"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

NERVOS À FLOR DA PELE

Preocupada, Dilma convoca reunião de emergência para discutir com aliados clima de impeachment

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Nesta segunda-feira (6), a presidente Dilma Vana Rousseff convocou uma reunião de emergência, marcada para as 18 horas, no Palácio do Alvorada, com presidentes dos partidos aliados e líderes da base no Congresso para tratar dos movimentos pelo impeachment da petista que ganharam força na oposição com a piora da crise que acomete o governo.

De acordo com um aliado, a presidente quer acalmar a base e pedir que os parlamentares a defendam no Congresso “diante desse clima de impeachment”.

Auxiliares aconselharam Dilma a conversar com os aliados antes de viajar para a reunião da cúpula dos Brics, na Rússia, para onde ela deve embarcar na terça-feira (7). Em seguida, a presidente terá compromissos diplomáticos na Itália. Seu retorno está previsto somente para o próximo fim de semana.

Uma das principais queixas da base, assim como do próprio PT, é a incapacidade da presidente em relação ao diálogo. A última vez que Dilma reuniu o conselho político foi em maio, quando pediu que, em meio ao ajuste fiscal, os parlamentares aliados não apresentassem projetos que aumentassem gastos aos cofres públicos.

No domingo, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, reagiu aos movimentos pelo afastamento da presidente que ganharam força na oposição com o aprofundamento da crise enfrentada pelo governo. Para ele, falar em cassação da presidente “despudor democrático”.

“É de um profundo despudor democrático e de um incontido revanchismo eleitoral falar em impeachment da presidente como têm falado alguns parlamentares da oposição”, ressaltou Cardozo. Der acordo com o ministro, “o desejo de golpe sob o manto da aparente legalidade é algo reprovável do ponto de vista jurídico e ético”.

A reação do ministro da Justiça acontece diante da piora da crise que enfrenta o segundo mandato de Dilma. Nos bastidores, as principais forças políticas do País discutem o que fazer caso a petista seja afastada do cargo.

Ainda de acordo com José Eduardo Cardozo, para alimentar a tese de que a presidente pode cair antes do fim do ano, parlamentares de partidos oposicionistas fazem uso “de uma delação premiada que sequer foi tornada pública [de Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC]” e “de um processo ainda em curso no TCU (Tribunal de Contas da União)”.

Artigo publicado na edição de domingo do jornal “Folha de S. Paulo”, assinado pelo líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), afirma que, caso as contas do governo sejam rejeitadas no TCU em razão das chamadas “pedaladas fiscais”, “não haverá outro caminho que não seja um processo de cassação do mandato de Dilma a ser conduzido no Congresso”.

Também no domingo, durante convenção nacional do PSDB, os tucanos previram o fim precoce do governo Dilma Rousseff. Os principais líderes da sigla que o partido está pronto para “ir até o fim” e assumir o comando do País.

Apesar de temer ser acusado de golpista, o PSDB optou por postura agressiva para não repetir o que avalia ser um erro do passado. Em meio ao escândalo do Mensalão do PT, em 2005, a sigla resistiu à pressão para encampar o pedido de impeachment do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. À época, os tucanos empunharam a bandeira da governabilidade, acreditando ser possível derrotar Lula nas urnas, em 2006.

O senador Aécio Neves (MG), reeleito para o comando nacional da legenda, afirmou que o PSDB terá “coragem para fazer o que tem que ser feito” e que deve se preparar porque, “em breve”, deixará de ser oposição para “ser governo”.

“[O PSDB] não pode temer o futuro. (…) Hoje somos a oposição a favor do Brasil. Mas se preparem. Dentro de muito pouco tempo, não seremos mais a oposição, vamos ser governo. O PSDB é o futuro”, discursou.

Sem citar Dilma nominalmente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que o petismo está “no fundo do poço”. “Ficou claro que o PT não gosta de pobre, não gosta do social. O PT gosta é de poder, a qualquer custo”, ressaltou o paulista.

Ele falou em “tragédia” política e disse que Lula tenta jogar “nos ombros do povo” seus próprios erros. “Mas olha, Lula, o povo brasileiro não é bobo. Criaram a doença e agora estão querendo matar o doente”.

Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a tese de que os tucanos estarão, “a depender das circunstâncias, prontos para assumir o que vier pela frente”. Segundo FHC, o País perdeu o rumo. “O PT quebrou o Brasil”, alertou. “Seja qual for o caminho pelo qual tenhamos que passar, o PSDB e seus aliados terão um norte”, concluiu Fernando Henrique.
Apesar do tom, os tucanos insistiam em dizer que qualquer desfecho se daria “dentro da lei”. “Não cabe ao PSDB antecipar a saída de presidente da República. Não somos golpistas”, afirmou Aécio. Minutos mais tarde, ele disse ter o “sentimento” de que a adversária não fica no poder até 2018.

“O que eu vejo é que alguns partidos que hoje apoiam o governo têm esse sentimento, até mais aflorado do que o nosso, de que ela terá dificuldades para concluir o seu mandato”, finalizou o tucano. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

06 de julho de 2015
ucho.info

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