PRISÃO DE PAULO BERNARDO IMPACTA NO IMPEACHMENT, DIZ SENADORA
A senadora Simone Tebet (PMDB-MS), considerada um dos destaques da comissão especial do impeachment, acredita que a prisão no ex-ministro Paulo Bernardo “impacta no processo” contra a presidente afastada Dilma Rousseff. Segundo ela, os desdobramentos da Operação Lava Jato, aliados com o alto índice de rejeição da petista, reforçam a necessidade de aprovação definitiva do impeachment.
Em entrevista ao Diário do Poder, ele criticou, no entanto, a técnica petista de polarizar a discussão, criando uma disputa entre Dilma Rousseff versus o presidente interino Michel Temer. “Independente do sucesso ou não do governo interino, o povo deu uma demonstração de que não quer mais o governo que estava”, avalia.
Advogada e professora, Simone Tebet é filha do ex-presidente do Senado Ramez Tebet, morto em 2006, e de tradicional família árabe-brasileira de Três Lagoas, cidade onde foi prefeita por dois mandatos. Foi deputada estadual e vice-governadora de Mato Grosso do Sul.
Qual é a sua avaliação do governo Michel Temer?
Diante da excepcionalidade de ser um governo interino, ele está se mostrando extremamente firme e entende que a questão maior é econômica. O sucesso do governo e, consequentemente, do país passa pela crise econômica. Para isso, ele escolheu os melhores quadros disponíveis para compor a equipe econômica.
O governo não ficou devendo no campo político?
Fui a primeira a criticar a ausência de mulher no ministério. Contudo, compreendendo que o Temer vem do Legislativo. Um governo que está na interinidade, neste momento, não governa sem o Congresso. Ele precisou, no presidencialismo de coalizão, aceitar os nomes (indicados pelos partidos). Diferente do governo passado, que teve ministros investigados, denunciados, gravados e delatados e nada fez, no governo Temer, assim que surgiram os fatos, (os ministros) foram automaticamente exonerados. De acordo com a regra adotada pelo presidente, qualquer gravação, denúncia, transformação em réu, significa demissão do Executivo.
A Lava Jato não complica o governo Michel Temer?
Pelo contrário. A Lava Jato está ajudando o Michel Temer, fazendo um bom serviço, talvez o maior dos últimos 50 anos. A operação está ajudando o governo porque, muitas vezes, se via impedido, por questões de governabilidade, de ter o dream teampolítico e econômico. O presidente Temer está satisfeito com esse lado positivo da Operação Lava Jato.
Mas o PT está acusando o governo Michel Temer de abafar a Lava Jato...
Isso só pode ser desespero. Dos Três Poderes, o único que veio de concursos, de pessoas especializadas e com compromisso com o juramento que fizeram para exercer suas atribuições com lisura, é o Judiciário. Dos Poderes independentes e autônomos, o Judiciário é o único que não mistura a sua atribuição à atribuição política. Acusá-lo de tentar acabar com a Lava Jato é dizer que o presidente Michel Temer tem ascensão sobre Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, sobre o fórum de São Paulo ou sobre o fórum de Curitiba. É dar um super-poder ao Temer, que nem o ex-presidente Lula, nos áureos tempos dele, tinha sobre o Poder Judiciário.
A Operação Lava Jato tem pode de moralizar o País?
A Operação Lava Jato é o primeiro passo, mas quem vai mudar o país é quem detém o poder do voto. O grande legado da operação, além de tirar do poder um grupo que estava utilizando de fontes ilícitas para aparelhar o poder estatal, é mostrar que não existe impunidade no Brasil. Seja rico ou seja pobre, tenha poder ou não, estamos todos sujeitos à lei e às penas legais. Este é o primeiro passo.
Como virá a mudança definitiva?
A mudança definitiva terá que vir das urnas. O eleitor vai ter que, tomando o cuidado de não criminalizar a atividade política ou todos os políticos no Brasil, saber separar o joio do trigo, começando por essas eleições (municipais de 2016). A eleição vai ser um demonstrativo positivo ou negativo do quanto a Operação Lava Jato, o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público já conseguiram interferir no aspecto positivo no processo eleitoral.
A prisão do ex-ministro Paulo Bernardo sepulta as chances de a presidente Dilma Rousseff retornar ao cargo?
É claro que o desdobramento da Operação Lava Jato, como a operação que prendeu o ex-ministro, impacta no processo de impeachment. No entanto, eu gostaria de ressaltar que não tem um embate entre Dilma Rousseff e Michel Temer, como muitos querem polarizar. Na realidade, independente do sucesso ou não do governo interino, o povo deu uma demonstração de que não quer mais o governo que estava. Queremos que ela continue fora do processo independente da continuidade ou não do governo Temer vai ficar. O que acontecer daqui para frente, se o Senado não entendeu isso, então não entendeu o recado das ruas.
