Em julho de 2007, quando Bento XVI visitou Valência, a Asociación por la Recuperación de la Memória Histórica (ARMH) enviou uma carta a todos os bispos recomendando-os a aproveitar a visita de Ratzinger para tirar todas as placas falangistas de “caídos por Diós e por España” que ainda resistem em centenas de igrejas e pedir perdão por seu papel na guerra.
Os espanhóis quiseram trocar a sotaina papal por uma saia justa. Verdade que Franco executou quatorze sacerdotes vascos. Acontece que o clero vasco se alinhava com as milícias republicanas que mataram cerca de sete mil religiosos católicos, entre membros do clero secular, sacerdotes, freiras. Segundo o historiador Hugh Thomas, em La Guerra Civil Española, mais precisamente 6.859 religiosos católicos, sendo 12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges. Foram destruídas cerca de 20 mil igrejas.
Bem ou mal, Franco tomou o partido da Igreja romana. Após ter reprovado as execuções de sacerdotes nas Provincias Vascongadas, Pio XI declarava, na encíclica Divini Redemptoris, datada de 19 de março de 1937:
“Também ali, como em nossa queridíssima Espanha, o açoite comunista (...) não se contentou com derrubar uma ou outra igreja, um ou outro convento, senão que, quando lhe foi possível, destruiu todas as igrejas, todos os conventos e até mesmo todo rastro de religião cristã, por mais ligado que estivesse aos mais insignes monumentos da arte e da ciência. O furor comunista não se limitou a matar bispos e milhares de sacerdotes, de religiosos e religiosas, buscando de modo especial aqueles e aquelas que precisamente trabalhavam com maior zelo com pobres e operários, mas também fez um número maior de vítimas entre os seculares de toda classe e condição, que diariamente, pode-se dizer, são assassinados em massa pelo mero fato de ser bons cristãos ou apenas contrários ao ateísmo comunista. E uma destruição tão espantosa é levada a cabo com um ódio, uma barbárie e uma ferocidade que não se acreditaria ser possível em nosso século. Nenhum particular que tenha bom juízo, nenhum homem de Estado consciente de sua responsabilidade, pode menos que tremer de horror ao pensar que o que acontece hoje na Espanha talvez possa repetir-se em outras nações civilizadas”.
Quando se fala em Guerra Civil espanhola, ninguém mais lembra que os grandes assassinos de religiosos foram os comunistas. Na saída do metrô, o papa depositou uma coroa de flores brancas e, ajoelhado, pediu o descanso eterno e em paz das vítimas do acidente. Sobre a retirada das placas falangistas, Bento não disse água. Nem poderia. Estaria desautorizando seu antecessor.
Neste domingo – leio no El País – as viúvas do Kremlin voltaram à carga, quando o papa Francisco começou em Tarragona a cerimônia de beatificação de 522 mártires das “perseguição religiosa do século XX”, como se refere a Igreja aos massacres de católicos na Guerra Civil espanhola. Em sua mensagem, Francisco eludiu pedir perdão às vítimas do franquismo pelo apoio da Igreja a Franco e à ditadura, apesar de assim ter solicitado a Plataforma pela Comissão da Verdade.
Com a beatificação de ontem, o número de mártires da Guerra Civil da Espanha, reconhecidos como tal pela Igreja Católica, cresce e chega a 1523. A Conferência Episcopal rejeita a expressão “mártires da Guerra Civil” porque as vítimas não foram combatentes, nem estavan com armas em mãos. Morreram por não renegar sua fé. Os comunistas mataram religiosos e leigos católicos e ainda há quem peça perdão às vítimas de guerra do homem que combateu e venceu os comunistas.
Franco matou? Claro que matou. Ou alguém imagina uma guerra sem mortes? Mas Franco matou combatentes. Os comunistas, mataram pessoas desarmadas, exclusivamente pelo crime de professar uma fé. Fossem apenas fuzilados, até que teriam boa morte. Segundo lemos em Hugh Tomas, terços foram enfiados nos ouvidos de monjas. A uma freira, obrigaram a engolir um crucifixo. Um sacerdote foi jogado em uma arena cheia de touros de lídia, que o cornearam até deixá-lo inconsciente. Depois cortaram-lhe uma orelha, imitando a amputação da orelha do touro feita em homenagem ao toureiro. A um jovem que se distinguia por sua fé, arrancaram-lhe os olhos. Muitos foram queimados, outros enterrados vivos. Não poucos sacerdotes enlouqueceram ante tantas atrocidades.
Quando a discussão é Guerra Civil espanhola, costumo perguntar:
Você já imaginou a Espanha sem Francisco Franco? Com a Espanha dominada pela União Soviética, Stalin controlaria dois mares, o do Norte e o Mediterrâneo. Para derrubar Portugal bastaria um piparote e a resistência francesa seria estrangulada pelo domínio dos mares. Na esteira desta invasão, provavelmente cairia também a Inglaterra. Daí à conquista de toda a Europa Ocidental, seria questão de um ameno turismo blindado.
Com Moscou imperando do estreito de Gibraltar ao de Bering, a tirania comunista teria vida bem mais longa. Europa e Ásia afundariam juntas na miséria inerente aos regimes socialistas e a praga se propagaria - como aliás se propagou, mesmo sem a vitória de Stalin - além do Atlântico. O Muro não teria caído em 89 e até hoje a Europa seria algo tão triste e pobre como foram - e ainda são - os países da Ex-União Soviética.
Da Igreja Católica, pouco ou nada restaria. E hoje ainda há espanhóis que pretendem que a Igreja condene Franco.
15 de outubro de 2013
janer cristaldo
Os espanhóis quiseram trocar a sotaina papal por uma saia justa. Verdade que Franco executou quatorze sacerdotes vascos. Acontece que o clero vasco se alinhava com as milícias republicanas que mataram cerca de sete mil religiosos católicos, entre membros do clero secular, sacerdotes, freiras. Segundo o historiador Hugh Thomas, em La Guerra Civil Española, mais precisamente 6.859 religiosos católicos, sendo 12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges. Foram destruídas cerca de 20 mil igrejas.
Bem ou mal, Franco tomou o partido da Igreja romana. Após ter reprovado as execuções de sacerdotes nas Provincias Vascongadas, Pio XI declarava, na encíclica Divini Redemptoris, datada de 19 de março de 1937:
“Também ali, como em nossa queridíssima Espanha, o açoite comunista (...) não se contentou com derrubar uma ou outra igreja, um ou outro convento, senão que, quando lhe foi possível, destruiu todas as igrejas, todos os conventos e até mesmo todo rastro de religião cristã, por mais ligado que estivesse aos mais insignes monumentos da arte e da ciência. O furor comunista não se limitou a matar bispos e milhares de sacerdotes, de religiosos e religiosas, buscando de modo especial aqueles e aquelas que precisamente trabalhavam com maior zelo com pobres e operários, mas também fez um número maior de vítimas entre os seculares de toda classe e condição, que diariamente, pode-se dizer, são assassinados em massa pelo mero fato de ser bons cristãos ou apenas contrários ao ateísmo comunista. E uma destruição tão espantosa é levada a cabo com um ódio, uma barbárie e uma ferocidade que não se acreditaria ser possível em nosso século. Nenhum particular que tenha bom juízo, nenhum homem de Estado consciente de sua responsabilidade, pode menos que tremer de horror ao pensar que o que acontece hoje na Espanha talvez possa repetir-se em outras nações civilizadas”.
Quando se fala em Guerra Civil espanhola, ninguém mais lembra que os grandes assassinos de religiosos foram os comunistas. Na saída do metrô, o papa depositou uma coroa de flores brancas e, ajoelhado, pediu o descanso eterno e em paz das vítimas do acidente. Sobre a retirada das placas falangistas, Bento não disse água. Nem poderia. Estaria desautorizando seu antecessor.
Neste domingo – leio no El País – as viúvas do Kremlin voltaram à carga, quando o papa Francisco começou em Tarragona a cerimônia de beatificação de 522 mártires das “perseguição religiosa do século XX”, como se refere a Igreja aos massacres de católicos na Guerra Civil espanhola. Em sua mensagem, Francisco eludiu pedir perdão às vítimas do franquismo pelo apoio da Igreja a Franco e à ditadura, apesar de assim ter solicitado a Plataforma pela Comissão da Verdade.
Com a beatificação de ontem, o número de mártires da Guerra Civil da Espanha, reconhecidos como tal pela Igreja Católica, cresce e chega a 1523. A Conferência Episcopal rejeita a expressão “mártires da Guerra Civil” porque as vítimas não foram combatentes, nem estavan com armas em mãos. Morreram por não renegar sua fé. Os comunistas mataram religiosos e leigos católicos e ainda há quem peça perdão às vítimas de guerra do homem que combateu e venceu os comunistas.
Franco matou? Claro que matou. Ou alguém imagina uma guerra sem mortes? Mas Franco matou combatentes. Os comunistas, mataram pessoas desarmadas, exclusivamente pelo crime de professar uma fé. Fossem apenas fuzilados, até que teriam boa morte. Segundo lemos em Hugh Tomas, terços foram enfiados nos ouvidos de monjas. A uma freira, obrigaram a engolir um crucifixo. Um sacerdote foi jogado em uma arena cheia de touros de lídia, que o cornearam até deixá-lo inconsciente. Depois cortaram-lhe uma orelha, imitando a amputação da orelha do touro feita em homenagem ao toureiro. A um jovem que se distinguia por sua fé, arrancaram-lhe os olhos. Muitos foram queimados, outros enterrados vivos. Não poucos sacerdotes enlouqueceram ante tantas atrocidades.
Quando a discussão é Guerra Civil espanhola, costumo perguntar:
Você já imaginou a Espanha sem Francisco Franco? Com a Espanha dominada pela União Soviética, Stalin controlaria dois mares, o do Norte e o Mediterrâneo. Para derrubar Portugal bastaria um piparote e a resistência francesa seria estrangulada pelo domínio dos mares. Na esteira desta invasão, provavelmente cairia também a Inglaterra. Daí à conquista de toda a Europa Ocidental, seria questão de um ameno turismo blindado.
Com Moscou imperando do estreito de Gibraltar ao de Bering, a tirania comunista teria vida bem mais longa. Europa e Ásia afundariam juntas na miséria inerente aos regimes socialistas e a praga se propagaria - como aliás se propagou, mesmo sem a vitória de Stalin - além do Atlântico. O Muro não teria caído em 89 e até hoje a Europa seria algo tão triste e pobre como foram - e ainda são - os países da Ex-União Soviética.
Da Igreja Católica, pouco ou nada restaria. E hoje ainda há espanhóis que pretendem que a Igreja condene Franco.
15 de outubro de 2013
janer cristaldo
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