Mais do que divididos entre Aécio Neves e Geraldo Alckmin, evidência que ninguém contesta, os tucanos saíram da convenção nacional de ontem sob um racha ainda mais profundo.
No caso, a respeito de que propostas deverão adotar na hipótese de o governo Dilma naufragar dentro de semanas ou meses.
Em cada uma das três opções haveria uma solução diferente para o preenchimento do poder: ou o segundo colocado nas eleições de outubro, Aécio Neves, assume o poder, ou Michel Temer vai para a presidência da República, ou novas eleições se realizarão de imediato.
Por certo que a primeira possibilidade melhor satisfaria o PSDB, ainda que pareça a mais remota, pois se a Justiça Eleitoral vier a inclinar-se por ela, anulando a vitória da chapa Dilma-Temer, um terremoto político atingirá escala raras vezes verificada na crosta terrestre. Como o eleitor aceitaria de forma pacífica a ascensão do derrotado?
A segunda, com a rejeição das contas da presidente, pelo TCU, precisaria passar pelo Congresso. Contaria com o apoio integral do PMDB, restando saber se o PSDB admitiria integrar um governo de união nacional liderado por Temer e pelo PMDB.
Por último, novas eleições, que a Constituição admite para a primeira metade dos mandatos presidenciais. Contaria o Alto Tucanato com munição suficiente para ir à guerra então aberta contra todos os partidos e grupos? E se o PT apresentasse o Lula? Aécio ou quem sabe Alckmin se disporiam a enfrentar um exército de companheiros indignados e unidos?
NEOLIBERAL DE SEMPRE?
São três vertentes que não desaguaram em mar algum, ontem, mas que dividem o PSDB, vale repetir, se a presidente Dilma vier a ser defenestrada. Mas tem mais problemas detectados nas camadas subterrâneas da convenção deste domingo. Para onde deve ir o partido, se voltar ao palácio do Planalto? Mergulhar no passado do modelo neoliberal de Fernando Henrique, que fracassou com a primeira eleição do Lula? Foi o que o sociólogo pregou, em artigo significativamente divulgado quando a convenção se inaugurava: preservação do fator previdenciário, corte de gastos em especial sociais, retorno à prevalência total das agências reguladoras, fim das políticas nacionalistas e de pressões corporativas, intervenção nos negócios de nossos vizinhos. Não precisou referir-se às privatizações nem à abertura da economia ao capital internacional, implícitas e de resto já praticadas pelo governo Dilma.
UMA IMENSA GRÉCIA
Existe, porém, uma ala dos tucanos infensa a transmitir para o futuro um videotape de fórmulas ultrapassadas. Ouviram-se no auditório comentários a respeito do risco que o país corre de transformar-se numa imensa Grécia. Novos roteiros tornam-se imprescindíveis a um programa alternativo moderno. Claro que para o caso de desaparecer o governo Dilma, coisa que parte do PSDB começa a temer, com perdão de o verbo ser apresentado sem o “T” maiúsculo.
06 de julho de 2015
Carlos Chagas
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