Senador disse que vai ‘forçar’ petistas a entregar cargos no governo Cabral e que pretende buscar apoio do PSB de Campos e Marina Silva
A aliança formada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e da ex-senadora Marina Silva para 2014 teve reflexos no Rio. Pré-candidato ao governo, o senador Lindbergh Farias (PT) não descartou na tarde desta segunda-feira formar palanque duplo no estado entre a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, e Campos, outro concorrente à Presidência pelo PSB. Em evento realizado pela manhã, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o senador pediu a saída imediata do PT dos governos Sérgio Cabral e Eduardo Paes, ambos do PMDB, “o mais rapidamente possível”.
- Queremos construir um caminho alternativo e combater o retrocesso. Tenho uma ótima relação com o PSB e com a (ex-senadora) Marina (Silva). Quero manter um canal próximo do diálogo (com o PSB). Esse processo (palanque duplo) vai acontecer em muitos estados - admitiu Lindbergh ao GLOBO.
Mais cedo, em evento na OAB, Lindbergh declarou que, independentemente do partido de Campos e Marina ter candidato próprio ao governo do Rio, um novo caminho no estado em 2014 passa pelo PT e pelo PSB:
- É um desejo meu (a aliança). Se vai ser possível ou não... Quero que tenha pelo menos um grau de colaboração e de diálogo.
Coordenador da pré-campanha de Lindbergh, o deputado federal Jorge Bittar também defendeu a aproximação do senador com o PSB de Campos. Mas, para Bittar, é preciso ainda esperar as consequências do acordo entre o governador de Permanbuco e Marina Silva. Bittar, no entanto, disse que Campos “tem uma tragetória respeitável”:
- Sim, poderia ter dois palanques. Não é nada incomum. Isso já aconteceu nos processos eleitorais brasileiro. Ao contrário. Nossa candidata é a Dilma. Mas só que queremos ampliar (as alianças) aqui no Rio. Temos que tentar compatibilizar. Não é uma tarefa simples, mas é muito desejavel para nós.
Antes mesmo da filiação de Marina no PSB, Lindbergh já tinha procurado o partido de Eduardo Campos. O senador ofereceu a vaga de vice na sua chapa. O nome dos sonhos do senador é o deputado federal Romário. Lindbergh voltará a conversar nas próximas semanas com o ex-craque, além dos deputados federais Glauber Braga e do vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral. A iniciativa, porém, não agradou a todos os petistas.
- O Lindbergh precisa saber que o PT tem candidato, que é a Dilma. Vamos fazer de tudo para reelegê-la. Estou fora de Eduardo Campos. Vou trabalhar para derrotá-lo no Rio - afirmou Zaqueu Teixeira, secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do governo Cabral.
Na OAB, Lindbergh exigiu a entrega de cargos do PT imediatamente. O senador disse que vai “forçar” a votação dessa proposta no diretório estadual. Em agosto, a pedido do ex-presidente Lula, o PT cancelou um reunião que dediciria sobre a saída dos governos do PMDB. Cabral e Paes apoiam a pré-candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão. O PMDB é o principal aliado do governo Dilma no Congresso.
- O PT tem que sair desse governo imediatamente. Já passou do ponto. E a gente tem que colocar isso na pauta. As pessoas agora têm que se posicionar, têm que dizer se é a favor ou contra e por que - declarou Lindbergh, acrescentando que o mesmo vale para outros partidos de esquerda. - Todos os partidos que se dizem de esquerda e ligados aos trabalhadores têm que tomar uma decisão agora.
Além de Zaqueu, os petistas ocupam a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, com Carlos Minc. No governo de Eduardo Paes, o PT comanda as Secretarias de Habitação (Pierre Batista) e de Desenvolvimento Econômico Solidário (Vinícius Assumpção). O vice-prefeito Adilson Pires também é do PT e acumula o cargo de secretário municipal de Assistência Social. Os petistas possuem ainda entre 1.200 e 1.500 vargos nas duas administrações do PMDB, segundo cálculo do diretório estadual.
Na tarde desta segunda-feira, em reunião na sede do PT, dirigentes e simpatizantes com a pré-candidatura de Lindbergh também pediram a saída do partido dos governo Cabral e Paes. O encontro, liderado pelo vereador Reimont, contou com a presença de professores das redes municipal e estadual. o evento foi marcado por críticas à postura dos dois peemedebistas durante a greve dos profissionais de educação.
- Quem é do PT não merece apoiar um governo que bate em professor. O diretório nacional não tem o direito de exigir a nossa permanência no pior governo do Brasil. Não é razoável e aceitável pedir isso para o PT do Rio. É preciso ter bom senso de ouvir o que a militância está pedindo - afirmou o deputado federal Alessandro Molon.
Zaqueu reagiu:
- A Executiva do PT decidiu discutir a entrega dos cargos em 30 de novembro, depois das eleições internas do partido. Qualquer coisa fora disso, contraria a decisão já discutida pelo partido.
Carlos Minc também seguiu o mesmo discurso, mas lembrou que "não tem apego a cargos":
- Vou acompanhar a posição do partido. Vamos discutir em 30 de novembro. Não tenho apego a cargos. Mas vou esperar com serenidade, mas com responsabilidade e sem oportunismo. Tivemos avanços (no governo Cabral) incontestáveis.
Procurado pelo GLOBO, Cabral não quis comentar. Paes não retornou as ligações.
08 de outubro de 2013
Cássio Bruno e Ludmilla de Lima - O Globo
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