"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de agosto de 2013

O LONGO PRAZO CHEGOU

O Direito de ficar PT da Vida
 
O Ser Humano tem três aspectos fundamentais: ação, razão e emoção. O ideal é o equilíbrio. Um estágio mental e comportamental esteticamente lírico. O problema é que costumamos ficar longe disto. Na maioria das vezes, a característica emocional prevalece. Temos atração pelo dramático. Em alguns casos, ele se exacerba, tornando-se épico. É a hora, às vezes legítima, em que chutamos a lata, o balde ou o pau da barraca. Temos o direito de ficar PT da vida.
Minha patroa aqui em casa é um exemplo vivo da indignação permanente. Tenho outros três grandes amigos que também são especialistas no assunto detonação. Um é conhecido médico legista. O segundo é um octagenário aviador e produtor rural. O outro é um famoso apresentador de televisão. Igual a minha amada, os três explodem, facilmente, quando estão PTs da vida. Por isso, eu entendo, perfeitamente, a atitude do Super Barbosão com o Ricardão Lewandowski. Não dá para suportar chicanagem.
O beicinho do Lewandowski não convence. Até agora, ele não veio a público esclarecer a grave denúncia do auditor Rodrigo Aranha Lacombe à revista Veja, apontando o adversário de Barbosa como o principal manipulador de um esquema, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, que viabilizou a aprovação das contas do PT no escândalo do Mensalão e permitiu o também milagroso endosso das contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Barbosa não está apenas PT da vida. Ele está literalmente putíssimo. O presidente do STF está reagindo duramente porque está sentindo algo de podre no ar. Na verdade, Barbosa ficou de saco cheio das ameaças veladas que recebeu da petralhada. Assim, a aproveitando o constante mal estar gerado pelas dores na coluna, Barbosa aproveita para extravasar e, se preciso, rasgar a toga. O lamentável é que a frescura de nossos poderosos de plantão condena a indignação do negão...  
Tal como Barbosa com Lewandowski, o mercado também está PT da vida com o ministro da Fazenda. Guido Mantega é uma piada sem graça. Como ele tem a coragem e cara de pau de afirmar que vai tudo bem na economia, e que não dá para entender o nervosismo dos investidores. Pior é Mantega alegar que aguarda uma decisão do Federal Reserve (o banco central norte-americano, que não pertence ao Tio Sam, mas sim aos banqueiros internacionais) para resolver o que fará com o nosso câmbio.
Tudo está tão maravilhoso que já se fala em dólar a R$ 2,70. Ou mais... O fato objetivo é que governo não sabe o que fazer. O patético Mantega, homem de confiança de Lula da Silva e José Dirceu, ainda comete a burrice de dizer que o dólar alto beneficia a indústria. Ele só não tem coragem de admitir o óbvio: o dólar subindo encarece tudo, do custo de vida dos reles mortais até os insumos industriais. A carestia acaba alimentando a inflação...
A não ser pela perda da popularidade, e por alguns protestos isolados que os problemas conjunturais podem gerar, os políticos corruptos e demais integrantes do sistema do crime organizado não têm a menor preocupação com o dólar subindo. As verdinhas deles estão bem guardadas lá fora, em algum paraíso fiscal. E o resto do dinheiro roubado, que não foi dolarizado, está lavado ou esquentado em alguma atividade comercial ou em investimentos acionários.
Bandidos nunca perdem onde o crime compensa e dá lucro – como é o caso do Brasil. E, conforme era esperado, a onda de protestos recente já se transforma em uma marolinha de indignação represada. Os políticos, que se assustaram, já se acalmaram. O PT, que levou um tranco, já virou o jogo. Em São Paulo, seus integrantes lideram os protestos contra o Geraldo Alckmin.
E a Doutora Rose? Dizem que ela vai muito bem... E o Bem Amado dela, o popular Bebum de Rosemary, melhor ainda! Até porque, bilionário com problemas só se fala do Eike Batista... Nosotros, os cidadãos-eleitores-contribuintes pobretões, que dependemos de trabalhar muito para sobreviver neste País rico que é mantido artificialmente na miséria, só resta o elementar direito de ficar PTs da vida.
O Brasil é quase uma Perda Total... Ou PT, no jargão das seguradoras... Portanto, ficar PT da vida é um prêmio de consolação. A medalha de último colocado para um único competidor... Pior ainda é que, como vale a máxima do João Saldanha, “quem reclama já perdeu”... Ou ainda vai perder muito mais...
Jura que vai?
Rolava no sábado o boato de que Guido Mantega ia pedir para sair...

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

18 de agosto de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. 
 
 
 
A cada dia fica mais difícil acreditar no futuro do país por mais otimistas e patriotas que possamos ser. Denunciar as podridões do Executivo parece chover no molhado enquanto feita por cidadãos isoladamente; o dinheiro público anestesiou a oposição.
 
 Excluindo-se os analfabetos e o bolsa-família, todos nós sabemos que esse poder é exercido por incompetentes e corruptos. Estão totalmente desmoralizados e desacreditados perante a opinião pública, mas infelizmente continuam mandando porque detém a chave do cofre e compram onde e quando querem, corações e mentes, inclusive nos outros poderes da República.
 
 O nosso desmoralizado Legislativo, único no mundo democrático sem oposição, a cada semana apresenta uma pérola gerada no intestino de seus nobres, a última expelida é que a "ética é subjetiva".
 
O poder Judiciário também está contaminado. Uma de suas instâncias jurídicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acaba de repassar para uma empresa privada, o Serasa, informações pertencentes à cidadania e que deveria ser mantido sob custódia do Estado - isso em troca de benefícios e ainda publica tal excrescência no Diário Oficial da União.
 
Vale lembrar que essa mesmo tribunal é o responsável máximo pelas famigeradas urnas eletrônicas e de uma caríssima publicidade em horário nobre. Próximo às eleições, será acrescida à peça publicitária o seguinte aviso - "cumpra sua obrigação constitucional e vote de acordo com a sua consciência esclarecida, se o governo discordar, não se preocupe, ele mesmo fará a correção. Não interrompa sua atividade continue pastando".

18 de agosto de 2013
Humberto de Luna Freire Filho é Médico.
 
 
O que está acontecendo nos Tribunais Superiores, que já fizeram do relativismo e do corporativismo instrumentos políticos para garantir impunidades, exige que a sociedade promova uma intervenção no poder público, para exterminar o pensamento de que aos menos favorecidos que se execute a lei, e para os donos do poder político Covil de Bandidos e seus cúmplices, sejam oferecidos todos os caminhos sub-reptícios para garantir suas liberdades.
Não existe nenhuma lei no país que incentive a omissão diante da prática de um ilícito de alguém que se situa em uma posição de comando civil ou militar. Não importando a posição social que ocupe, todo cidadão que se associar à prática de crimes, sejam quais forem, precisa ser punido para que seu exemplo não seja seguido pelas gerações que estão se formando.
 
A crescente cumplicidade social com os atos criminosos dos corruptos que tomam conta do país, caracteriza uma postura de medo de exercer a cidadania para combater a desonestidade, tudo para não sofrer as consequências de ser ético e honesto, restando  aceitar a prática da omissão que incentiva sua disseminação pela sociedade, uma consequência direta da degeneração das relações públicas e privadas.
 
O princípio de não submissão à pratica do ilícito,  seja de quem for, deve ser estendido naturalmente às polícias civis, militares e federal.
 
Mesmo nas FFAA, se alguma patente superior a outra, comete um ato ilícito moral ou financeiro, está automaticamente desqualificado para continuar recebendo o respeito de seus comandados, e deverá ser denunciado e punido da forma necessária.
 
A obrigação das FFAA é proteger o Brasil conforme estabelecido na Constituição que define com clareza que o poder público não tem o direito de se afastar da prática de atos honestos, éticos ou morais que sirvam de exemplo para o auto controle das relações sociais.
 
Os comandantes militares cometeram um erro terrível ao permitir que um civil envolvido com a prostituição da política no país e com o corporativismo protetor do PT assumisse o Ministério da Defesa e, mais tarde, tivemos a surpresa de acompanhar a nomeação de um safado e genuíno terrorista ser convocando para a assessoria “técnica” desse mesmo Ministério, caracterizando o objetivo do mesmo: acelerar a perseguição e a humilhação das FFAA promovendo gradualmente sua substituição pelas milícias militares e paramilitares do PT.
 
