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Em um email enviado na manhã desta quinta-feira, 1º, para o mais alto escalão de entidades como a ONU, Unicef, Organização Mundial da Saúde, Organização Mundial do Comércio, Organização Internacional do Trabalho e dezenas de outras, o governo de Cuba alertou em inglês e espanhol que a cassação de Dilma foi um “ato de desacato à vontade soberana do povo”, assumindo assim uma campanha internacional contra o governo de Michel Temer.
O texto denuncia “energicamente o golpe de Estado parlamentário-judicial” contra Dilma Rousseff. O comunicado alerta aos diversos organismos sobre a mudança de política externa que ocorrerá no Brasil e a aproximação do Itamaraty aos “grandes centros do poder”.
### DECLARAÇÃO DO GOVERNO REVOLUCIONÁRIO CUBANO
O Governo Revolucionário da República de Cuba rechaça energicamente o golpe de Estado parlamentar-judicial que foi consumado contra a presidenta Dilma Rousseff.
O afastamento da presidenta do governo, sem que fosse apresentada evidência nenhuma de delitos de corrupção nem crime de responsabilidade, e com ela do Partido dos Trabalhadores (PT) e outras forças políticas de esquerda aliadas, constitui um ato de desacato à vontade soberana do povo que a elegeu.
Durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ganhou impulso um modelo econômico-social que permitiu ao Brasil dar um pulo em seu crescimento produtivo, com inclusão social, a defesa de seus recursos naturais, a geração de emprego, o combate à pobreza, a saída da miséria de mais de 35 milhões de brasileiros, que viviam em condições desumanas e a elevação da receita de outros 40 milhões, ampliação das oportunidades na educação e a saúde do povo, incluídos setores até então marginalizados.
Neste período, Brasil foi um ativo impulsor da integração latino-americana e caribenha. A derrota do Acordo de Livre Comércio para as Américas (ALCA), a convocatória à Cúpula da América Latina e o Caribe sobre a Integração e Desenvolvimento (CALC) que levou à posterior criação da Celac e a constituição de Unasul, são acontecimentos transcendentais na história mais recente da região, que demonstram o destaque desse país.
Igualmente, sua projeção focalizada nas nações do Terceiro Mundo, especialmente da África; sua ativa liderança no grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul) e seu desempenho no âmbito da Organização das Nações Unidas, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e Organização Mundial do Comércio, entre outras, constituem um reconhecimento à sua liderança internacional.
Merece elogio, também, a trajetória brasileira sob os governos do PT, em temas cruciais da situação internacional em defesa da paz, o desenvolvimento, o meio ambiente e os programas contra a fome.
São amplamente conhecidos os esforços de Lula e Dilma por reformar o sistema político e ordenar o financiamento dos partidos e suas campanhas, bem como no apoio às investigações que foram abertas contra a corrupção e à independência das instituições responsáveis por elas.
As forças que agora detêm o poder anunciaram medidas privativas em relação às reservas petrolíferas nas águas profundas e cortes nos programas sociais. Igualmente, enunciam uma política exterior que privilegia as relações com os grandes centros de poder internacionais. Não poucos daqueles que julgam a presidenta estão sob investigação por atos de corrupção.
O acontecido no Brasil é mais uma expressão da ofensiva do imperialismo e a oligarquia contra os governos revolucionários e progressistas da América Latina e o Caribe, que ameaça a paz e a estabilidade das nações, na contramão do espírito e a letra da Proclamação da América Latina e o Caribe como Zona de Paz, assinada na 2ª Cúpula da Celac, em janeiro de 2014, em Havana, pelos Chefes de Estado e de Governo da região.
Cuba ratifica sua solidariedade com a presidenta Dilma e o companheiro Lula, com o Partido dos Trabalhadores e expressa sua confiança em que o povo brasileiro defenderá as conquistas sociais conseguidas e se oporá com determinação às políticas neoliberais que lhe tentem impor e ao despojo dos seus recursos naturais.
### NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Aguarda-se agora a resposta de um trator diplomático chamado José Serra. (C.N.)
01 de setembro de 2016
Ricardo Froes
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