"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

MAIS DO QUE UM CÂNCER: UMA METÁSTASE

O procurador da República, Dalton Dallagnol, em recente palestra num seminário teológico, disse, entre outras coisas, que a "corrupção mata mais do que homicídios, pois quem rouba milhões, mata milhões". E, em outro momento da palestra, disse que "a corrupção é um câncer. A Lava-Jato trata um tumor. Mas o nosso problema é que o sistema é cancerígeno".

Nada mais correto. Esse câncer é alimentado por absurda falta de quimioterapia de parte dos Poderes públicos. E essa falta de ação estimula os corruptos, pois gera a impunidade, essa, a grande alimentadora dessas células doentes.

O Executivo sabe que seus cargos públicos são ambicionados por políticos que os querem não para servirem, mas para se servirem, para assaltar os cofres públicos, seja para alimentar o caixa do partido, robustecer a sua capacidade de compra de votos e, é claro – "farinha pouca, meu pirão primeiro"- , adquirir bens pessoais. O Executivo sabe disso- também são políticos -, mas continua a nomeá-los, em nome de uma coalizão que só coaliza na corrupção. Nem nesta atual e difícil conjuntura fiscal reduz o número de ministérios, corta cartões corporativos e dispensa companheiros em cargos de comissão, ou seja, não concursados.

O Executivo alimenta o câncer!

O Legislativo, que vota as leis, não tem, como farol, o País, mas os seus votos, para a continuidade no poder. Por isso, o populismo das leis frágeis, da tolerância, da bondade, como as progressões de penas, os foros privilegiados, os agravos, embargos, procrastinações, etc, tudo fazendo com que a impunidade surja e estimula novas malfeitorias. Em nenhum momento pensam no País, nem que vão também afundar se ele soçobrar, como no caso do vergonhoso reajuste dos funcionários do Judiciário - que alcança mais de 70%, logo para os já mais bens pagos entre os funcionários de todos os Poderes-, aprovado pelo Senado por maioria absoluta, inclusive de senadores da Oposição!

Enquanto japoneses se curvam ou se suicidam, Renan e Cunha dizem que vão continuar!

O Legislativo estimula o câncer!

O Judiciário, por sua vez, é muito aplicado no trato de suas vantagens e benesses, mas não tem a mesma agilidade para punir os corruptos. Com os maiores vencimentos de todos os servidores do Estado, querem sempre mais, inventando novos adicionais, vergonhosos penduricalhos, sempre fora do teto constitucional, e retroativos às calendas. Nas penas, são econômicos, piedosos, lembram-se das cadeias vergonhosas, mas não dos familiares e dos que sofreram nas mãos de assassinos, estupradores e corruptores de todas as laias.

O Judiciário alimenta o câncer!

O procurador foi na ulcerosa ferida: a Lava-Jato trata apenas de um tumor, de um sistema totalmente tomado pelo câncer. Mas, não é apenas a corrupção das grandes obras, das empreiteiras, do balcão do Legislativo, da soberba e anemia do Judiciário; é a do dia a dia, do desrespeito ao consumidor, de ofertas que não se consumam...

São as horas passadas ao telefone para se cancelar um simples serviço, que redundou, anteontem, em acesso de ira de um cliente aos destruir a vidraça de uma loja de Telefônica. É só consultar a seção de Defesa do Consumidor do jornal de hoje: "dificuldades para cancelar celular", "carro amassado no supermercado", "site não cumpre promoção", "filmes alugados de má qualidade", "bateria de notebook", "seguro embutido no financiamento", "cirurgia de obesidade negada".......

Este país está doente há muito tempo, está se acostumando a essa endemia, que piorou muito com os governos petistas, pois, em nome do poder, alimentaram a corrupção, e não têm a dignidade de reconhecer isso. Pelo contrário, à base de mentiras e hipocrisias ("a crise é internacional", "é a Lava-Jato"... ) se agarram a ele, para desgraça de todos. Como estão perdendo em todos os argumentos, agora dizem que "tiramos milhões da miséria...", quando todos estão voltando a ela, pela inflação, taxas de juros e desemprego crescentes, causados pela incompetência e irresponsabilidade de governos levianos e populistas! É o espelho da Grécia!

Considerações à parte, o Brasil tem dois monumentos vivos, concretos, que atestam essa endemia: Paulo Maluf, procurado pela Interpol, e Del Nero, presidente da CBF. Um escolhido pelo povo, que não vota pelo País, mas pela paixão ou vende o seu voto; outro, por seus pares, as federações de futebol, de presidentes com mandatos eternos, "sacrificados" pelos salários, mordomias e cartões corporativos.

Ambos cancerosos, mas não podem se tratar fora do Brasil, pois serão presos. Aqui estão livres, ao abrigo das leis frágeis e da falta de vontade da Justiça. E o povo nem se incomoda com isso, a vida continua, serelepe... Há sempre alguém que os acolha, prestigie e vote neles.... Vide o Ronaldinho Gaúcho.....

O povo brasileiro tem imensa parcela de culpa nessa atual situação do Brasil, pois os escolhe, e não tem a devida capacidade de indignação.

E só os membros, ainda não contaminados, dos Poderes constituídos, como o procurador – e muitos outros -, e a sociedade decente e patriota organizada é que têm o poder de curar esse câncer.

Se não, no fim do túnel chegaremos... à Grécia!!!!

“No Brasil, o verbo furtar se conjuga em todos os tempos, em todos os modos e em todas as pessoas” (Padre Antonio Vieira)

31 de julho de 2015
Luiz Sergio Silveira Costa

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