Como o Brasil está praticamente cercado de países que estão sendo tomados pelo pensamento comunista, essa gente entende que não existe necessidade de proteger o Brasil de invasões externas, colocando as FFAA em uma posição de inutilidade na sua maior responsabilidade além de manter a ordem interna vinculada aos princípios democráticos formalizados pela Constituição, Lei Maior já totalmente desacreditada pelas sistemáticas agressões que tem sofrido durante os desgovernos civis.
 
É inaceitável, e este é um pensamento majoritário da sociedade, que as FFAA continuem se mantendo como subordinadas de um poder público Covil de Bandidos. Essa postura a coloca como cúmplice da incontrolável degeneração moral do país, papel esse incompatível com suas obrigações e responsabilidades.
 
Diante da tomada do poder por um Covil de Bandidos que promove uma ampla, geral e irrestrita degeneração das relações públicas e privadas, com a clara intenção de desorganizar a sociedade para implantar o comunismo, a sociedade não tem mais o direito de não assumir o poder com uma intervenção civil-militar em sete de setembro.
Como o poder maior ainda pertence às Forças Armadas, sua ausência nesta missão patriótica para tirar o país do controle do foro de SP, a colocará perante a história e a opinião pública mundial como principal responsável pelo levante comunista que se avizinha.
 
Faltam dezenove dias para a sociedade, ou se entregar de vez para o controle do Covil de , ou exigir uma intervenção imediata para permitir que nosso país recomece uma trajetória – perdida com a Fraude da Abertura Democrática – para uma verdadeira democracia com justiça social em padrões onde o mérito e o trabalho sejam os determinantes para o empreendedorismo individual e coletivo.
 
Que ninguém tenha medo dos vândalos contratados pelo petismo para impor o silêncio perante a degeneração moral do país. Temos que enfrenta-los.
 
Que as Forças Armadas cumpram sua missão junto com civis dignos, honestos e patriotas e assumam o poder para aniquilar todos os filhotes das serpentes do comunismo que estão infiltradas em todas as instituições públicas do país.
 
Em 7 de setembro vamos gritar uma nova independência para o Brasil ou, então, teremos que aceitar sermos por mais algumas décadas cidadãos de um Paraíso de Patifes controlado por um Covil de Bandidos.
 
18 de agosto de 2013
Geraldo Almendra é Economista.
“2014” em Seu Habitat Natural e esperando a chegada do PT

 Todo mundo conhece a expressão “mato sem cachorro”. Seria ridículo explicar algo que é senso comum em todo Brasil – a dificuldade de encontrar-se numa situação (perdido no mato) sem o mínimo de recursos (cachorro capaz de encontrar uma trilha) necessários, não é?

Pois bem, meus amigos, durante décadas, nós os médicos brasileiros estivemos trabalhando num mato sem cachorro. Serviços de emergência sem triagem alguma, falta de exames de laboratório, falta de RX, falta de outros colegas capazes de resolver uma situação de vida ou morte e por aí vai..Parece que agora a situação está se invertendo,não é?

É o governo federal com o seu maldito “Mais Médicos” que está passando pelo constrangimento de oferecer algo como verdade à população e não poder cumprir. Sabemos que não conseguiram, e jamais vão conseguir, o número de médicos necessários, não é? Agora a situação se inverteu!

Quantas portarias do Ministério da saúde vocês desrespeitaram, petralhas? Quantos pronto-atendimentos abriram pelo país afora sem garantir um mínimo de condições de trabalho? Quantos pacientes morreram por falta de exames adequados capazes de identificar uma emergência? Quantas crianças perdemos porque foram atendidas por “clínicos gerais” sem a mínima capacidade, hein? Respondam agora!

Jamais nenhum de vocês pensou a sério numa carreira de estado pra nós. Nenhum de vocês admitiu um piso salarial para os médicos brasileiros, nem uma lei que impedisse essas barbaridades cometidas por feiticeiros e enfermeiras petistas por todo o país! O que queriam em troca? Uma população satisfeita?

