BRASIL - Mensalão
A movimentação de contas bancárias no exterior segundo depoimento do publicitário Marcos Valério, a Procuradoria Federal, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial na primeira eleição de Lula. Valério forneceu os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom. No Brasil a Usiminas teria feito doação que não foi contabilizada, nas contas apresentadas ao TSE.
Outdoor da campanha de 2002
15 de outubro de 2013
in toinho de passira
Post baseado na reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo Marques
Fonte: Veja
A movimentação de contas bancárias no exterior segundo depoimento do publicitário Marcos Valério, a Procuradoria Federal, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial na primeira eleição de Lula. Valério forneceu os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom. No Brasil a Usiminas teria feito doação que não foi contabilizada, nas contas apresentadas ao TSE.
Outdoor da campanha de 2002
Em setembro do ano passado, o empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, apresentou-se voluntariamente à Procuradoria-Geral da República em Brasília e prestou um longo depoimento em que formalizava algumas revelações acachapantes sobre o maior escândalo de corrupção da história do país. O julgamento do processo contra os mensaleiros, entre eles o próprio Valério, estava em pleno curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário queria proteção e um acordo de delação premiada.
Entre as novidades, Valério contou que o ex-presidente Lula não só tinha conhecimento do mensalão como avalizou as operações financeiras clandestinas. Disse ainda que o dinheiro usado para subornar parlamentares também pagou despesas pessoais de Lula, inclusive quando ele já ocupava a cadeira de presidente da República. O depoimento deu origem a várias investigações. Uma delas, envolvendo uma suposta doação ilegal de dinheiro ao PT, agora vai ganhar reforço internacional.
A Polícia Federal pediu ajuda para rastrear a movimentação de contas bancárias no exterior que segundo o publicitário Marcos Valério, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial de 2002.
Em seu depoimento, o operador do mensalão forneceu aos procuradores os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom, gigante do setor de telefonia que tinha negócios no Brasil e interesse em se aproximar do governo recém-empossado. Valério disse que a doação foi acertada por Lula, José Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci, e que ele cuidou pessoalmente da operação em Lisboa.
Para despistar eventuais curiosos, os depósitos teriam sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau, um pedaço minúsculo de terra no sul da China colonizado pelos portugueses onde a influência de Lisboa se faz presente até hoje.
Valério afirmou que os 7 milhões de dólares depositados nas três contas serviram para pagar dívidas contraídas pelo PT na campanha que elegeu Lula. Essa parte do depoimento, cheia de detalhes sobre encontros no Brasil e no exterior entre os petistas e os dirigentes da empresa portuguesa, deu origem a uma investigação específica — justamente uma das mais avançadas.
Segundo a Veja, a Polícia Federal e o Ministério Público, como manda a regra em casos assim, fizeram o elementar: decidiram seguir o rastro do dinheiro. Primeiro, solicitaram à Justiça autorização para quebrar o sigilo das contas bancárias dos supostos beneficiários. Depois, a PF requereu ao Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), órgão ligado ao Ministério da Justiça, que acionasse os países envolvidos para conseguir acesso às informações sobre os titulares das contas, os saldos e detalhes da movimentação.
Com isso, a polícia espera descobrir, primeiro, se a história narrada por Valério de fato é verdadeira. Se confirmada, passa-se à etapa seguinte: identificar os depositantes e os destinatários finais do dinheiro.
Entre as novidades, Valério contou que o ex-presidente Lula não só tinha conhecimento do mensalão como avalizou as operações financeiras clandestinas. Disse ainda que o dinheiro usado para subornar parlamentares também pagou despesas pessoais de Lula, inclusive quando ele já ocupava a cadeira de presidente da República. O depoimento deu origem a várias investigações. Uma delas, envolvendo uma suposta doação ilegal de dinheiro ao PT, agora vai ganhar reforço internacional.
