"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 8 de março de 2014

SOBRE ROLEZINHOS E MANIFESTAÇÕES DE RUA



Costuma-se dizer que a educação deve auxiliar a preparar nossas crianças e adolescentes para os desafios do mundo. Como educador e militante da área, não tenho a menor dúvida quanto a essa importância e necessidade.

Ainda mais nos dias de hoje, em que as manifestações de rua e os “rolezinhos” concentram uma quantidade enorme de jovens. Ao invés de meramente criticar esses fenômenos, é obrigação da escola e dos professores compreender e trazer esses assuntos ao centro do debate.

Para tanto, nunca é demais lembrar dos ensinamentos de Paulo Freire, que sempre buscou entender a educação através do cotidiano vivenciado pelo aluno e sua família. Esse olhar mais humano e fraterno é essencial para evitar situações que nem de longe refletem o que se espera para a formação de novos cidadãos.

Quando nos esquecemos desses preceitos, corremos o sério risco de ficarmos à mercê de posturas inadequadas, como a ocorrida na recente mobilização contra o aumento da tarifa de ônibus, na cidade do Rio de Janeiro, que resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão.

Não sou contra as manifestações populares. Pelo contrário, defendo a participação das pessoas em protestos pacíficos como uma maneira legítima de reivindicar e lutar pelos seus direitos.

Apoio, inclusive, a presença de crianças e adolescentes nesses atos, acompanhados por responsáveis, como forma de despertar nelas espírito cívico e consciência crítica sobre os temas do dia a dia. Por outro lado, sou radicalmente contrário à postura dos “black blocs” que,  por meio da violência, acabam apenas gerando mais violência.

É dever da escola contribuir para que o debate sobre esses assuntos e outros sejam realizados na sala de aula. Isso é incentivar o exercício da cidadania. Caso contrário, permaneceremos reféns de uma visão conservadora e preconceituosa.
Precisamos garantir o direito de ir e vir das pessoas. Da mesma maneira, temos de assegurar que elas possam se manifestar livremente. Daí que a educação é fundamental nessa percepção e na preparação de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade.
 
08 de março de 2014
Gilmar Silvério é professor da rede estadual de ensino e secretário de Educação de Santo André.

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