Agora disseram que levariam quinze mil médicos ao interior do Brasil e fizeram isso fingindo que não sabem que os  hospitais estão destruídos. Muitos não tem água, nem gerador de energia próprios. O “corpo clínico” que atua no SUS é virtual; são colegas que, assim que podem, abandonam esse trabalho infernal que destrói com os nervos de qualquer um e onde o contrato é feito às vezes até por telefone ... Tudo isso vocês sabem, “cumpanheiros”, mas mesmo assim não desistem, não é? Querem levar a briga adiante... Então está bem... Vamos lá...

Digam quantos hospitais públicos fecharam no Brasil nestes últimos dez anos! Apresentem à população aquilo que diz a lei sobre as condições básicas de funcionamento de um serviço de emergência. Expliquem para as pessoas, os recursos mínimos que deve ter um médico hoje para fazer um simples diagnóstico de pneumonia sem passar por charlatão! Isso vocês não querem, não é? Segue sendo mais fácil colocar a culpa nos médicos!

Até quando, “cumpanheiros”, vocês vão insistir com essa história? Que força vocês esperam obter do apoio de recalcados que não conseguiram ser médicos e de prefeitinhos que ainda não alcançaram posto maior nessa imundície que é a política no Brasil? Vocês tem alguma dúvida de que a verdade está com os médicos, com os pacientes e com todos os demais profissionais da saúde de bom senso (a maioria) que vocês não conseguiram “arrebanhar”?

Pobre Brasil perdido no meio desse tiroteio..pobre dos médicos, das enfermeiras de verdade, e acima de tudo dos coitados dos doentes... Sigo tendo muita pena de todos, mas aquela que tenho de desgraçados como vocês ainda é maior... Vocês estão num mato sem cachorro – agora há um tigre solto lá dentro. O bicho não tem nome; só número – é  o famoso 2014.

Porto Alegre, 17 de agosto de 2013 AVC (antes da vinda dos cubanos).

18 de agosto de 2013 Milton Simon Pires é Médico.


Contrariando os conceitos de representação de valores em relação a uma centena, criado pelos gregos, nossa presidenta se lança candidata ao Prêmio Nobel de Ciências Econômicas, em uma frase, reduzindo os portugueses a 80% de um ser humano.
 O PT assumiu o governo federal há dez anos, propondo-se inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento centrado no mercado interno; em vez disso, criou uma bolha de consumo que já não se sustenta. Prometeu aprofundar a democracia e resgatar os valores republicanos; em vez disso, atolou o Estado no fisiologismo, fortaleceu as oligarquias e desmoralizou a política. São aspectos gêmeos de um ciclo que está perto do fim, deixando o Brasil em vôo cego.
Começo pela economia. Com o esgotamento do velho desenvolvimentismo, no início da década de 1980, acentuou-se o debate sobre a necessidade de buscarmos alternativas estratégicas para o país. Duas áreas apareciam como candidatas à posição de locomotiva de um novo modelo econômico: as exportações, pois o Brasil não desenvolvera uma indústria dotada de “espírito animal” para disputar o mercado mundial, e o mercado interno, historicamente atrofiado pela má distribuição da renda nacional. Não eram posições excludentes, é claro, mas havia entre elas uma diferença de ênfase. Ambas estavam presentes no jovem PT, onde eu militava. O segundo caminho me parecia mais ajustado à nossa meta de compatibilizar crescimento econômico e justiça social.
A prolongada crise inflacionária, que durou até a primeira metade da década de 1990, e o experimento neoliberal, que se seguiu, adiaram esse passo por vinte anos. Instalado em 2002, o governo do PT, depositário da memória desse debate, representou a chance de finalmente romper o impasse, ajudado pelo fato de que logo se instalou uma conjuntura internacional excepcionalmente favorável ao Brasil: nos anos seguintes, a disparada dos preços dos produtos que exportamos abriu espaço para um incremento veloz do mercado interno sem que isso gerasse grandes pressões sobre as contas externas, nosso gargalo tradicional.
A conjuntura permaneceu favorável mesmo depois da crise financeira de 2008: a China continuou a crescer, demandando grande quantidade de produtos brasileiros, enquanto os Estados Unidos irrigavam o mundo com dinheiro barato. Continuamos a contar com um comércio exterior em ascensão e financiamento externo abundante.
O governo Lula aproveitou a maré e deu alguns passos na boa direção: manteve a política de aumentos reais para o salário mínimo, iniciada cerca de dez anos antes; expandiu os programas de transferência de renda, agora agrupados no Bolsa-Família; patrocinou maior formalização no mercado de trabalho, o que ajudou a garantir um aumento na renda média dos assalariados; expandiu o crédito.
 
