O pré-candidato a presidente pelo maior partido de oposição, o tucano Aécio Neves, participou ontem de uma cerimônia pelos 20 anos do Plano Real, dentro do Senado, ao lado de Fernando Henrique Cardoso e sob o comando de Renan Calheiros.
Hoje, a presidente e pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff, deve estar em Minas Gerais. Entregará máquinas a prefeitos de 209 municípios.
Comparados os eventos, quem ganha mais votos? Dilma ou Aécio? A resposta pode ser encontrada numa frase do ponderado discurso de FHC: "Minha geração já passou".
País sem muita memória, o Brasil certamente deve celebrar um feito tão relevante como foi a estabilização da sua moeda. Ainda assim, é fascinante como o PSDB sempre tenha escolhido uma narrativa truncada para enaltecer o Plano Real.
Entre os políticos tucanos presentes à cerimônia de ontem, coube a FHC, aos 82 anos, dar o tom mais moderno: "O Brasil é um país novo, precisa sentir ventos novos".
O ex-presidente fez um relato detalhado de como foram aqueles dias turbulentos no final de 1993 e início de 1994. Não só por causa do Plano Real em gestação, mas porque a dívida externa brasileira estava em renegociação, outra história épica e que poucos hoje conhecem.
Quis a política, a arrogância do PSDB e sua incapacidade de articulação que tudo ficasse num escaninho da história, sem uso eleitoral. FHC foi rebarbado nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. Está sendo resgatado agora. Mas já se passaram 20 anos do lançamento do Plano Real.
Quando o ex-presidente saía do Senado, falamos brevemente. Quis saber se ele estava assistindo ao seriado "House of Cards", uma aula intensiva de política. Sim, e está gostando. "A trama é muito boa", disse. Mais tucanos talvez devessem gastar um tempo para assistir a esse programa. Até porque o PT já aprendeu muito bem como chegar ao poder.
26 de fevereiro de 2014
Fernando Rodrigues, Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário