"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

REVOLUÇÃO DE JUNHO FOI INTENTONA DO FORO DE SÃO PAULO, SEGUNDO ASTRÓLOGO

Alguém aí ainda lembra da Revolução de Junho deste ano? Saudada pela Veja em edição que se pretendeu histórica, e proclamada como a verdadeira revolução? Alguém ainda lembra da chamada de capa da revista?

OS SETE DIAS QUE MUDARAM O BRASIL

Eu lembro. Escrevi na ocasião: salvo engano, Brasil é este país em que vivo e no qual agora escrevo. Para qualquer lado que olhe, não vejo mudança alguma. Salvo alguns prédios e carros depredados, mas isso nada tem de novo no país. Verdade que uma dúzia de cidades andaram baixando em alguns centavos a tarifa do transporte coletivo. Mas isto está longe de mudar qualquer país. Tentei ver na reportagem o que havia mudado.

“O PT acreditava que a paixão dos brasileiros pelo futebol seria exacerbada pelas Copas, de tal forma que ninguém mais notaria a corrupção e a ineficiência do governo. Errou feio. Os cartazes das ruas fizeram das Copas símbolos odiados do gasto público de péssima qualidade, do desvio de dinheiro e do abuso de poder”.

A situação não é tão grave como parece ser – comentei então -. Símbolos odiados? Odiados por alguns gatos pingados. Os estádios estiveram lotados nesta Copa e isso que nem é a Copa do mundo, a que de fato inflama paixões. Veja superestima a multidão das ruas. Consta que foram um milhão na quinta-feira passada.

Um milhão de pessoas nas ruas é 0,5 da população. A transmissão contínua das televisões dá a idéia de um país em chamas. Ora, longe disso. Meu bairro continua em seu mesmo ritmo. Todo mundo comprando, trabalhando, comendo, bebendo. O mesmo ocorrerá em dezenas, centenas de outros bairros, em São Paulo e no país todo. Vistas pela televisão, as cidades parecem ser puro caos. Não são. Caos só em dois ou três pontos do centro e nas avenidas onde os “jovens” se concentram.

Se o país havia mudado, eu não fora avisado. Veja continuou insistindo em sua tese:

“Em 1992, em gesto de desespero, o então presidente Fernando Collor convocou os brasileiros a sair às ruas de verde e amarelo. O povo saiu de preto e ele saiu do palácio do Planalto. (...) Lula mandou os sindicalistas se fingirem de povo e o resultado foi o mesmo. Cascudos nos intrusos e bandeiras queimadas e rasgadas. Os esquerdistas tiveram de ouvir um dos mais elegantes xingamentos da história mundial das manifestações: “Oportunistas, oportunistas”.

Relembrar é sempre salutar. Em outro texto, Veja comparava a baderna generalizada com a queda do muro de Berlim e a invasão da Áustria pelos húngaros em 89, nada menos que isso. “O comunismo acabou e a Alemanha se reunificou”, salientava a revista, para confirmar sua tese de que o petismo acabou.

Veja lembrou então que a frase que intitulava a reportagem era de Lênin. “Até ele ficaria sem palpite se tivesse presenciado as mudanças as mudanças dos últimos dias no Brasil”.

“Esqueçamos os vândalos e os anarquistas, gente que não estava lutando por um governo melhor, mas por governo nenhum. A revolução verdadeira foi a que começou a ser feita pelos brasileiros que foram às ruas protestar por estar sendo mal governados” – escrevia então a revista, para bem salientar que de revolução se tratava. Mais ainda, não era apenas revolução. Era revolução verdadeira.

Em verdade, em algo o país mudou. Os corruptos tornaram-se mais audazes. A Câmara dos Deputados preservou o mandato de um colega condenado por peculato e formação de quadrilha e preso no Complexo Penitenciário da Papuda, fato nunca visto neste país. E dona Marta Suplicy, ministra da Saúde, promoveu desfiles de moda em Paris a custas do contribuinte. E ainda justificou serenamente:

- A moda também gera símbolos. Marcas que, de tão importantes, se tornam até sinônimo da cultura do país. Atraem turistas, agregam valor a outros produtos e se, combinadas com gastronomia, música, monumentos, potencializam uma imagem positiva e contribuem para o "soft power" do país.

Afinal, moda também é cultura.

Enfim, seja como for, algo sempre me intrigou: quem seria o mentor daquela rebelião toda que, magnificada pelas lentes da imprensa, parecia estar prestes a pôr fogo no país? Havia os adeptos da combustão espontânea, mas a explicação me parecia débil. Indubitavelmente, tinha de existir um cérebro organizador daquela convulsão toda.

Neste domingo, o Astrólogo nos iluminou com suas luzes na Folha de São Paulo, este órgão infestado por jornalistas comunistas, a quem o Dostoievski de Campinas se dignou conceder entrevista. Foi o Foro de São Paulo, é claro. Ingênuo, eu sequer havia notado tal obviedade.

Pior ainda, foi uma tentativa de golpe e eu, ignaro, sequer havia percebido tal ameaça a um governo que de golpe não precisa, afinal está no poder e deita e rola sobre as leis.

- E como o sr. avalia as recentes manifestações em cidades do Brasil? – pergunta o repórter.

Responde o Astrólogo:

- Tudo começou como uma tentativa de golpe, planejada pelo Foro de São Paulo [coalizão de partidos de esquerda latino-americanos] e pelo governo federal para fazer um "upgrade" no processo revolucionário nacional, passando da fase de "transição" para a da implantação do socialismo "stricto sensu".

- Isso incluía, como foi bem provado, o uso de gente treinada em guerrilha urbana para espalhar a violência e o medo e lançar as culpas na "direita". Aconteceu que os planejadores perderam o controle da coisa quando toda uma massa alheia à esquerda saiu às ruas, e eles decidiram voltar atrás e esperar por uma chance melhor. Isso foi tudo. Não há um só líder da esquerda que não saiba que foi exatamente isso.

Nada como um astrólogo para iluminar-nos sobre o que de fato acontece sob nossos olhos e, cegos irremediáveis, sequer percebemos. Por um triz, escapamos de um regime comunista.


10 de setembro de 2013
janer cristaldo

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