"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 26 de outubro de 2014

A CULTURA DA CORRUPÇÃO



Casos de desvio de dinheiro público, antigos e recentes, dominaram os debates eleitorais na campanha presidencial que está terminando e também em algumas disputas estaduais.

Candidatos e partidos políticos procuraram sempre evidenciar os malfeitos de seus adversários, mas poucos foram capazes de reconhecer que o modelo político do país, que eles próprios fazem questão de manter inalterado, é o principal fator gerador da corrupção.

Enquanto vigorar um sistema que conjuga deformações institucionalizadas _ entre as quais alianças partidárias aberrantes para sustentar o presidencialismo de coalizão, loteamento da administração pública como compensação para o apoio político, financiamento de campanhas políticas por empresas que fazem negócios com o governo e proliferação desenfreada de partidos sem qualquer identidade programática _ todos os discursos moralizadores serão inconsequentes.

Superada a atual campanha eleitoral, que já está sendo apontada como uma das mais agressivas da história republicana, o país tem que parar para refletir e para repensar o seu fazer político. Parcela significativa da população brasileira sai desse momento triste verdadeiramente enojada com a política, tal foi o festival de acusações, denúncias e ofensas entre os candidatos nos espaços públicos e entre os eleitores nas redes sociais. A chamada estratégia da desconstrução acabou desconstruindo um pouco mais a confiança do povo nos seus representantes.


Como alterar esse estado de coisas? Já está evidente que não basta defender e sonhar com a esperada reforma política, que não vem nunca porque os beneficiários do atual sistema são os primeiros a boicotá-la no Congresso.


Constituinte exclusiva, como querem algumas lideranças respeitáveis, é uma alternativa tão anômala, que implica riscos à democracia. Então, não resta outra saída a não ser a aplicação rigorosa da legislação já existente para punir infratores e a criação de novos mecanismos preventivos que aumentem a transparência na administração pública.

Corrupção se combate com o exercício diário e permanente da ética. Simples assim, desde que se convencione que não há ética pela metade, nem ética exclusiva e muito menos ética adaptada ao gosto de quem ocupa o poder.


26 de outubro de 2014
Editorial Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário