"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de agosto de 2013

COISA TÍPICA DO BRASIL, ASSIM COMO AS JABUTICABAS...

Milagre no TCU: 24 meses depois de ter festejado o 65º aniversário, o ministro vai comemorar a chegada aos 65 anos


Carreiro, aos 65 anos, em março de 2013, e aos 63 anos, em julho de 2013


Para aparentar algumas horas a menos, o bando de pais-da-pátria baseados em Brasília recorre a incontáveis aplicações de botox e muitos tonéis de tintura preto-graúna. Para ficar 24 meses mais novo, o maranhense Raimundo Carreiro, ministro do Tribunal de Contas da União, precisou apenas de uma certidão de batismo da Paróquia de São Domingos do Azeitão. O documento informou que o mais ilustre filho do lugar nasceu não em 6 de setembro de 1946, mas em 6 de setembro de 1948.

Avalizada pelo juiz da comarca de São Raimundo das Mangabeiras, onde Carreiro foi criado e se elegeu vereador, a papelada rejuvenescedora fundamentou a ação encaminhada ao Tribunal de Justiça do Maranhão para oficializar a cirurgia no calendário gregoriano. Em junho passado, a decisão favorável permitiu ao requerente protagonizar um genuíno milagre brasileiro: daqui a quatro semanas, dois anos depois de ter comemorado o 65º aniversário, Raimundo Carreiro vai festejar de novo a chegada aos 65.

Até 2008, quando se aposentou do cargo de secretário-geral da Mesa do Senado, emprego que ganhou do padrinho José Sarney, ele parecia satisfeito com a idade que dizia ter. Engano, garantiu em entrevista ao Estadão. “Não alterei a data antes por falta de tempo e dinheiro”, alegou. Conseguiu o que faltava só depois de presenteado ─ por Sarney, naturalmente ─ com a vaga no TCU. Neste começo de agosto, tanto a direção do Senado quanto a presidência do tribunal comunicaram à nação que o caso se encerrou com a argumentação apresentada por Carreiro.

São argumentos  menos convincentes que previsões de Guido Mantega. Até os gramados da Praça dos Três Poderes sabem que no Congresso e no TCU há mais dias de descanso do que de trabalho. E, se faltava dinheiro quando recebia os R$ 44 mil brutos pagos mensalmente ao secretário-geral do Senado, o que fez para bancar a nova certidão com o salário de R$ 26,6 mil que recebe um ministro?

A elucidação do claro enigma, portanto, nada tem a ver com muito trabalho e pouca renda.: o  afilhado de Sarney decidiu remoçar  para adiar a aposentadoria compulsória prevista para 2016 e, beneficiado pelo critério de antiguidade, presidir o TCU no biênio 2017/18.

A perspectiva é pouco animadora. Se faz o que fez com as contas que medem a própria vida, é bom nem pensar no que o ministro é capaz de fazer com as outras. Oremos.

18 de agosto de 2013
Veja

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