Neymar, a grande figura da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, sofreu uma fratura da terceira vértebra lombar, em consequência de joelhaço que o atingiu por parte de um lateral da Colômbia. A brutalidade foi documentada no início, meio e fim, uma vez que reproduzida pela generalidade dos meios de comunicação, nacionais e estrangeiros, de forma que a ocorrência e o modo como ela ocorreu foram fartamente difundidos.
Embora não seja possuidor da paixão pelo futebol, não ignoro que há normas cogentes a disciplinar a lisura da ação esportiva; é pacífico que a agressão em campo é incompatível com elas. Ora, em várias disputas eu vi, com os meus olhos, cenas nada esportivas e inequivocamente violentas em meio à paralela leniência dos juízes. E isso na Copa do Mundo. Vê-se que o resultado se tornou público no lamentável caso de que foi vítima Neymar, que pode não ter sido de alta ou perene gravidade, mas que o tirou do campo, privando a Seleção Brasileira por algum tempo de personagem de marcada primazia, exatamente no momento crucial das finais.
Admitir como lícita a agressão capaz de gerar impedimento efetivo de esportista por algum tempo, dias, semanas, ou até meses, seria legitimar a violência mais ostensiva, com a agravante de ter ocorrido perante os olhos do mundo. Enfim, não perdeu a atualidade a sentença castelhana, segundo a qual "Al valiente no quite el cortés".
Sem prejuízo dessa mácula, é de ser considerada bem-sucedida a copa mundial realizada entre nós. Pode-se dizer, sem exagero, que os êxitos já verificados garantem o bom sucesso da iniciativa, a qual altera de tal modo a vida nacional de forma a permanecerem todos, brasileiros e estrangeiros sem conta, sob o império da Copa, como se submetidos ao fascínio do futebol, convertido na secular lei da terra.
Contudo, é de lastimar o fato, inegável e notório, da coincidente estagnação nacional, consórcio da inflação com a paralisação econômica, e que não é segredo para ninguém, quando se reconhece e se afirma que a indústria está em crise, ainda que o setor agroindustrial, tantas vezes injuriado, venha respondendo pelo alívio ainda visível do conjunto.
A partir da festa final no próximo domingo, não será surpresa se os incômodos de certa forma afastados e momentaneamente quase esquecidos voltarem a ocupar as preocupações do cotidiano, recolocados no proscênio dos acontecimentos. Não me sinto à vontade para indicá-los e me limito a aludir ao que me parece poderá ocorrer nessa fase.
08 de julho de 2014
Paulo Brossard, Zero Hora
Embora não seja possuidor da paixão pelo futebol, não ignoro que há normas cogentes a disciplinar a lisura da ação esportiva; é pacífico que a agressão em campo é incompatível com elas. Ora, em várias disputas eu vi, com os meus olhos, cenas nada esportivas e inequivocamente violentas em meio à paralela leniência dos juízes. E isso na Copa do Mundo. Vê-se que o resultado se tornou público no lamentável caso de que foi vítima Neymar, que pode não ter sido de alta ou perene gravidade, mas que o tirou do campo, privando a Seleção Brasileira por algum tempo de personagem de marcada primazia, exatamente no momento crucial das finais.
Admitir como lícita a agressão capaz de gerar impedimento efetivo de esportista por algum tempo, dias, semanas, ou até meses, seria legitimar a violência mais ostensiva, com a agravante de ter ocorrido perante os olhos do mundo. Enfim, não perdeu a atualidade a sentença castelhana, segundo a qual "Al valiente no quite el cortés".
Sem prejuízo dessa mácula, é de ser considerada bem-sucedida a copa mundial realizada entre nós. Pode-se dizer, sem exagero, que os êxitos já verificados garantem o bom sucesso da iniciativa, a qual altera de tal modo a vida nacional de forma a permanecerem todos, brasileiros e estrangeiros sem conta, sob o império da Copa, como se submetidos ao fascínio do futebol, convertido na secular lei da terra.
Contudo, é de lastimar o fato, inegável e notório, da coincidente estagnação nacional, consórcio da inflação com a paralisação econômica, e que não é segredo para ninguém, quando se reconhece e se afirma que a indústria está em crise, ainda que o setor agroindustrial, tantas vezes injuriado, venha respondendo pelo alívio ainda visível do conjunto.
A partir da festa final no próximo domingo, não será surpresa se os incômodos de certa forma afastados e momentaneamente quase esquecidos voltarem a ocupar as preocupações do cotidiano, recolocados no proscênio dos acontecimentos. Não me sinto à vontade para indicá-los e me limito a aludir ao que me parece poderá ocorrer nessa fase.
08 de julho de 2014
Paulo Brossard, Zero Hora
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