Discordo frontalmente das afirmações de alguns comentaristas, que manifestaram opinião de que a Petrobras nunca deveria ter sido criada. Sabe-se que a Petrobras, desde sua criação, foi duramente combatida por agentes internos e externos, pois significava uma expectativa de autossuficiência em petróleo, importantíssima para a entrada do país na era industrial.
Na época, em 1953, o empresariado privado brasileiro não tinha – e até hoje não tem – condições de investimento para prospectar, extrair, refinar e distribuir, atividades que exigem elevadíssimos investimentos e demandam muito tempo muito tempo para o retorno do capital aplicado.
CORRUPÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO
Corrupção sempre teve no Brasil e no mundo, e não foi menor do que está sendo agora, meus caros. Um ex-presidente da Petrobrás na década de 70, Shigeaki Ueki, é hoje um dos maiores empresários do petróleo do Texas, à frente da família Bush.
As empresas de petróleo da Europa e dos EUA (as sete irmãs) já foram envolvidas em escândalos de corrupção. O ex-presidente Nicolas Sarkozi, da França, está envolvido em escândalo vergonhoso envolvendo um grande multinacional francesa. E aí, é só aqui, cara-pálidas? No resto do mundo é o paraíso e aqui é o inferno?
PUNIÇÃO SEVERA
O que precisamos é de punição severa, quando os fatos corruptores são constatados e provados. Só assim poderemos reduzir a demanda por mais corrupção. A impunidade é que gera as distorções.
Uma coisa boa, no atual momento, foi a prisão dos empreiteiros. Antes, somente alguns corruptos do serviço públicos pagavam pelos seus erros. Agora, graças à coragem do juiz Sérgio Moro, executivos amargam as grades. Se forem julgados e condenados, depois da ampla defesa e do contraditório, terão que cumprir as penas e devolver o produto da corrupção.
EXEMPLO DO HSBC
Veja-se, agora mesmo, o megaescândalo do HSBC na Suíça. O banco não vai falir nem ser banido da Suíça, lógico que não. Apura-se a roubalheira e a corrupção do banco, os envolvidos serão punidos, e vida que segue.
A Petrobras é maior do que tudo que estamos vendo diariamente na mídia, um orgulho nacional que todo brasileiro sente na pele, sabendo que é uma das 10 melhores empresas do mundo e comprovando que somos competentes no que fazemos, quando deixam, é claro. Um grupo pequeno manchou de óleo podre a empresa, mas logo eles passarão e novos dirigentes compromissados com a ética assumirão os cargos vagos.
Agora, pedir para privatizá-la e entregar na mão de quem? Das construtoras envolvidas na Lava Jato? Ou daquele empresário que queria ser o primeiro brasileiro mais rico do mundo e que hoje está falido? A Petrobras é nossa, do país, da sociedade brasileira e pode ser administrada com competência por agentes públicos. Não esqueçam que a empresa é de economia mista, caros cidadãos.
Privatizar uma empresa, ao menor sinal de dificuldades pontuais, significa tirar o sofá da sala, quando o marido vê sua amada deitada nele com outra pessoa.
14 de março de 2015
Roberto Nascimento
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