26 de junho de 2016
diário do poder
SENADORA SIMONE TEBET. FOTO: JEFFERSON RUDUY/AGÊNCIA SENADO |
A senadora Simone Tebet (PMDB-MS), considerada um dos destaques da comissão especial do impeachment, acredita que a prisão no ex-ministro Paulo Bernardo “impacta no processo” contra a presidente afastada Dilma Rousseff. Segundo ela, os desdobramentos da Operação Lava Jato, aliados com o alto índice de rejeição da petista, reforçam a necessidade de aprovação definitiva do impeachment.
Em entrevista ao Diário do Poder, ele criticou, no entanto, a técnica petista de polarizar a discussão, criando uma disputa entre Dilma Rousseff versus o presidente interino Michel Temer. “Independente do sucesso ou não do governo interino, o povo deu uma demonstração de que não quer mais o governo que estava”, avalia.
Advogada e professora, Simone Tebet é filha do ex-presidente do Senado Ramez Tebet, morto em 2006, e de tradicional família árabe-brasileira de Três Lagoas, cidade onde foi prefeita por dois mandatos. Foi deputada estadual e vice-governadora de Mato Grosso do Sul.
Qual é a sua avaliação do governo Michel Temer?
Diante da excepcionalidade de ser um governo interino, ele está se mostrando extremamente firme e entende que a questão maior é econômica. O sucesso do governo e, consequentemente, do país passa pela crise econômica. Para isso, ele escolheu os melhores quadros disponíveis para compor a equipe econômica.
O governo não ficou devendo no campo político?
Fui a primeira a criticar a ausência de mulher no ministério. Contudo, compreendendo que o Temer vem do Legislativo. Um governo que está na interinidade, neste momento, não governa sem o Congresso. Ele precisou, no presidencialismo de coalizão, aceitar os nomes (indicados pelos partidos). Diferente do governo passado, que teve ministros investigados, denunciados, gravados e delatados e nada fez, no governo Temer, assim que surgiram os fatos, (os ministros) foram automaticamente exonerados. De acordo com a regra adotada pelo presidente, qualquer gravação, denúncia, transformação em réu, significa demissão do Executivo.
A Lava Jato não complica o governo Michel Temer?
Pelo contrário. A Lava Jato está ajudando o Michel Temer, fazendo um bom serviço, talvez o maior dos últimos 50 anos. A operação está ajudando o governo porque, muitas vezes, se via impedido, por questões de governabilidade, de ter o dream teampolítico e econômico. O presidente Temer está satisfeito com esse lado positivo da Operação Lava Jato.
Mas o PT está acusando o governo Michel Temer de abafar a Lava Jato...
Isso só pode ser desespero. Dos Três Poderes, o único que veio de concursos, de pessoas especializadas e com compromisso com o juramento que fizeram para exercer suas atribuições com lisura, é o Judiciário. Dos Poderes independentes e autônomos, o Judiciário é o único que não mistura a sua atribuição à atribuição política. Acusá-lo de tentar acabar com a Lava Jato é dizer que o presidente Michel Temer tem ascensão sobre Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, sobre o fórum de São Paulo ou sobre o fórum de Curitiba. É dar um super-poder ao Temer, que nem o ex-presidente Lula, nos áureos tempos dele, tinha sobre o Poder Judiciário.
A Operação Lava Jato tem pode de moralizar o País?
A Operação Lava Jato é o primeiro passo, mas quem vai mudar o país é quem detém o poder do voto. O grande legado da operação, além de tirar do poder um grupo que estava utilizando de fontes ilícitas para aparelhar o poder estatal, é mostrar que não existe impunidade no Brasil. Seja rico ou seja pobre, tenha poder ou não, estamos todos sujeitos à lei e às penas legais. Este é o primeiro passo.
Como virá a mudança definitiva?
A mudança definitiva terá que vir das urnas. O eleitor vai ter que, tomando o cuidado de não criminalizar a atividade política ou todos os políticos no Brasil, saber separar o joio do trigo, começando por essas eleições (municipais de 2016). A eleição vai ser um demonstrativo positivo ou negativo do quanto a Operação Lava Jato, o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público já conseguiram interferir no aspecto positivo no processo eleitoral.
A prisão do ex-ministro Paulo Bernardo sepulta as chances de a presidente Dilma Rousseff retornar ao cargo?
É claro que o desdobramento da Operação Lava Jato, como a operação que prendeu o ex-ministro, impacta no processo de impeachment. No entanto, eu gostaria de ressaltar que não tem um embate entre Dilma Rousseff e Michel Temer, como muitos querem polarizar. Na realidade, independente do sucesso ou não do governo interino, o povo deu uma demonstração de que não quer mais o governo que estava. Queremos que ela continue fora do processo independente da continuidade ou não do governo Temer vai ficar. O que acontecer daqui para frente, se o Senado não entendeu isso, então não entendeu o recado das ruas.
26 de junho de 2016
diário do poder
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