* * *
Essa combinação, tornada possível pela ausência momentânea de restrições externas, criou uma sensação de bem-estar e obteve grande êxito político. O PT considerou que havia lançado as bases do novo ciclo de desenvolvimento que tinha sido objeto de tanto debate entre nós. Mantive-me em posição crítica: os instrumentos usados pelo governo eram, no geral, positivos, mas insuficientes. Deveriam ser apenas o “motor de arranque”. Se outras questões não fossem enfrentadas, viveríamos uma frustração. Acumulavam-se, pelo menos, cinco elementos regressivos:
(a) as políticas governamentais privilegiavam, de longe, a disseminação de bens de consumo individual, como eletrodomésticos e automóveis, praticamente ignorando os equipamentos de uso coletivo que são essenciais para a qualidade de vida da população, especialmente nas grandes cidades: saneamento, transporte de massas, educação, saúde, segurança.
(b) o câmbio desalinhado e outros fatores produziam sinais de uma desindustrialização precoce, desassociada do crescimento da renda per capita.
(c) a inserção internacional do Brasil regredia, com a reprimarização da pauta de exportações.
(d) a geração de empregos permanecia concentrada em atividades de baixa qualificação e baixa remuneração, com dificuldades tanto no lado da oferta, pela má qualidade do sistema educacional, quanto da demanda, pois os novos postos de trabalho se concentravam no setor de serviços não ligado à produção (balconistas, moto-boys, vigilantes) e na construção civil.
Em pleno século XXI, a população brasileira se deslocava para setores de baixa produtividade, incapazes de garantir um mercado de trabalho dinâmico, em quantidade e qualidade, condição essencial para uma elevação consistente dos rendimentos do trabalho.
(e) a infraestrutura econômica foi abandonada, com acúmulo de problemas na malha rodoviária (entregue aos políticos do PR), descalabro no setor elétrico (entregue ao PMDB de José Sarney), desgoverno na área de combustíveis líquidos e assim por diante.
Essas cinco grandes áreas reatualizavam desafios históricos que o Brasil havia superado, ou estava em condições de fazê-lo, e sinalizavam problemas à frente. Mas não adiantava propor o debate: assim como Collor, na expressão de Chico de Oliveira, foi a “falsificação da ira”, Lula, onipresente e falante, encarnava a falsificação do otimismo.
Os que permaneceram fiéis ao pensamento crítico e a uma ideia de nação eram sempre colocados sob a suspeita de agir movidos por rancor ou defender interesses inconfessáveis. Não havia motivos reais para a crítica. Os adesistas, mesmo que de última hora, entraram na moda.
* * *
Os problemas negligenciados nos dez últimos anos têm algo em comum: são difíceis, exigem capacidade técnica e planejamento sério, plurianual. São de longa maturação. Por isso, tendem a ser postergados por um arranjo político que só enxerga o curtíssimo prazo, movido no compasso do calendário eleitoral bianual. Hoje, 2014 é o limite. Depois será a vez de pensar em 2016. Questões como educação e infraestrutura não cabem nesse horizonte de tempo.
Ao optarem pelos caminhos mais fáceis, os governos do PT, em vez de abrirem um ciclo longo de desenvolvimento para o país, como desejávamos, aproveitaram a bonança internacional para criar uma bolha de consumo que está chegando ao fim, pois doravante não contaremos mais com o bônus que o mundo nos deu nos últimos anos.
A China desacelera seu crescimento e diversifica seus fornecedores, enquanto os Estados Unidos anunciam o fim da política monetária frouxa que nos trazia dinheiro barato. Nosso saldo comercial, construído com produtos primários, desaba, enquanto o déficit em serviços e rendas continua em expansão, como um dos subprodutos da gigantesca desnacionalização da economia.
Com o desequilíbrio externo, o Banco Central reinicia um novo ciclo de alta nos juros, o que conspira contra o crescimento, já medíocre, e agrava o quadro fiscal. Haverá, inevitavelmente, ajustes para baixo na renda e no emprego, num contexto em que o endividamento das famílias se tornou muito alto.
