"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de setembro de 2016

DINHEIRO DOS APOSENTADOS PAGOU ATÉ VIDEOGAME DO FILHO DE PAULO BERNARDO


Depoimento do advogado revela que o videogame foi um presente


Presentes, em geral caros, entraram para o folclore político dos mais rumorosos casos de corrupção no País. No mensalão, atraiu os holofotes o episódio da doação de um Land Rover ao então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, por um executivo da empresa GDK, em troca de facilitação para o empresário no governo. No Petrolão, chamou a atenção um relógio rolex que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator da Operação Lava Jato, recebeu como regalo de políticos do PP, por tê-los ajudado a encher os bolsos.

Documentos obtidos por IstoÉ trazem à baila um novo caso digno desse rol: recursos desviados de servidores públicos da ativa e aposentados foram usados para comprar até um videogame da marca Nintendo para o filho do ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), e da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A documentação está em posse do Ministério Público Federal e faz parte da Operação Custo Brasil, braço da Lava Jato que revelou desvios em contratos de crédito consignado do Ministério do Planejamento, geridos pela empresa Consist.

O ADVOGADO – Um percentual desse faturamento do crédito consignado ia para o escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, que defendia o ex-ministro e tinha uma relação próxima com ele. Ficavam em uma contabilidade secreta batizada de Fundo Consist. Segundo as investigações, dinheiro desse fundo servia para pagar despesas pessoais de Paulo Bernardo e de Gleisi.

Os detalhes foram revelados por uma nova testemunha ouvida pelos investigadores, o advogado Sacha Reck, ex-sócio de Guilherme. Assustado com as notícias de irregularidades no escritório, Reck não sabia da existência do fundo secreto e resolveu fazer uma devassa na contabilidade da empresa. Repassou as informações para o Ministério Público Federal e explicou tudo em um depoimento prestado em 16 de julho.

Segundo Reck, a ordem para comprar o videogame foi dada por Guilherme a um funcionário do escritório, Luiz Bender. “Foi adquirido um videogame Nintendo com dinheiro do Fundo Consist”, disse no depoimento. E completou: “Guilherme Gonçalves dissera a Bender [que] com ele iria presentear o filho de Paulo Bernardo”.

HOUVE REGISTRO – Uma planilha dos gastos, em posse dos investigadores, registra em 21 de novembro de 2011 o seguinte objeto: “Nintendo 3DS (Consist)”, com valor de R$ 800. Trata-se de um videogame portátil da marca Nintendo lançado naquele ano.

A advogada de Paulo Bernardo, Verônica Sterman, afirmou que ele “não conhece o senhor Sacha e não sabe o que ele declarou”. Por isso, “não comentará informações vazadas ilegalmente”. A defesa de Gleisi disse que “desconhece o conteúdo desse depoimento e ressalta que a senadora jamais recebeu qualquer vantagem indevida do sr. Guilherme Gonçalves”.

Procurado, Guilherme Gonçalves afirmou por meio de seus advogados que não ficou comprovado que o escritório pagou despesas pessoais do casal petista. “O escritório do Guilherme pagava sim os valores (custas e multas) para seus clientes, mas na sequência haveria um repasse e compensação por meio do contrato com o partido”, disse o advogado Rodrigo Rios.

“DESAFETO” – Ele também atacou Sacha Reck: afirmou que ele se tornou “desafeto declarado” após romper a sociedade com Guilherme em 2013. Disse ainda que o ex-sócio teve problemas “pela sua atuação ilícita no transporte público junto a diversas prefeituras”.

Reck é investigado no Paraná sob suspeita de participar de fraudes em licitações de transporte público. Chegou a ser preso preventivamente e foi solto dias depois por um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça. Sua defesa argumentou à Justiça que os serviços prestados na área do transporte público foram legítimos.



11 de sete4mbro de 2016
Aguirre Talento
IstoÉ




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