CARTA ABERTA A EDUARDO CUNHA
Excelentíssimo Deputado Eduardo Cunha, você tem a chance única de se transformar no "Herói da Revolução Brasileira". Para as gerações futuras, que vão olhar a História pelo retrovisor, você pode se tornar um "Símbolo do Combate à Corrupção". Você não tem o direito de perder a oportunidade de deixar de ser aquele "Malvado Favorito", passando a ser reconhecido como o "Colaborador Predileto". Conte tudo que sabe, Cunha!
No Brasil, talvez só exista um homem que saiba mais que você, caro Cunha. O nome dele é Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele não tem vontade e nem mais condições de falar a verdade. Só você, Eduardo Cunha, tem bala na agulha para ser o mais importante delator da Lava Jato - a não ser que prefira terminar seus dias como um mero presidiário de luxo. É altíssimo o risco que, neste infortúnio, você seja obrigado à tortura psicológica de ver sua esposa e filha na mesma situação vexatória.
Eduardo Cunha, não seria útil ao Brasil que você incorra no mesmo erro de José Dirceu de Oliveira e Silva - talvez o terceiro homem que mais saiba demais em Bruzundanga. O ilustríssimo condenado no Mensalão, que também acabou apanhado na Lava jato, preferiu ficar com o título de Presidiário, em vez se ser rotulado pelos seguidores de "Traidor da Petelândia". Aparentemente, até agora, Dirceu aguenta o tranco sozinho, sem cogitar de abrir o bico. Nem todos reagem da mesma forma após longo período de concentração e hospedagem no cárcere. Marcos Valério quer falar... João Vaccari Neto também ameaça contar tudo, aderindo à delação premiada...
Eduardo Cunha, você precisa decidir depressa se prefere tomar no MPU ou se é mais lucrativo e conveniente escancarar sua canastrinha de informações sobre todos os bandidos da política. Talvez fosse bom você refletir seriamente que, até outro dia, na condução do processo de impeachment da Dilma, na poderosa cadeira de Presidente da Câmara, a maioria do "centrão" o acompanhava com fidelidade de fazer inveja a um líder religioso (que aliás, você é). No entanto, depois que o Supremo Tribunal Federal o afastou temporariamente, quase todos lhe viraram as costas. Você nunca esteve tão isolado quando agora. Isolamento, em política, costuma ser fatal...
Por isso, Eduardo Cunha, você tem de chutar o balde... Por enquanto, a estratégia de sua defesa ofensiva tem servido para causar terror aos inimigos e aos falsos amigos de até outro dia. A venda de remédios para dor de barriga teve um salto quântico em Brasília e adjacências, quando seus advogados pediram ao STF a quebra de seu próprio sigilo telefônico, junto com o do senador Edison Lobão (outro importante colega de PMDB, daquela seleta listinha dos que sabem demais sobre tudo e todos). Imagina o efeito benéfico de todos saberem o que conversaram com Cunha, nos tempos em que ele era o Todo Poderoso da Câmara? Sai de baixo...
Cunha, você está em uma sinuca de bico. Especula-se que o juiz Sérgio Moro pode decretar, a qualquer momento, a prisão de sua amada Cláudia Cruz - que no passado ficou famosa como apresentadora de jornais locais e até do Fantástico da Rede Globo, mas agora está publicamente conhecida como a esposa gastadeira do Cunha... Você também corre perigo de prisão... A decisão de fisgá-lo ou não é do ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no STF. O perigo é concreto, real, objetivo e, pior ainda para você, imediato...
Cunha, você conseguiu reunir brilhantes advogados que podem lhe ajudar na complexa missão da "colaboração premiada". Até outro dia, despontava no seu time de defensores o ilustre Antônio Fernando de Souza (ex-Procurador-Geral da República), Francisco Rezek (ex-ministro do STF, que produziu pareceres) e Pierpaolo Cruz Bottini (famoso criminalista), sem falar no Gustavo do Vale Rocha, que o Presidento interino Michel Temer nomeou para subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Você, Cunha, é tão esperto que ainda conta com a ajuda de um grande jurista, amigo secreto, que não revela a ninguém quem é...
Ultimamente, você tem outros excelentes advogados que tem posto a cara para bater: Pedro Ivo Velloso, Ticiano Figueiredo, Alvaro da Silva e Célio Júnio Rabelo. O objetivo imediato deles é evitar sua prisão e, se não der certo, ao menos gerar uma forte polêmica jurídica sobre o ato. Os defensores pregam que, de acordo com artigo 53 da Constituição, parlamentares só podem ser presos em flagrante de crime inafiançável. Lembram que, além disso, em até 24 horas, é preciso mandar a decisão para a Câmara avalizá-la.
Seus advogados, caríssimo Cunha, também lançam ataques duríssimos contra o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, aquele que vem despontando como potencial candidato à Presidência da República, em 2018 ou se algo de estranho acontecer antes no Brasil da "judicialização da politicagem". Seus defensores têm reclamado que Janot tenta passar por cima da Constituição e do Código Penal para forçar sua prisão: "A interpretação proposta pelo Ministério Público, em verdade, revela o grande problema de nossos tempos de pós-positivismo: o intérprete crê que tudo pode. Supera a literalidade e a inteligência do texto constitucional para decidir como bem quer".
Enfim, Eduardo Cunha, sua hora está chegando. Não se sabe se antes ou depois de outros, como o também poderoso Renan Calheiros, presidente do Senado aparentemente mais enrolado que você na Lava Jato e outros processos menos votados. O fato é que você precisa decidir depressa. Vai aceitar a prisão sem atirar para todo lado? Ou vai detonar todos os ex-aliados que agora são seus traidores favoritos?
Para o bem do Brasil, seria melhor que você solte o verbo, promovendo o Apocalipse da politicagem. Se você fizer isso, missionário Cunha, as futuras gerações vão lembrar de você como um herói. Se nada fizer, talvez nem apareça nos livros negros de memória penitenciária. Pense nisso, e faça a coisa certa, Eduardo Cunha. Aperte o botão dos canalhas!
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Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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