"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

SINAIS DE DESEQUILIBRIO

É inegável que integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal vêm cometendo alguns excessos na Operação Lava-Jato, especialmente no que se refere à espetacularização de certas ações. 
Também não se pode ignorar a inoportunidade da manifestação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em fala que precedeu a Operação Omertá, responsável pela prisão do ex-ministro Antonio Palocci. 
Até mesmo a necessidade dessa prisão pode ser questionada, como estão fazendo os advogados de defesa do acusado, sob o pretexto de que ele poderia dar explicações com uma simples intimação.

Tudo isso faz parte do debate democrático. Mas daí a atribuir à Operação Lava-Jato a pecha de perseguição política ou tentativa de interferir no processo eleitoral vai uma grande distância. Basta lembrar que essa investigação começou no governo do PT, com total chancela e até elogios da ex-presidente Dilma Rousseff e de seus ministros, que reivindicavam o mérito de não interferir no trabalho da Polícia Federal. Será que agora, com a mudança de governo, a PF e o Ministério Público teriam perdido a independência?

Nada indica isso. A quantidade de petistas investigados e presos realmente passa uma impressão de desequilíbrio no espectro partidário e ideológico, mas é preciso lembrar que políticos importantes de outros partidos, inclusive da base de apoio do atual governo, também estão citados por envolvimento na corrupção. 
O que cabe é cobrar do Supremo Tribunal Federal, mais do que da polícia ou do Ministério Público, a continuidade das investigações sobre os detentores de foro privilegiado.

E também é importante que os cidadãos interessados na moralização da política e na busca de Justiça não se deixem enganar pelo discurso capcioso de suspeitos que se valem das falhas da Lava-Jato para tentar inviabilizar a investigação.


29 de setembro de 2016
Editorial Zero Hora

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