"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 21 de julho de 2015

CRÔNICA DE UMA IMPLOSÃO ANUNCIADA - ME DÁ LICENÇA, GABO?




Depois de mais de uma década de escândalos, desmandos e corrupção descarada, não acho conveniente afirmar que fomos atingidos por uma “onda” de ladroagem e roubalheira. 
É até difícil encontrar adjetivos para qualificar a situação que nos consome – este sim, um termo mais adequado – com a voracidade de uma doença letal. Os fatos pululam à nossa frente, diariamente, como que a nos esbofetear.

Pequenas batalhas travadas e vencidas aqui e ali, por paladinos como o juiz Sérgio Moro e a super PF, nos dão a esperança de que a justiça se faça algum dia. Infelizmente, como publicado pela revista VEJA da semana passada (edição n.º 2434), existem algumas “cascas de banana” no caminho do juiz Moro, no intuito de levar todo o inquérito para a gaveta.

É de dar medo; medo do que pode acontecer se depois de tanto trabalho, tantos podres revelados, tanta gente presa e tantos outros na lista, tudo dar em nada. O país que vem sendo inflado pela indignação diante de tantos descalabros, não vai suportar um final pífio, um “cala a boca” dado por um judiciário devidamente comprado. Será o fim.

Santiago Nasar (personagem de Gabriel Garcia Márquez) teve sua morte anunciada por toda a cidade, por um “crime” que não cometera. Morreu inocente. O que se anuncia como futuro para nós não se distancia tanto de uma “morte”, visto que o país está doente, na UTI, para usar um clichê. 
Se a LAVA-JATO for jogada no lixo, figurando em mais um escândalo de roubalheira que os brasileiros foram obrigados a engolir, o país vai implodir, que ninguém se iluda.

Embora os poderosos tenham visto e ouvido a força que o povo tem, parecem não realizar o que um final frustrante para a novela “Brasil contra a LAVA-JATO” pode acarretar. Pode não, acarretará.

21 de julho de 2015
Jussara Carvalho Rocha é Professora.

NOTA AO PÉ DO TEXTO

A crônica revela o temor, diria latente, na sociedade, de que nada aconteça ao fim e ao termo de tantas revelações assombrosas, que desvelam a máscara da suposta "elite" política e empresarial, que até então mandava e desmandava no país. 
Habituados que estamos às claudicantes ações da nossa Justiça, o temor é vero e assustador.
Afinal, David contra Golias, e ainda por cima com uma simples funda, pode realmente, pela imprecisão de acertar o gigante, quero dizer o tal Poder Judiciário, sabemos todos, pelas velhas experiências, que David, quero dizer, o juiz Sérgio Moro, ainda enfrentará insidiosas armadilhas.
Que o cansaço da sociedade civil com tanto escárnio e cinismo possa ser o escudo que proteja a integridade e determinação desse homem. 
Afinal, não estamos acostumados a ver tanta seriedade na condução de um processo. E que processo!
m.americo

Nenhum comentário:

Postar um comentário