Inglaterra,França, Rússia e China, entre outros, já estavam e mais entraram na disputa. Fomos ultrapassados.
Discute-se hoje nos círculos militares se devemos retomar a tentativa e a resposta surge negativa. Faltam-nos recursos, bem como tecnologia e decisão política. Além do mais, sumiram os estímulos dos cofres públicos para alimentar a parceria com a atividade privada. As prioridades seriam outras, se dispuséssemos de meios. Nos recentes cortes orçamentários sobrou muito pouco para armamento. O resultado é que perdemos para muitos vizinhos de fronteira, sem contar o Chile.
Não há que contar com guerras no continente sul-americano, mas será bom indagar até onde vão as preocupações dos estados-maiores das Três Forças e do ministério da Defesa. Um país de nossas dimensões deverá, no mínimo estar alerta.
03 de março de 2016
Carlos Chagas
Nenhum comentário:
Postar um comentário