De acordo com os últimos dados do Banco Central, o PIB brasileiro pode ter crescido 2,8% em novembro de 2017, frente ao mesmo mês de 2016. Todos os principais setores da economia encontram-se em expansão.
A produção da indústria, no mesmo mês, ficou 2,4% acima do registrado no ano anterior. O segmento de bens de capital (máquinas para a produção) teve alta próxima a 12,3% em igual período -e os insumos da construção civil, setor mais atingido pela recessão, já atingem ritmo positivo.
É no emprego e no consumo, todavia, que se verificam as surpresas mais expressivas. A queda acentuada da inflação permitiu que a renda real das famílias crescesse 2,6% na média de três meses até novembro, em relação ao mesmo intervalo de 2016.
Tal dinâmica facilitou a estabilização do mercado de trabalho. O desemprego começou a cair até antes do que analistas previam. Depois de ter chegado a um recorde de 13,7%, a desocupação terminou 2017 próxima a 12%, percentual elevado mas com vetor declinante.
A pesquisa domiciliar do IBGE apurou criação de 1,8 milhão de novos postos de trabalho no ano passado, até novembro. Apesar de a quase totalidade das vagas ser informal, é um indicador positivo.
O cenário para os próximos meses afigura-se favorável. Com juros baixos e dinâmica favorável na economia internacional, o país pode crescer perto de 3% neste 2018, sem temor inflacionário.
O risco é a complacência. Alguns políticos parecem perder o senso de urgência do ajuste das finanças ao fazer leitura equivocada da calmaria que se seguiu ao último rebaixamento da nota de crédito do país -e ao observar o bom comportamento do dólar e dos juros, apesar do adiamento da votação da reforma da Previdência.
É uma visão perigosa. A volta do crescimento ajuda a arrecadação e dá fôlego de curto prazo ao governo, mas a situação estrutural continua dramática. O ajuste fiscal ainda é uma miragem que precisa se transformar em realidade.
O perigo não passou. Se a melhora da economia for usada como desculpa para afrouxar as contas e voltar ao populismo, ela será curta. Não é hora de relaxamento.
23 de janeiro de 2018
Editorial Folha de SP
A produção da indústria, no mesmo mês, ficou 2,4% acima do registrado no ano anterior. O segmento de bens de capital (máquinas para a produção) teve alta próxima a 12,3% em igual período -e os insumos da construção civil, setor mais atingido pela recessão, já atingem ritmo positivo.
É no emprego e no consumo, todavia, que se verificam as surpresas mais expressivas. A queda acentuada da inflação permitiu que a renda real das famílias crescesse 2,6% na média de três meses até novembro, em relação ao mesmo intervalo de 2016.
Tal dinâmica facilitou a estabilização do mercado de trabalho. O desemprego começou a cair até antes do que analistas previam. Depois de ter chegado a um recorde de 13,7%, a desocupação terminou 2017 próxima a 12%, percentual elevado mas com vetor declinante.
A pesquisa domiciliar do IBGE apurou criação de 1,8 milhão de novos postos de trabalho no ano passado, até novembro. Apesar de a quase totalidade das vagas ser informal, é um indicador positivo.
O cenário para os próximos meses afigura-se favorável. Com juros baixos e dinâmica favorável na economia internacional, o país pode crescer perto de 3% neste 2018, sem temor inflacionário.
O risco é a complacência. Alguns políticos parecem perder o senso de urgência do ajuste das finanças ao fazer leitura equivocada da calmaria que se seguiu ao último rebaixamento da nota de crédito do país -e ao observar o bom comportamento do dólar e dos juros, apesar do adiamento da votação da reforma da Previdência.
É uma visão perigosa. A volta do crescimento ajuda a arrecadação e dá fôlego de curto prazo ao governo, mas a situação estrutural continua dramática. O ajuste fiscal ainda é uma miragem que precisa se transformar em realidade.
O perigo não passou. Se a melhora da economia for usada como desculpa para afrouxar as contas e voltar ao populismo, ela será curta. Não é hora de relaxamento.
23 de janeiro de 2018
Editorial Folha de SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário