É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é hoje a marca da Copa do Brasil. Por quatro semanas ela deixa de ser o evento da controversa Fifa. A política e a torcida não se confundem mais, e o debate sobre o uso indevido de recursos públicos é, por momentos, deixado de lado. É a Copa do Brasil, com a cara do Brasil. Confraternização nas ruas, cordialidade, beleza das nossas cidades, é o que vale. Seu sucesso vem daí.
Não importa se as obras ficaram prontas no último segundo, se o Galeão continua sendo um dos piores aeroportos do mundo, que o número de arenas seja excessivo, ou que o improvisado Itaquerão não tivesse condição de sediar a decepcionante cerimonia de abertura. Tudo é festa. Infelizmente, essa mesma alegria não se vê nos jogos de nossa seleção.
Temos uma equipe comandada por um senhor sisudo, que impõe em campo um futebol sem inspiração e sem graça. Junto com o meio de campo, o prazer em jogar parece ter sumido do nosso futebol.
Não falo de forma saudosista do futebol arte, dos tempos de Garrincha ou Pelé. Os tempos são outros, o futebol mudou. Mas há algo estranho nessa seleção. Os gols são comemorados quase que raivosamente. A celebração do time só aparece de forma mais clara nas orações após o jogo ou nos abraços de David Luiz. A entrada em campo, em fila única e com as mãos sobre o ombro do companheiro da frente, mais parece uma ordem unida.
Não sei se é o excesso de responsabilidade por jogar em casa, o medo da cobrança. Pode ser, mas vem de longe. Acho que começou no famoso "vão ter que me engolir" e continua nessa mania de chamar técnico de professor e a equipe de família, isolando o grupo e reduzindo consagrados profissionais a meninos.
Mas o jogo contra Colômbia começou diferente. O Brasil estava mais solto. Parecia que o clima iria mudar. Até que a irresponsabilidade de um zagueiro tira Neymar de campo e da Copa. A violência dos jogos, estimulada por uma arbitragem de péssima qualidade, é a marca negativa da Copa.
Neymar era a exceção na nossa equipe. Ele se destacava pela alegria e categoria. Trazia sempre no seu sorriso franco a imagem do prazer em jogar, de estar vivendo intensamente essa grande oportunidade, que lhe foi inexplicavelmente negada em 2010. De seus pés poderia acontecer o inesperado, aquela jogada que encanta os amantes do futebol. Certamente iria disputar com Messi e Robben o título de melhor da Copa. Ele já faz falta.
Ainda temos chances de levantar a taça. Acredito nisso, sempre acreditei. Sem ele, vai ficar muito mais triste, e mais difícil, mas ainda é possível. Quem sabe o poeta tem razão: pra fazer samba com beleza é preciso um bocado de tristeza.
Não importa se as obras ficaram prontas no último segundo, se o Galeão continua sendo um dos piores aeroportos do mundo, que o número de arenas seja excessivo, ou que o improvisado Itaquerão não tivesse condição de sediar a decepcionante cerimonia de abertura. Tudo é festa. Infelizmente, essa mesma alegria não se vê nos jogos de nossa seleção.
Temos uma equipe comandada por um senhor sisudo, que impõe em campo um futebol sem inspiração e sem graça. Junto com o meio de campo, o prazer em jogar parece ter sumido do nosso futebol.
Não falo de forma saudosista do futebol arte, dos tempos de Garrincha ou Pelé. Os tempos são outros, o futebol mudou. Mas há algo estranho nessa seleção. Os gols são comemorados quase que raivosamente. A celebração do time só aparece de forma mais clara nas orações após o jogo ou nos abraços de David Luiz. A entrada em campo, em fila única e com as mãos sobre o ombro do companheiro da frente, mais parece uma ordem unida.
Não sei se é o excesso de responsabilidade por jogar em casa, o medo da cobrança. Pode ser, mas vem de longe. Acho que começou no famoso "vão ter que me engolir" e continua nessa mania de chamar técnico de professor e a equipe de família, isolando o grupo e reduzindo consagrados profissionais a meninos.
Mas o jogo contra Colômbia começou diferente. O Brasil estava mais solto. Parecia que o clima iria mudar. Até que a irresponsabilidade de um zagueiro tira Neymar de campo e da Copa. A violência dos jogos, estimulada por uma arbitragem de péssima qualidade, é a marca negativa da Copa.
Neymar era a exceção na nossa equipe. Ele se destacava pela alegria e categoria. Trazia sempre no seu sorriso franco a imagem do prazer em jogar, de estar vivendo intensamente essa grande oportunidade, que lhe foi inexplicavelmente negada em 2010. De seus pés poderia acontecer o inesperado, aquela jogada que encanta os amantes do futebol. Certamente iria disputar com Messi e Robben o título de melhor da Copa. Ele já faz falta.
Ainda temos chances de levantar a taça. Acredito nisso, sempre acreditei. Sem ele, vai ficar muito mais triste, e mais difícil, mas ainda é possível. Quem sabe o poeta tem razão: pra fazer samba com beleza é preciso um bocado de tristeza.
08 de julho de 2014
Helena Landau, O Globo
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