A Polícia Federal pediu ajuda para rastrear a movimentação de contas bancárias no exterior que segundo o publicitário Marcos Valério, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial de 2002.
Em seu depoimento, o operador do mensalão forneceu aos procuradores os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom, gigante do setor de telefonia que tinha negócios no Brasil e interesse em se aproximar do governo recém-empossado. Valério disse que a doação foi acertada por Lula, José Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci, e que ele cuidou pessoalmente da operação em Lisboa.
Para despistar eventuais curiosos, os depósitos teriam sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau, um pedaço minúsculo de terra no sul da China colonizado pelos portugueses onde a influência de Lisboa se faz presente até hoje.
Valério afirmou que os 7 milhões de dólares depositados nas três contas serviram para pagar dívidas contraídas pelo PT na campanha que elegeu Lula. Essa parte do depoimento, cheia de detalhes sobre encontros no Brasil e no exterior entre os petistas e os dirigentes da empresa portuguesa, deu origem a uma investigação específica — justamente uma das mais avançadas.
Segundo a Veja, a Polícia Federal e o Ministério Público, como manda a regra em casos assim, fizeram o elementar: decidiram seguir o rastro do dinheiro. Primeiro, solicitaram à Justiça autorização para quebrar o sigilo das contas bancárias dos supostos beneficiários. Depois, a PF requereu ao Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), órgão ligado ao Ministério da Justiça, que acionasse os países envolvidos para conseguir acesso às informações sobre os titulares das contas, os saldos e detalhes da movimentação.
Com isso, a polícia espera descobrir, primeiro, se a história narrada por Valério de fato é verdadeira. Se confirmada, passa-se à etapa seguinte: identificar os depositantes e os destinatários finais do dinheiro.
Foto: Agência O Globo
Marcos Valério apresentou provas que podem incriminar o PT e Lula
Marcos Valério apresentou provas que podem incriminar o PT e Lula
Se, logo após as declarações de Marcos Valério, Lula e os envolvidos trataram de menosprezar" o potencial de estrago, agora o desenrolar do caso atemoriza o comando petista. No mês passado, coube ao próprio ex-presidente queixar-se a companheiros de partido, após ser informado de que o ex-ministro Antonio Palocci, seu assessor direto até hoje, fora intimado a depor no caso.
A reclamação chegou ao gabinete da presidente Dilma Rousseff, que acionou o ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo. Por sua vez, Cardozo incumbiu o comando da Polícia Federal, a ele subordinada, de averiguar as providências adotadas pelos delegados encarregados dos inquéritos abertos a partir das declarações de Valério. Iniciou-se, então, uma força-tarefa informal para mapear o andamento das investigações. Os policiais incumbidos da empreitada — nem sempre fácil, já que alguns delegados mais refratários a interferência política resistem a dar informações — souberam que a missão tivera origem numa queixa feita por Lula a Dilma. Dois deles confirmaram o ocorrido a revista Veja.
Em breve, o próprio Lula deverá receber uma intimação para prestar esclarecimentos ao Ministério Público Eleitoral em Brasília, mas sobre outro episódio derivado das revelações de Marcos Valério: uma doação não declarada de 1 milhão de reais feita pela Usiminas também à campanha presidencial de 2002.
Em seu depoimento, Valério contou que ele intermediou a doação da siderúrgica, uma das maiores do país. Como? Segundo o publicitário, a Usiminas já era cliente de uma de suas agências, a SM PB, havia mais de quinze anos e o então presidente da companhia, Rinaldo Soares, "quis dar uma ajuda" à campanha de Lula.
Acompanhado de um de seus sócios, Cristiano Paz, Valério foi a São Paulo para uma reunião com Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, e José Dirceu, chefão da campanha que depois viraria homem forte do governo e ganharia o título de chefe da quadrilha do mensalão. No encontro ficou combinado, de acordo com Valério, que o dinheiro seria repassado ao partido através de uma triangulação, para ocultar o negócio: fornecedores da Usiminas fariam pagamentos diretos a fornecedores da campanha e a pessoas indicadas pelos dirigentes petistas através da SMPB.