A única resposta do governo, até aqui, são ações pontuais para sustentar a demanda, ações inócuas, pois a indústria brasileira perdeu a capacidade de capturá-la. Ela, simplesmente, vaza para o exterior, sob a forma de aumento nas importações. A desindustrialização prossegue, a tal ponto que a participação da indústria na economia brasileira voltou aos níveis da década de 1940.
* * *
Libertados da histriônica cacofonia de Lula, fomos aos poucos descobrindo que a qualidade de vida dos brasileiros continua muito ruim. A “nova classe média”, inventada pelos marqueteiros, não tem saneamento, transporte, educação, saúde e segurança. E o Estado está completamente desaparelhado para fazer frente a tais demandas coletivas, pois se tornou incapaz de conduzir projetos minimamente complexos e que exigem esforço continuado. Muita coisa se anuncia, pouca coisa começa, e o que começa não anda. A disseminação do fisiologismo levou ao colapso a capacidade técnica e gerencial do setor público, onde imperam a improvisação, o marketing e a corrupção. Dilma Rousseff discursa, promete e tira fotos, mas nitidamente não comanda governo nenhum. Ano a ano, um abismo separa as medidas divulgadas e os resultados consolidados.
Coadjuvantes no mesmo espetáculo burlesco, o Executivo não executa e o Legislativo não legisla. Um cartel de políticos, donos de partidos desfibrados, em vez de governar a nação, governa a si mesmo. O cidadão sabe que está fora do jogo. Qualquer reforma política que não quebre a espinha desse cartel será um engodo, uma infindável e inútil discussão sobre regras, quando a nação pede, em primeiro lugar, que se definam objetivos e fins verdadeiros.
Minha crítica a essa forma de fazer política nada tem de udenismo. É uma crítica política: governos assim constituídos, incapazes de cuidar das grandes questões, não conseguem oferecer um rumo à nação. A governabilidade de curto prazo, garantida pelo loteamento do Estado, constrói-se à custa de uma crescente ingovernabilidade no longo prazo, pelo acúmulo de problemas não enfrentados. As manifestações de junho parecem indicar que o longo prazo chegou.
O lulismo não legou ao Brasil nenhuma iniciativa estruturante, nem no domínio da economia física nem no do aperfeiçoamento das instituições republicanas. Compará-lo com o getulismo, como o próprio Lula gosta de fazer, é um disparate.
Falando de cabeça, Getúlio Vargas encontrou o Brasil na condição de uma fazenda de café, comandada pelos velhos “coronéis”, com eleições feitas a bico de pena, e nos legou quase todas as instituições que criaram o Brasil moderno: Petrobras, Vale do Rio Doce, BNDE (hoje BNDES), Álcalis, Companhia Siderúrgica Nacional, Fábrica Nacional de Motores, IBGE, Furnas (embrião da Eletrobras), DASP – além do voto feminino e secreto, dos direitos do trabalho, do salário mínimo, do código de águas, do conceito de serviço público…
Tudo isso com uma espantosa mobilidade social ascendente – da qual o próprio Lula se beneficiou, quando jovem –, que foi uma das marcas do período desenvolvimentista. Mobilidade sólida e vigorosa, pois associada, antes de tudo, à modernização do sistema produtivo, à ampliação das oportunidades de trabalho e à expansão da escola pública. Que diferença em relação aos tempos de hoje! Chega de boçalidades. O Brasil, definitivamente, não começou em 2002.
Lula, de certa forma, foi o anti-Getúlio, reforçando os coronéis que manejam o Bolsa-Família e quase nos transformando em uma gigantesca fazenda de soja. Se o lulismo não se reciclar profundamente – não creio que isso possa acontecer –, terá sido uma experiência efêmera e pouco importante na história do Brasil. Afinal, o que restará dele, quando a bolha de consumo estourar?
 
18 de agosto de 2013
César Benjamin é Economista e editor da editora Contraponto. Publicado na Revista Piauí, edição nº 83, agosto 2013.

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