Na segunda-feira (dia 8), o tucano José Serra gravou depoimento para um documentário que contará a história da União Nacional dos Estudantes. Após a filmagem, ele tirou uma foto abraçado à atual presidente da entidade, que é filiada ao PC do B. A equipe do senador postou a imagem no Facebook com uma legenda amistosa. Em poucos minutos, a página foi tomada por uma torrente de mensagens enfezadas.
“Que decepção, senador Serra. Este seu ex-eleitor se sente apunhalado”, esbravejou um seguidor, cujo comentário recebeu mais de 2.000 curtidas. “Se ainda restar qualquer resquício de vergonha na sua cara, se retrate”, cobrou outro indignado.
“COMUNISTA” – “Receber militantes de extrema-esquerda que defendem a ditadura de Maduro?”, irritou-se mais um leitor. “Provando que sempre foi comunista”, sentenciou a líder de um movimento pró-impeachment que hoje flerta com o deputado Jair Bolsonaro.
Horas depois, a revolta chegou ao outro lado do espectro ideológico. Simpatizantes da presidente da UNE, Carina Vitral, passaram a repreendê-la por ter conversado com Serra. O tucano ocupava o cargo dela quando os militares deram o golpe de 1964.
A grita foi tamanha que a estudante precisou se explicar nas redes. Ela argumentou que o tucano teve papel importante na história do movimento estudantil. “Em tempos de valorização dos extremos, sei que é difícil para alguns entenderem que esse diálogo possa ocorrer”, escreveu.
MAIS ATAQUES – Mesmo assim, os ataques continuaram. “Não pactuo ideais com quem abraça inimigos golpistas”, protestou um seguidor. “Deu nojo!”, exclamou outra leitora, que acrescentou a foto de um bonequinho vomitando.
O linchamento virtual é mais um retrato da intolerância que bloqueia o debate político nas redes. Na terça (dia 9), Serra e Carina ainda pareciam atônitos com a agressividade despertada pela foto. “Essa patrulha já virou uma aberração”, me disse a jovem militante. “É muito palavrão. Isso não existia…”, lamentou Serra.
12 de maio de 2017
Bernardo Mello Franco
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