Como Valério aponta para a existência de crime eleitoral, essa parte do depoimento está sob análise da seção do Ministério Público que investiga irregularidades em campanhas. O promotor eleitoral do Distrito Federal, Mauro Faria de Lima, já pediu informações detalhadas das contas da campanha do presidente Lula em 2002, e confirmou que a doação de 1 milhão de reais da Usiminas não aparece lá.
Além de Lula, Valério será chamado a depor. A depender do desfecho do processo, Lula pode ser pessoalmente responsabilizado pelo crime eleitoral, cuja punição chega a cinco anos de prisão mais multa.
A suposta doação irregular da Usiminas não chega a ser propriamente uma novidade nos expedientes da companhia. Em 2007, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que fossem restituídos aos cofres da empresa 1 milhão de reais desviados para campanhas. Por coincidência, as doações também haviam sido feitas por intermédio de contratos de publicidade firmados com Marcos Valério.
A reclamação chegou ao gabinete da presidente Dilma Rousseff, que acionou o ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo. Por sua vez, Cardozo incumbiu o comando da Polícia Federal, a ele subordinada, de averiguar as providências adotadas pelos delegados encarregados dos inquéritos abertos a partir das declarações de Valério. Iniciou-se, então, uma força-tarefa informal para mapear o andamento das investigações. Os policiais incumbidos da empreitada — nem sempre fácil, já que alguns delegados mais refratários a interferência política resistem a dar informações — souberam que a missão tivera origem numa queixa feita por Lula a Dilma. Dois deles confirmaram o ocorrido a revista Veja.
Em breve, o próprio Lula deverá receber uma intimação para prestar esclarecimentos ao Ministério Público Eleitoral em Brasília, mas sobre outro episódio derivado das revelações de Marcos Valério: uma doação não declarada de 1 milhão de reais feita pela Usiminas também à campanha presidencial de 2002.
Em seu depoimento, Valério contou que ele intermediou a doação da siderúrgica, uma das maiores do país. Como? Segundo o publicitário, a Usiminas já era cliente de uma de suas agências, a SM PB, havia mais de quinze anos e o então presidente da companhia, Rinaldo Soares, "quis dar uma ajuda" à campanha de Lula.
Acompanhado de um de seus sócios, Cristiano Paz, Valério foi a São Paulo para uma reunião com Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, e José Dirceu, chefão da campanha que depois viraria homem forte do governo e ganharia o título de chefe da quadrilha do mensalão. No encontro ficou combinado, de acordo com Valério, que o dinheiro seria repassado ao partido através de uma triangulação, para ocultar o negócio: fornecedores da Usiminas fariam pagamentos diretos a fornecedores da campanha e a pessoas indicadas pelos dirigentes petistas através da SMPB.
Como Valério aponta para a existência de crime eleitoral, essa parte do depoimento está sob análise da seção do Ministério Público que investiga irregularidades em campanhas. O promotor eleitoral do Distrito Federal, Mauro Faria de Lima, já pediu informações detalhadas das contas da campanha do presidente Lula em 2002, e confirmou que a doação de 1 milhão de reais da Usiminas não aparece lá.
Além de Lula, Valério será chamado a depor. A depender do desfecho do processo, Lula pode ser pessoalmente responsabilizado pelo crime eleitoral, cuja punição chega a cinco anos de prisão mais multa.
A suposta doação irregular da Usiminas não chega a ser propriamente uma novidade nos expedientes da companhia. Em 2007, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que fossem restituídos aos cofres da empresa 1 milhão de reais desviados para campanhas. Por coincidência, as doações também haviam sido feitas por intermédio de contratos de publicidade firmados com Marcos Valério.
15 de outubro de 2013
in toinho de passira
Post baseado na reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo Marques
Fonte: Veja
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