Quando surgiu a informação de que o homem-bomba Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, teria dito em depoimento que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra recebeu dinheiro do esquema de corrupção montado na estatal, toda a mídia estampou a notícia.
Na tevê - antes mesmo de admitir as falcatruas na empresa -, Dilma disse que pau que bate em Chico também bate em Francisco. Referia-se ao envolvimento do nome de Guerra, que já morreu, entre os beneficiários da ladroagem. Tucanos pediram a investigação do caso.
Eis que agora surge a denúncia, publicada pela Veja, de que Dilma e Lula sabiam de tudo sobre a roubalheira na Petrobras. Desta vez, a presidente não quis saber se o pau que bate em Chico também bate em Francisco. Em vez de pedir que se apure tudo, bateu na revista. Acusou-a de fazer terrorismo e recorreu à Justiça para tentar tirá-la de circulação. Ao desbaratar a quadrilha e colocar Costa e Youssef na cadeia, a PF estimou que a organização criminosa havia movimentado pelo menos R$ 10 bilhões. Isso quando se imaginava que a maracutaia resumia-se à Diretoria de Abastecimento, então chefiada por Paulo Roberto.
Após a delação premiada - acordo em que os réus se comprometem a confessar o crime em troca de perdão judicial -, sabe-se que o desvio de recursos da Petrobras era bem maior. Eles contaram que parte do dinheiro roubado também jorrava de outras áreas da empresa e ia parar nos cofres do PT, do PP e do PMDB.
Em tese, trata-se de confissão, não de denúncia. Se mentirem, além de perder o benefício da delação, eles têm a pena aumentada. Resolveram falar porque - assim como Marcos Valério, no mensalão - temem ser os únicos a pegar uma pena alta e a mofar na cadeia.
A pergunta que não quer calar é: como se monta uma máquina de roubar dessa magnitude, com a distribuição de bilhões roubados aos aliados, e ninguém na cúpula do governo sabe de nada?
O estranho é que um dos acusados - por Costa e Youssef - de atuar como operador do esquema é justamente o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
O antecessor dele no partido, Delúbio Soares, teve de passar uma temporada na Papuda depois de condenado pelo STF no escândalo do mensalão. Dirceu e Genoino, também.
À epoca do escândalo, Lula jurou não saber de nada. Agora, quem também jura é a presidente. Acredite: pau que bate em Chico pode não bater em Dilma e em Luiz Inácio.
26 de outubro de 2014
Plácido Fernandes Vieira, Correio Braziliense
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