BRASÍLIA - Na campanha, a presidente Dilma Rousseff dizia que as críticas à política econômica eram coisa de Pessimildo. Agora que os fatos deram razão a seus ex-adversários, ela tenta ressurgir como a Otimilda do Alvorada.
No longo discurso aos governadores, Dilma tentou indicar uma luz no fim do túnel que especialistas e eleitores não conseguem ver. A caminho do maior tombo do PIB desde a era Collor, repetiu a ladainha de que a economia brasileira é "bem mais sólida" do que "alguns anos atrás".
A presidente sugeriu que o fim da era de vacas magras está logo ali: basta dobrar a esquina. "Eu não nego as dificuldades, mas eu afirmo que nós todos aqui, e o governo federal em particular, tem [sic] condições de superar essas dificuldades de enfrentar os desafios e, num prazo bem mais curto do que alguns pensam, voltar a ter, assistir à retomada do crescimento da economia brasileira", prometeu, em dilmês castiço.
O otimismo presidencial não parece combinar com a realidade. Nesta quinta, ficamos sabendo que o governo acumulou um deficit fiscal inédito de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre. Pouco depois, divulgou-se um novo corte de R$ 1 bilhão na Educação. Alguém imagina crescer tirando verba de escolas e universidades?
Todo governante tenta vender esperança em tempos de crise. No caso de Dilma, a falta de carisma dificulta a tarefa. Sem empatia, ela evitava encarar os governadores enquanto falava. No fim, o descompasso entre o texto lido e a imagem da TV sugeria que ela não acreditava muito nas próprias palavras. "Não nos falta energia e determinação para vencer esses problemas", disse, em tom monocórdio e olhando para baixo.
*
Os métodos de Eduardo Cunha estão mudando o significado da sigla CPI. Antes, as três letras eram sinônimo de Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, estão mais para Conluio de Proteção ao Investigado.
31 de julho de 2015
Bernardo Mello Franco
No longo discurso aos governadores, Dilma tentou indicar uma luz no fim do túnel que especialistas e eleitores não conseguem ver. A caminho do maior tombo do PIB desde a era Collor, repetiu a ladainha de que a economia brasileira é "bem mais sólida" do que "alguns anos atrás".
A presidente sugeriu que o fim da era de vacas magras está logo ali: basta dobrar a esquina. "Eu não nego as dificuldades, mas eu afirmo que nós todos aqui, e o governo federal em particular, tem [sic] condições de superar essas dificuldades de enfrentar os desafios e, num prazo bem mais curto do que alguns pensam, voltar a ter, assistir à retomada do crescimento da economia brasileira", prometeu, em dilmês castiço.
O otimismo presidencial não parece combinar com a realidade. Nesta quinta, ficamos sabendo que o governo acumulou um deficit fiscal inédito de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre. Pouco depois, divulgou-se um novo corte de R$ 1 bilhão na Educação. Alguém imagina crescer tirando verba de escolas e universidades?
Todo governante tenta vender esperança em tempos de crise. No caso de Dilma, a falta de carisma dificulta a tarefa. Sem empatia, ela evitava encarar os governadores enquanto falava. No fim, o descompasso entre o texto lido e a imagem da TV sugeria que ela não acreditava muito nas próprias palavras. "Não nos falta energia e determinação para vencer esses problemas", disse, em tom monocórdio e olhando para baixo.
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Os métodos de Eduardo Cunha estão mudando o significado da sigla CPI. Antes, as três letras eram sinônimo de Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, estão mais para Conluio de Proteção ao Investigado.
31 de julho de 2015
Bernardo Mello Franco
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